Ícone da contracultura, Zé Celso considerava a cannabis “sagrada”, e morreu aos 86 anos, vítima de um incêndio em seu apartamento, em São Paulo
Esta quinta-feira (6) amanheceu triste para o público do teatro paulistano e brasileiro. Morreu, aos 86 anos, José Celso Martinez, o Zé Celso, diretor, ator, dramaturgo e encenador.
A causa da morte foi em decorrência de complicações de saúde causadas por um incêndio em seu apartamento. Segundo autoridades, o fogo foi iniciado por um acidente com um aquecedor, deixando queimaduras em 53% de seu corpo.
Desde terça-feira (3), Zé Celso estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas de São Paulo, no Paraíso, Zona Sul da capital paulista. Ele ficou sedado, entubado e com ventilação mecânica.
Além do dramaturgo, estavam no apartamento Marcelo Drummond, marido de Zé Celso, e os atores Ricardo Bittencourt e Victor Rosa, além do cachorro Nagô. Segundo apurou o G1, os três, incluindo Nagô, ficaram em observação por terem inalado muita fumaça.
Nascido em Araraquara, em 1937, o dramaturgo fez história com sua companhia de teatro Oficina Uzyna Uzona, uma das mais longevas companhias de teatro em atividade permanente do Brasil.
Lembrado por espetáculos como O Rei da Vela (1967) e Roda Viva (1968), com música de Chico Buarque, Zé Celso era considerado por boa parte de seus pares (diretores, atores, atrizes, até mesmo críticos) “o maior diretor de teatro brasileiro”, como aponta uma entrevista na revista Trip.
No entanto, ficou fora de cena desde meados da década de 70, quando se exilou em Portugal, após ser preso e torturado por agentes do regime militar. Voltou ao Brasil no final dos anos 1970 e durante os anos 1980 dedicou-se à pesquisa teatral. Retomou as atividades no início dos anos 1990.
Sempre questionador, o dramaturgo era visto como revolucionário por entusiastas, graças a seu posicionamento vanguardista sobre assuntos considerados tabus para a sociedade, como drogas, diversidade e libertação artística e sexual.
Em 2012, diante de um levantamento do Instituto Nacional de Política de Drogas e Álcool e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) apontando que cerca de 1,3 milhão de brasileiros são dependentes de maconha, Zé Celso redigiu um manifesto em prol do uso de cannabis, exaltando a planta como “sagrada” e reconhecendo seu uso terapêutico.
“Para mim é uma planta sagrada. Além do mais sou cardíaco, preciso de uma receita pois a maconha é vasodilatadora, como o vinho. Acho a maior falta de espírito científico esta pesquisa tratar desta preciosidade da botânica como uma questão de dependência quando ao contrário é uma substância libertadora de nossa “Consciência Positivista”, na realidade nosso Super Ego-Moral.”
O diretor também subvertia a lógica conservadora do proibicionismo, defendendo que a maconha o ajudava a “ficar lúcido”.
“Claro, o estado mais lúcido é o de transe… O momento de mais lucidez minha, de preparação, é queimar um baseado e tomar um banho. Aí vêm as melhores sacações. Só acordo depois que fumo um baseado e tomo guaraná em pó. Tum! Pluguei, tô no ar! Esta santa erva, que chamam de Santa Maria, ela faz isso muito rapidamente. Você pode fazer isso simplesmente respirando, meditando. Mas a maconha acelera a lucidez…”
O velório de José Celso Martinez Corrêa será no lugar onde fez sua história: O Teatro Oficina e deve seguir até o fim desta quinta-feira (6), segundo a Folha de S. Paulo.
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Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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