Desde que os produtos medicinais de cannabis foram regularizados, o Brasil tem assistido a um crescimento exponencial do mercado. E a tendência é crescer ainda mais
Diferente de vários países que passaram a regularizar a cannabis a partir de suplementos ou na forma recreativa, o Brasil decidiu começar através do uso medicinal há oito anos, quando a primeira resolução sobre importação foi aprovada.
Desde então, o número de pacientes só cresce. De acordo com o último relatório da Kaya Mind, só em 2023 cerca de 430 mil pessoas utilizaram a planta como tratamento.
São indivíduos que precisam passar por uma consulta para só então comprar o produto. E em caso de importação, ainda é necessário uma autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Mas isso parece não ter contido os pacientes. Para se ter uma ideia, desde que a importação foi aprovada em 2015, o número anual de pacientes que pediram autorização para trazer cannabis para o Brasil saltou de 850 para 219 mil em 2023.
De acordo com o CEO do marketplace de cannabis medicinal Cannect, Allan Paiotti, o número ainda está longe do potencial que as propriedades medicinais da cannabis podem alcançar.
Segundo um levantamento feito pela empresa, levando em consideração os dados do SUS (Sistema Único de Saúde) com as patologias que podem ser tratadas com a cannabis, o número de pacientes que podem se beneficiar dos produtos chega aos 130 milhões.
“Eu acho que esse é um mercado que vai chegar a ser bilionário nos próximos três a cinco anos. Essa é a velocidade de aceleração que veremos, quanto mais treinamos e educamos os médicos e falamos com o público, mais aderimos essa terapia de uma maneira estruturada”, ressalta.
Bilhão que pode vir ainda mais cedo. Ainda de acordo com a Kaya Mind, o mercado brasileiro de cannabis ultrapassou 7% do valor esperado para 2023 e a expectativa é que feche o ano com um rendimento de R$700 milhões.
Um crescimento de 92% em relação ao ano passado, quando os produtos à base de cannabis movimentaram R$364 milhões no Brasil. E a promessa para 2024 é nada menos que R$1 bi.
Parte desse aumento pode estar ligado à visibilidade cada vez maior do tema, seja nas redes sociais, nos negócios, na política e até na influência que vem de fora.
Como o crescimento de associações que defendem a causa. Foi por causa da pressão de pais e pessoas engajadas no tema que a Anvisa permitiu a importação de produtos, por exemplo.
Oito anos depois, as entidades de cannabis já representam mais de um terço dos milhares de pacientes que utilizam a planta como tratamento em todo o país.
Segundo Marilene Esperança, presidente da associação AbraRio, o aumento se dá pela procura dos próprios pacientes, que buscam alternativas terapêuticas para problemas que, muitas vezes, não são tratados de forma convencional.
“Além disso, o valor acessível e o atendimento social às pessoas que não têm condições de arcar com os custos são os diferenciais das associações de pacientes,” acrescenta.
Para o co-fundador da The Green Hub e do CEC (Centro de Excelência Canabinoide), Marcelo De Vita Grecco, um dos fatores para este aumento também pode ser consequência do crescimento de médicos capacitados para indicar a cannabis como tratamento.
“A partir do momento em que os profissionais entenderam a cannabis como um tratamento individual, uma medicina integrativa, mostraram que a cannabis é efetiva. E o resultado foi a adesão de mais pacientes”, disse.
Para o empresário, o aumento de produtos autorizados nas farmácias também pode ter sido outra alavanca para trazer mais segurança aos profissionais de saúde optarem por receitar a cannabis como terapia, além de suportes governamentais e a realização de pesquisas.
O aumento de pessoas engajadas no tema, como políticos, impulsionou projetos de lei, o que ainda elevou o status da cannabis no país.
Nos últimos dois anos, 12 estados brasileiros já sancionaram algum tipo de lei sobre o tema, seja para a pesquisa ou distribuição de cannabis via SUS (Sistema Único de Saúde). E outros 11 tramitam propostas semelhantes.
São projetos amplamente discutidos em plenário, inclusive com participação pública e repercutidos pelos portais de notícias.
A repercussão de judicialização e histórias de pessoas que foram impactadas pelo tratamento, também foram grandes passos para mudar a opinião pública.
O co-fundador da The Green Hub também complementa que, se tudo continuar caminhando de forma correta, com mais médicos capacitados e o público cada vez mais instruído sobre o tema, a cannabis pode ser ainda maior no Brasil.
O CEO da Cannect ainda acrescenta que o movimento brasileiro está caminhando de forma saudável. “O acompanhamento dos pacientes a longo prazo tem levado o mercado brasilero crescer um pouco mais saudável e de forma estruturada. Está virando uma referência mundial”, acrescenta.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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