Talvez você já deve ter ouvido falar que a cannabis pode ser de três tipos diferentes: Sativa, Indica e Ruderalis.
Mas você já ouviu falar das cepas? Ou strains? Além do tipo de planta, a cannabis também possui milhares de variações, que além da aparência e do cheiro, podem ter algumas modificações nos níveis de canabinoides e terpenos.
Vou te explicar melhor: O tipo da planta mais comum no Brasil é a sativa, certo? Dela vem subespécies bastante conhecidas, como o cânhamo e a famosa maconha.
Estas subespécies, por sua vez, também podem sofrer variações e serem diferentes umas das outras. Isso acontece de acordo com o lugar, a cultura e os cruzamentos genéticos.
A cannabis é usada há milênios, há registros da planta em 1.700 A.C. A suspeita é que ela tenha se originado na Ásia Central e se espalhado ao redor do mundo, sofrendo modificações.
As conquistas e explorações a levaram para lugares diferentes, onde a planta era cultivada para determinados fins.
As culturas, o clima e até mesmo a maneira em que as pessoas cultivavam a cannabis modificaram a planta criando as famosas cepas de raças e locais.
As famosas sativa, a indica e a ruderalis são espécies, que se diferem por suas formas e características.
Já as cepas indicam a linhagem da planta, efeitos específicos ou até aromas marcantes. Tanto que são vendidas de acordo com a preferência do consumidor.
Dependendo da planta, ela pode ter níveis de canabinoides e terpenos diferentes. As substâncias influenciam no gosto e nos efeitos que ela terá no organismo.
A cannabis possui centenas de canabinoides, no entanto, os mais conhecidos e presentes em maior abundância, são o Canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC).
O primeiro não possui os efeitos psicotrópicos da maconha, já o segundo, é o precursor das reações alucinógenas.
Embora existam milhares de cepas, é possível classificá-las como:
As cepas podem se modificar tanto, que a mesma variante pode ter efeitos diferentes, dependendo do agricultor.
Na Califórnia, por exemplo, uma das plantas para o uso adulto mais conhecida é a OG Kush, que pode ser encontrada em quase todos os dispensários. No entanto, a experiência de quem compra pode ser diferente, dependendo do fornecedor.
Estes cruzamentos e modificações genéticas são feitas pelos chamados Breeders, geneticistas que estudam as espécies a fim de cultivar uma planta com efeitos específicos.
Para ficar mais claro é preciso entender que há cannabis machos e fêmeas. Quando as fêmeas são polinizadas por plantas diferentes, é possível surgir uma nova cepa.
Isso acontece também com as plantas híbridas ou hermafroditas, que podem ser tanto machos quanto fêmeas.
Conhecendo as plantas, é possível manipular o aroma, sabor, efeito, potência e até a forma de cultivo.
Atualmente, em países que possuem o uso recreativo legalizado, como nos Estados Unidos, por exemplo, há até competições de Breeders, que disputam pela melhor cepa ou strains.
Os breeders levam a sério o processo de criação, pois muitas delas, além de serem premiadas, podem dar origens a novas outras. A maioria das criações são voltadas para o uso adulto.
Veja algumas cepas famosas:
Skunk. Essa variedade genética tem se destacado durante décadas, principalmente por causa do seu cheiro forte.
Ela também deu origem a de várias outras cepas encontradas hoje, e é considerada como um padrão de referência.
Outra variação que também chama atenção é a Jack Herer, que já foi campeã e de mais de 11 prêmios.
A sua principal característica é o nível elevado de THC, que pode chegar até a 20%. Também conhecida como Emperor of Hemp, o nome Jack Herer é em homenagem a um importante ativista pró-maconha dos Estados Unidos.
Outra chamada White Window também pode chegar a 20% de tetraidrocanabinol. Vencedora da Copa Cannabis de 2014, o nome vem da enorme quantidade de resina que cobre toda a planta durante a floração.
Uma produtora de sementes em Amsterdã surpreendeu todo mundo com uma cepa autoflorescente, no ano passado.
Não, ela não brilha no escuro, mas a sua peculiaridade está em não depender de luz para florescer.
No entanto, o que mais causou um alvoroço foi porque a denominada Cinderella Jack autoflorescente também tem a capacidade de produzir mais de 25% de THC. Os níveis mais altos de tetraidrocanabinol do mundo.
Genéticas que são mudadas a serviço da saúde também. Talvez você já tenha ouvido falar que a cannabis pode ser de grande ajuda como tratamento complementar para o câncer.
Contudo, o que a maioria das pessoas sabe é que a planta pode ser de grande ajuda no alívio dos sintomas da quimioterapia e das dores. No entanto, há também estudos que mostram que a planta pode ajudar a matar células cancerígenas.
Foi pensando nisso que o cientista Matt Dun, da Universidade de Newcastle, na Austrália, resolveu modificar uma cepa para que ela pudesse fazer este trabalho.
Batizada de Eve, a nova variante tinha alta concentração de canabidiol e uma quantidade mínima de THC na sua composição (menos de 1%).
O estudo que durou três anos testou a cepa em células leucêmicas. Ao mesmo tempo em que a cannabis destruiu as células ruins, ela preservou as boas.
Hoje, em países como os Estados Unidos e Canadá, os breeders também começaram a criar plantas voltadas para o tratamento da depressão.
Depois de entender os efeitos dos canabinoides no organismo e como eles podem influenciar as condições da mente, nada mais justo do que buscar plantas que oferecem os melhores resultados para a condição.
Para o tratamento antidepressivo, o ideal são plantas com baixo teor de THC e uma concentração maior de canabidiol.
Isso porque o CBD já é mais relaxante e tem efeitos ansiolíticos. Já o tetraidrocanabinol pode desencadear ainda mais ansiedade e depressão, por exemplo.
A genética de uma planta, mesmo quando se trata de uma cepa específica, pode mudar quando é cultivada em outro clima.
A cannabis chegou aqui pelos portugueses. Na época colonial, a indústria de cânhamo estava em ascensão.
A primeira grande produção no Brasil, por exemplo, nasceu no Maranhão. Isso criou uma cultura de plantio no país e mesmo depois da proibição, a planta continuou crescendo no solo brasileiro.
Com o passar dos anos, ela se modificou tanto pelo clima, quanto pela região. Isso fez com que aparecesse algumas cepas no nordeste, como a cepa rabo de raposa, cabra broca, manga rosa e a pernambucana.
E no Sul, a que chamam de planta paraguaia até hoje. Quando a planta passou a ser proibida no Brasil, ela começou a ser cultivada no país vizinho.
Apesar dos estigmas, as chamadas “cannabis brasileiras” ainda estão vivas em algumas culturas locais que são exploradas até hoje.
Várias comunidades indígenas, por exemplo, ainda cultivam a planta. No ano passado, aldeias do Maranhão utilizaram a cannabis para tratar a Covid-19. Um tratamento que segundo eles deu bastante certo.
No sul, o professor Francisney Nascimento, que dá aula de Medicina e Ciências na Universidade Federal da Integração Latino-Americana em Foz do Iguaçu (UNILA), só começou a fazer pesquisas sobre a cannabis para o tratamento de Alzheimer depois de perceber que remédios à base da planta eram comuns em uma pequena cidade do Paraná.
No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita.
Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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