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Associação reclama de concorrência desleal no mercado canábico



12/02/2025


A entidade enumera várias questões que desfavorecem o mercado canábico no Brasil e enviam 33 sugestões ao Ministério da Fazenda

Associação reclama de concorrência desleal no mercado canábico

Associação reclama de concorrência desleal no mercado canábico

A ABICANN (Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis) encaminhou ao Ministério da Fazenda 33 sugestões para corrigir barreiras regulatórias e fomentar a competitividade do mercado de cannabis.

Segundo a associação, a concorrência desleal e dispositivos normativos potencialmente prejudiciais ao mercado. Um dos principais desafios enfrentados pelo setor de Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial no Brasil na próxima década.

Dessa forma, a iniciativa ocorre em resposta ao Procedimento de Avaliação Regulatória e Concorrencial (PARC), instituído pela Instrução Normativa SRE/MF nº 12, de 17 de dezembro de 2024.

O mecanismo busca identificar regulações que impactam negativamente a livre concorrência em mercados no Brasil, promovendo revisões quando necessário e garantindo a participação de interessados nos impactos regulatórios (AIR).

Os impactos da Regulação atual no Brasil

A primeira análise é da equipe técnica e científica da ABICANN e foi baseada no relatório “Empreendedorismo: A Cannabis, Aliada à Ciência e à Tecnologia como Estratégia de Desenvolvimento do Brasil – 2024”.

O documento foi criado para dialogar com áreas técnicas de Secretarias e Ministérios, no Executivo, Legislativo e Judiciário, destaca que as RDCs 327/2019 e 660/2020 da Anvisa necessitam de melhorias ainda em 2025.

De acordo com a associação, elas criam entraves para o desenvolvimento do setor, impactando mercados, as pesquisas e o acesso dos pacientes aos tratamentos contínuos. “Muita gente é empurrada para a ilegalidade ou fica às margens, em muitos dos casos”, escreveram.

Por isso, entre os principais problemas regulatórios e concorrenciais identificados pela ABICANN, estão:

  • Proibição do cultivo nacional de Cannabis Medicinal ou Cânhamo Industrial, favorecendo importadores e mercado internacional, em detrimento do desenvolvimento de empresas nacionais;
  • Regime altamente restritivo para produtos nacionais, enquanto produtos importados têm condições mais favoráveis, efetuando baixa contribuição fiscal;
  • Barreira à produção nacional de medicamentos, resultando em custos elevados para pacientes e para o Sistema Único de Saúde (SUS), sob forte demanda;
  • Dependência da importação de insumos farmacêuticos, aumentando os custos e limitando a oferta de produtos à base de Cannabis;
  • Perda de competitividade do setor produtivo brasileiro, afastando investimentos internacionais e quem atua com inovação com a Cannabis sativa spp..

As propostas de melhoria da ABICANN

A associação propõem mudanças estruturais na visão governamental, para corrigir esses problemas e permitir que o Brasil aproveite o potencial econômico e social da Cannabis Medicinal, do Cânhamo Industrial e, principalmente, da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) à exportação.

Entre as principais medidas sugeridas estão:

  • Revisão da Lei nº 11.343/2006 para diferenciar Cânhamo Industrial de Cannabis Medicinal, permitindo sua produção no Brasil;
  • Revisão da RDC 327/2019 da ANVISA para permitir a produção de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) e estimular a agroindustrialização nacional;
  • Harmonização da RDC 660/2020 da ANVISA para equalizar a tributação entre produtos nacionais e importados à base de Cannabis;
  • Novo código NCM para produtos de Cannabis Medicinal e reclassificação do Cânhamo Industrial, garantindo maior clareza tributária;
  • Regulamentação do Uso Veterinário da Cannabis, permitindo a prescrição de medicamentos baseados em canabinóides para animais;
  • Regulamentação do Uso Ambiental do Cânhamo, incluindo sua aplicação na recuperação de solos degradados e biorremediação;
  • Regulamentação do P&D com Cannabis, incluindo a criação de um Sandbox Regulatório para cultivo experimental, para fins de pesquisa científica no Brasil.

Leia também: Abicann quer fortalecer a cannabis na América do Sul

A ABICANN reforça que o ecossistema do Brasil está atrasado em relação a países, tais como EUA, Canadá, Israel e Colômbia, que já possuem regulamentações avançadas para a produção, pesquisa e comercialização da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial.

“A falta de regulamentação impede a competitividade da indústria nacional e limita investimentos, enquanto o Brasil já importa mais de R$ 1 bilhão anualmente em produtos estrangeiros. Reforçamos que a ausência de regulamentação para o Cânhamo Industrial prejudica setores estratégicos, como farmacêutico, nutrição, bioplásticos, construção sustentável, têxteis e biocombustíveis, que poderiam gerar bilhões anuais à economia.”, escreveram.

Análise das sugestões

Até o dia 26 de fevereiro próximo, o Ministério da Fazenda continuará a receber as contribuições temáticas. Após o período, analisará as contribuições enviadas e divulgará as normas selecionadas para avaliação regulatória, dentro do prazo estabelecido pelo PARC.

A associação afirmou que continuará acompanhando o processo e dialogando com as autoridades. O seu objetivo é  “garantir avanços regulatórios ao setor, impactando pacientes, trabalhadores, empresas, investidores e organizações atuantes com ciência e conhecimento”.

E a associação empresarial reforça seu compromisso com um ambiente regulatório transparente, inovador e sustentável, visando o desenvolvimento da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial como vetores de crescimento econômico, social e ambiental para os brasileiros.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.