×
Notícias sobre Cannabis Medicinal e muito mais

Colunas

Afinal, quantas espécies de cannabis existem?



01/02/2025


Quando falamos em cannabis, quantas espécies que você acha que existem? Esse é um tema que tem sido discutido até agora

Afinal, quantas espécies de maconha existem

Afinal, quantas espécies de maconha existem

Se você respondeu três espécies – Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis

Você errou!

Se você respondeu duas espécies – Cannabis sativa e Cannabis indica 

Você errou!

Se você respondeu uma única espécie – Cannabis sativa L.

Você acertou!

É isso mesmo! 

O artigo publicado por Lapierre et al., em 2023, na revista Genome nos conta que, ao longo da história o gênero Cannabis foi descrito de três maneiras, de acordo com dados físicos, morfológicos, químicos e geográficos:

  • Cannabis sativa, por C. Linnaeus em 1753;
  • Cannabis indica, por J.B. Lamarck em 1785; e 
  • Cannabis ruderalis, por D.E. Janischewsky em 1924.

A taxonômica da Cannabis tem sido controversa há muito tempo, uma vez que várias classificações têm sido propostas, baseadas em características morfológicas, ambientais e químicas. Elas podem ser resumidas de acordo com três grandes teorias:

  • Em (A)–  todas as plantas do gênero Cannabis foram classificadas em uma única espécie, com três subespécies;
  • Em (B) – o gênero contém múltiplas espécies distintas, com muitos estudiosos debatendo se são duas ou três espécies. 
  • Em (C) – sugere a existência de uma única espécie, a C. sativa L., fenotipicamente diversa; ou seja, com diferentes aparências.

Graças aos dados atuais de biologia molecular, de sequenciamento do genoma e da bioinformática, mais evidências científicas foram adquiridas acerca desse tema. 

Assim, os autores concluem que se trata de uma única espécie, a Cannabis sativa L., sem subespécies, e altamente diversificada. 

Milhares de plantas em uma só

No entanto, embora seja uma única espécie, ela é ao mesmo tempo, milhares de plantas! Já que se sabe da existência de cerca de 6 mil variedades agronômicas dessa espécie, com diferenças morfológicas incríveis.

Estas variedades vêm sendo desenvolvidas pelo processo de domesticação do homem, há muitos séculos.

A maior parte dos autores mencionam 12.000 anos antes de Cristo, mas existem relatos mais antigos, apontando seu cultivo desde 26.900 a.C., na República Tcheca (Hill, 2003); outros autores, ainda, aventam a possibilidade de ela ter sido a primeira planta domesticada pelo homem (Li, 1974). 

Mas será que essa nova evidência da biologia molecular resolve o impasse entre os taxonomistas? 

Nunca!

Pois a ciência taxonômica, como qualquer ciência, não tem a verdade absoluta e é passível de incertezas. O tempo e as novas tecnologias poderão nos trazer novas conclusões, que também poderão ser passíveis de incertezas! 

É assim que a ciência avança!

No momento, é o melhor que podemos concluir!

Referência:

  • HILL, B. Legalized Marijuana: Canada Comes Round to the Wisdom of Ages, Ancient-Origins. Disponível online: https://www.ancient-origins.net/history/cannabis-journey-through-ages-003084 (acesso em 20 de Julho de 2024).
  • LAPIERRE, É., MONTHONY, A.S., TORKAMANEH, D., 2023. Genomics-based taxonomy to clarify cannabis classification. Genome, 66: 202-211.
  • LI, H.L., 1974. An archaeological and historical account of cannabis in China. Economic Botany, 28: 437-448.
  • Sobre as nossas colunas

    As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Tags

Eliana Rodrigues

Bióloga com mestrado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Doutorado e pós-doutorado pela Escola Paulista de Medicina. Desde 1995, vem desenvolvendo mais de 40 projetos de etnobotânica entre indígenas, afro-brasileiros, ribeirinhos amazônicos, com foco em substâncias psicoativas; somando cerca de 70 publicações. É professora titular e coordenadora do Centro de Estudos Etnobotânicos na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente, vem desenvolvendo atividades de divulgação científica sobre a Cannabis sativa L., por meio do Canal do Youtube “CANABinALL: tudo sobre canabinoides", e pelo curso “O Uso Terapêutico da Cannabis sativa L.”, ambos pela UNIFESP. Desde 2004 vem organizando simpósios, cursos, audiovisuais e realizando pesquisas na área desta planta.