Quando falamos em cannabis, quantas espécies que você acha que existem? Esse é um tema que tem sido discutido até agora
Afinal, quantas espécies de maconha existem
Se você respondeu três espécies – Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis
Você errou!
Se você respondeu duas espécies – Cannabis sativa e Cannabis indica
Você errou!
Se você respondeu uma única espécie – Cannabis sativa L.
Você acertou!
É isso mesmo!
O artigo publicado por Lapierre et al., em 2023, na revista Genome nos conta que, ao longo da história o gênero Cannabis foi descrito de três maneiras, de acordo com dados físicos, morfológicos, químicos e geográficos:
A taxonômica da Cannabis tem sido controversa há muito tempo, uma vez que várias classificações têm sido propostas, baseadas em características morfológicas, ambientais e químicas. Elas podem ser resumidas de acordo com três grandes teorias:
Graças aos dados atuais de biologia molecular, de sequenciamento do genoma e da bioinformática, mais evidências científicas foram adquiridas acerca desse tema.
Assim, os autores concluem que se trata de uma única espécie, a Cannabis sativa L., sem subespécies, e altamente diversificada.
No entanto, embora seja uma única espécie, ela é ao mesmo tempo, milhares de plantas! Já que se sabe da existência de cerca de 6 mil variedades agronômicas dessa espécie, com diferenças morfológicas incríveis.
Estas variedades vêm sendo desenvolvidas pelo processo de domesticação do homem, há muitos séculos.
A maior parte dos autores mencionam 12.000 anos antes de Cristo, mas existem relatos mais antigos, apontando seu cultivo desde 26.900 a.C., na República Tcheca (Hill, 2003); outros autores, ainda, aventam a possibilidade de ela ter sido a primeira planta domesticada pelo homem (Li, 1974).
Mas será que essa nova evidência da biologia molecular resolve o impasse entre os taxonomistas?
Nunca!
Pois a ciência taxonômica, como qualquer ciência, não tem a verdade absoluta e é passível de incertezas. O tempo e as novas tecnologias poderão nos trazer novas conclusões, que também poderão ser passíveis de incertezas!
É assim que a ciência avança!
No momento, é o melhor que podemos concluir!
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Eliana Rodrigues
Bióloga com mestrado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Doutorado e pós-doutorado pela Escola Paulista de Medicina. Desde 1995, vem desenvolvendo mais de 40 projetos de etnobotânica entre indígenas, afro-brasileiros, ribeirinhos amazônicos, com foco em substâncias psicoativas; somando cerca de 70 publicações. É professora titular e coordenadora do Centro de Estudos Etnobotânicos na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente, vem desenvolvendo atividades de divulgação científica sobre a Cannabis sativa L., por meio do Canal do Youtube “CANABinALL: tudo sobre canabinoides", e pelo curso “O Uso Terapêutico da Cannabis sativa L.”, ambos pela UNIFESP. Desde 2004 vem organizando simpósios, cursos, audiovisuais e realizando pesquisas na área desta planta.
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