Alguns estudos já mostraram que o mercado global de cannabis está crescendo. Só os Estados Unidos, país com o maior mercado, faturou sozinho US$18 bilhões em impostos e receitas com a cannabis no ano passado.
O número é 71% maior que em 2019, segundo um levantamento do site Leafly. E o futuro também parece ser animador. Um estudo feito pela New Frontier Data, estima que a legalização em todos os estados dos EUA possa gerar até US$130 bilhões até 2025.
Outro relatório da agência também destacou um aumento do consumo da maconha em 42% na pandemia.
Não só apenas para o uso adulto, mas também com finalidades medicinais. Um estudo publicado no Journal of Addictive Diseases, por exemplo, percebeu que o consumo terapêutico de derivados da planta aumentou e muito na quarentena, principalmente para tratamentos da saúde mental.
No Brasil a demanda de cannabis também aumentou, mas não da mesma forma que outros países, gerando receita.
Apesar de proibido, o uso recreativo aqui sempre foi amplo e maior que as demais substâncias ilícitas. São toneladas de maconha que geralmente são exportadas de forma ilegal da Bolívia, Colômbia e do Paraguai.
Segundo um estudo sobre o impacto econômico tributário da Cannabis no Brasil, o país poderia faturar R$5,7 bilhões de reais. Isso sem contar medicamentos e produtos derivados.
Contudo, isso não é uma novidade assim tão grande, pois o consumo adulto, apesar de proibido, é frequente há bastante tempo.
No entanto, o que realmente teve um aumento significativo e por sua vez notado pela indústria, foi a cannabis para fins medicinais, sobretudo para o tratamento infantil de epilepsia refratária ou dores crônicas para os mais velhos.
Histórias de vida contadas por documentários ou pela mídia, como o no caso de Annie Fischer e Charlotte Figi, foram grandes precursores da disseminação do método alternativo.
Associações com a Abrace Esperança da Paraíba, por exemplo, primeira associação a obter o direito de cultivo, atende mais de 14 mil pacientes.
A associação Apepi, antes da derrubada da liminar que tirou o seu direito de cultivo, já se preparava para o plantio de 10 mil plantas para a demanda.
De acordo com uma pesquisa feita pelo DataSenado em 2019, três em cada quatro brasileiros aprovam o uso medicinal da cannabis.
Ou seja, a estimativa é que quase 90% dos brasileiros já reconhecem a cannabis como remédio, principalmente para câncer e epilepsia.
Um reflexo visto na importação dos fitofármacos. Apesar da resolução 327/19 ter entrado em vigor no ano passado, que permite a fabricação e venda de produtos à base da planta no Brasil, os pacientes ainda preferem o óleo importado.
Segundo a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), os números de importação de produtos terapêuticos à base da planta são maiores a cada ano. Atualmente, mais de 14 mil brasileiros têm autorização para a importação.
Segundo a Coordenação de Controle e Comércio Internacional de Produtos Controlados (Cocic), foram mais de 5.100 solicitações de importação só até o mês de junho, 4.314 do ano passado, a mais que o ano todo de 2015.
Isso acontece principalmente pela variedade opções e o preço. Mesmo importados, os óleos vendidos lá fora são mais em conta do que os produtos feitos aqui.
Até agora no Brasil, apenas a Prati-Donaduzzi tem autorização para produzir e possui apenas três produtos com extrato de canabidiol (CBD).
Sem contar com o valor. Sem concorrência e sem o plantio em solo nacional, o preço do único óleo nacional fica nas alturas.
Contudo, os produtos que vem de fora só geram impostos sobre a importação.
No ano passado, a ADWA Cannabis publicou um estudo, onde mostra que o Brasil tem as condições climáticas ideais, além da sua vasta experiência como terceiro maior exportador agrícola do mundo.
Além de medicamentos e o uso adulto, a cannabis também é útil na indústria, para a fabricação de cordas, tecidos, plástico e até combustível.
Há até um Projeto de Lei que visa o cultivo da planta no país, mas encontra resistência na Câmara dos Deputados.
Figuras políticas e o próprio presidente Jair Bolsonaro, já se mostraram contrários ao plantio em solo brasileiro.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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