O ‘barato’ do canabidiol

O ‘barato’ do canabidiol

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Já parou para pensar que sensações ou que efeitos o uso da cannabis in natura rica em canabidiol (CBD) pode oferecer?

Nós testamos, e a experiência de uma “session livre de THC “você lê a seguir

Um bud vistoso, cheiroso e tricomado não dá a menor pinta de que é careta. Mas é.

Trata-se da cannabis in natura rica em Canabidiol (CBD), também chamada cannabis light, na Itália, por exemplo, onde é legalmente comercializada, engloba variedades de flores com até 0,3% de THC.

Assim como a cerveja sem álcool, oferece uma experiência (quase) completa do que se espera de uma session.

Mas, o que se espera, afinal?

A verdade é que cada pessoa busca — e obtém — algo diferente a partir do consumo de maconha. Há quem ache alívio da dor, há quem encontre uma forma de relaxar ou dormir, há quem estime a euforia e a profusão de ideias, há quem queira se anestesiar ou ainda ampliar sentidos.

E embora seja cientificamente provado que o Tetrahidrocanabinol (THC) é eficaz em oferecer alguns desses efeitos, não se pode creditar em apenas um canabinoide todas as sensações que a interação entre centenas de compostos, incluindo terpenos e flavonoides, pode proporcionar.

Então, qual é o barato da maconha rica em Canabidiol?

Uma onda diferente

Num contexto de acesso legal às flores de cannabis livres de THC, o primeiro barato é poder rastrear a origem, a procedência e os certificados ligados àquela cadeia produtiva lícita.

Outro barato é saber que a tal ACDC que pude experimentar foi cultivada em uma fazenda orgânica no Oregon, em cultivo outdoor e com manicure manual, o que dá um gostinho todo especial à experiência.

Pequenos detalhes….

Os buds secos, com cerca de 6 centímetros de comprimento, são densos e de um verde desbotado que combina com o tom terroso dos pistilos aparentes.

O flash da câmera faz brilhar os pontos de resina, chamados tricomas, que refletem com generosidade o feixe de luz, como divas sob os holofotes. O cheiro é de matinho, com pineno e mirceno como os terpenos predominantes neste perfil aromático que, ao meu olfato, mostra algo de adocicado.

Os cálices se desprendem com facilidade do galho onde se forma o bud, soltos ou em pequenos aglutinados, com folhinhas que fazem lembrar da trima à mão.

A sensação levemente seca ao toque antagoniza a impressão visual de uma resina superpegajosa — e, até então, a experiência de desbelotar o bud para apertar o baseado com 14% de CBD é tão satisfatória quanto a do preparo com qualquer outra flor.

O cheiro se acentua enquanto a erva é triturada, garantindo um ritual cheio de aromas, texturas e cores. Uma beleza.

O trago 

Confesso que é um tanto difícil dosar a relação entre a expectativa sobre aquilo que já sei e o que de fato vou sentir a partir do primeiro trago.

Mas o que predomina de imediato é o cheiro levemente doce e herbal que preenche o ambiente e me faz realizar, mais uma vez, como é bom consumir um produto de qualidade.

Um fino enrolado em uma seda pequena de baixa gramatura, com um filtro e uma piteira de papel na ponta, apagou duas vezes entre os tragos intercalados com anotações de palavras relacionadas à experiência — picante, herbal, clareza, chakra coronário, flutuar.

Sensação de relaxamento

Os efeitos que senti nos minutos que sucederam a session têm a ver com relaxamento corporal, como se um peso fosse erguido de mim e eu ficasse mais leve, elevada.

Por outro lado, o pensamento claro e o raciocínio intacto mantêm a sensação sóbria de uma viagem bem pé no chão.

Assim como os baseados com THC, o beck de canabidiol não queimou como um cigarro, de uma vez só até a última ponta.

Cinco tragos foram suficientes para minha mente ficar tranquila, meu corpo relaxado e minha vibe proativa, focada em executar outras tarefas.

A brisa que falta

Quem curte as sensações distorcidas por um estado alterado de consciência, como eu, pode até não se satisfazer completamente com uma flor de CBD.

Mas posso dizer que, num contexto de ampla regularização da cannabis, optaria por consumir também as variedades livres de THC, principalmente como uma alternativa para baixar a tolerância ao composto e, assim, obter todos os efeitos e sensações que aprecio.

Aquele famoso detox ficaria muito mais interessante acompanhado de cannabis.

E viajando nesse futuro que cedo ou tarde virá, imagino ainda a delícia de misturar os mais diversos tipos de haxixe com alto teor de THC em um baseado recheado de flores de CBD, uma sintonia fina entre os dois canabinoides que reinam entre os tantos compostos que fazem da cannabis uma planta mais que especial.

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