Quem leu o primeiro artigo desta coluna que eu participo, aqui na Cannalize, já sabe que cuidar de pacientes em uso de Cannabis Medicinal foi um importante evento na minha vida.
Pessoas que nunca haviam falado comigo sobre Cannabis começaram a compartilhar suas opiniões a respeito e abriu-se espaço para muitas conversas onde a quebra de tabu tem sido o tema central.
Associado a isso, ainda hoje escuto desde comentários preocupados como “Mas o que você faz é legalizado?” até pedidos de amostras grátis…
Existe uma norma – RDC nº 60, de 26 de Novembro de 2009 – que regulamenta a distribuição de amostras grátis de produtos medicamentosos e, mesmo que eu quisesse, não poderia ofertá-las.
Isso porque só podem ser distribuídas a pacientes diretamente pelo prescritor (médico, dentista) após uma avaliação clínica. E aqui, nesse ponto, ressalto o tema de hoje: os riscos da automedicação!
Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, 79% das pessoas com mais de 16 anos admitem tomar medicamentos sem prescrição médica ou farmacêutica.
Isso acontece porque, em geral, não nos atentamos para os possíveis efeitos colaterais ou interações medicamentosas que estes produtos podem ocasionar.
O uso da Cannabis Medicinal, bem como de qualquer produto com ação farmacológica, precisa sim ser orientado por um profissional de saúde habilitado!
Apesar de atuar na manutenção do nosso organismo de maneira global e tratar diversas doenças, a Cannabis Medicinal deve ser utilizada sob prescrição.
E, de preferência, com acompanhamento de uma equipe multiprofissional que apoie no ajuste da dose e no manejo dos eventuais efeitos colaterais que o tratamento possa apresentar.
A depender do histórico de saúde da pessoa, podemos identificar os seguintes efeitos colaterais no uso dos canabinoides: diarreia ou constipação, euforia, visão turva, depressão, até mesmo paranoia, dentre muitos outros.
Por isso reforço: a prescrição é sempre individualizada!!!
A indicação do uso de determinado canabinoide, bem como a sua dosagem, não só depende, mas exige uma avaliação criteriosa.
Se você tem curiosidade, acredita que poderia fazer sentido para tratar os seus sintomas ou quer inserir a Cannabis Medicinal no seu estilo de vida para melhorar seu bem-estar, procure um profissional e passe por uma avaliação.
Utilizar um produto sem orientação pode levar você a acreditar que ele te faz mal ou é ineficiente, quando na verdade foi apenas utilizado da forma incorreta. Não desperdice esta oportunidade de cuidar de você da melhor maneira possível.
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Marcella Tardeli
Enfermeira e Mestre pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Enfermagem em Oncologia pela Fundação Antônio Prudente. Pós-Graduação em Cuidados Paliativos e Psico-sócio-oncologia pelo Instituto Pallium Latinoamerica - Universidad del Salvador (Argentina). Aromaterapeuta pelo Instituto Harmonie. Founder da Ophicina de Cuidados Paliativos. Uma das organizadoras do livro "Cuidados Paliativos: diretrizes para melhores práticas." Gerente de Cuidado Coordenado na Cannect.
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