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Falar sobre os usos da cannabis é uma tarefa bem polêmica.
De um lado temos os defensores das mais variadas formas de uso e do outro temos os defensores do uso medicinal, que teoricamente se caracteriza pelo “tratamento” de uma condição como ansiedade, por exemplo.
Mas o que diferencia o meu uso, que atualmente gira em torno de óleos e gummies, de você que prefere fumar um baseado para aliviar o estresse do dia?
E a resposta é muito simples: uma consulta médica.
Cada um de nós tem um motivo para ser usuário crônico de cannabis (consumir maconha diariamente, para quem não entende mediquês).
A grande maioria dos meus amigos consome maconha simplesmente por ser de uma geração de ansiosos, seja por causa das “incertezas da vida adulta” ou por causa da auto cobrança.
De uma certa maneira, a maconha resgata um “eu” que os ansiolíticos tradicionais falharam miseravelmente (como bacharel em farmácia, é irônico dizer isso).
O tal do consumo responsável
No meu caso, o medicamento alopático que eu tomava para auxiliar com ansiedade e depressão me deixava em um estado basal, eu simplesmente não sentia nada e a cannabis corrigia isso. Ela modulava o meu humor de maneira fantástica e contribuia positivamente para o meu tratamento.
Pena que eu a responsabilizei por toda essa evolução. Durante um tempo, eu preferi consumir altas quantidades de prensado do que tomar o meu remédio, o que me levou para um buraco.
Mas, depois de muito esforço, encontrei um psiquiatra que me incentivou a continuar utilizando a maconha, mas de uma maneira mais responsável, e aí que está a magia do uso adulto.
Uso adulto, é um uso responsável. Ao mesmo tempo que eu consumo maconha, eu procuro aprimorar minhas ferramentas de autoconhecimento para evitar possíveis armadilhas do ego e contribuir para com a minha comunidade, sendo presente e fazendo o possível para me manter com saúde.
E falar sobre saúde, é falar sobre uso medicinal.
A mesma pessoa
Ewe igbo é uma erva de Exu, uma entidade conhecida dos cultos afro-brasileiros por trazer o movimento, a disciplina, o comprometimento consigo mesmo.
E fazer um tratamento com cannabis medicinal é se comprometer a mudar, trazendo exercícios, meditando, se alimentando bem e principalmente trazendo qualidade de vida para os mais variados pacientes.
O maconheiro e o “paciente medicinal” são a mesma pessoa. O que separa os dois, é o conhecimento dos três envolvidos nessa conversa.
Não podemos deixar que velhos preconceitos nos afastem do nosso real objetivo, acesso ao tratamento, reparação histórica e justiça social.
Uso adulto é uso medicinal e falar sobre maconha, é resgatar a ancestralidade de cura envolvida na história da planta.
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