Setembro amarelo é o mês mundial da prevenção ao suicídio, onde debatemos e conscientizamos as pessoas sobre esse tema e saúde mental e emocional no geral. Afinal, mais de 90% dos casos de suicídio estão relacionados com transtornos mentais – como ansiedade, depressão e burnout.
E assim como o uso da cannabis, esse é um tema cheio de tabus e que ainda carece de muita discussão e ferramentas para ser normalizado no âmbito social.
Porém, essa não é a única associação que esse assunto tem com a plantinha, na verdade, os produtos à base de cannabis têm muito lugar quando a gente fala sobre o Setembro Amarelo.
Apesar de muitos estudos, ainda desconhecemos completamente a fisiopatologia dos distúrbios mentais. Sabe-se, porém, que além do SEC (Sistema Endocanabinoide) ter um papel fundamental na regulação do equilíbrio emocional e da função cognitiva, ele se encontra alterado nos transtornos mentais, o que pode indicar, na verdade, que uma desregulação do SEC pode contribuir para o surgimento dessas condições.
O estresse crônico, associado a um estilo de vida precário, seriam os responsáveis por essa desregulação do SEC, levando ao desenvolvimento dos sintomas comportamentais, fisiológicos, cognitivos e endócrinos das desordens mentais.
Dessa forma, os endocanabinoides, isto é, a cannabis que o nosso corpo produz, podem ser marcadores promissores para a detecção e o acompanhamento dos transtornos mentais, como a depressão.
Ainda, para trazer uma modulação positiva do SEC e consequentemente a melhora da saúde mental e emocional, o uso dos fitocanabinoides, como CBD, pode ser considerado como terapia de primeira linha no tratamento dos transtornos mentais.
Com uma baixa gama de efeitos colaterais negativos, associada a muitos benefícios, a cannabis tem se tornado cada dia mais uma realidade no dia a dia de quem sofre com questões de saúde mental.
Isso acontece, porque, o CBD (canabidiol) e diversos outros fitocanabinoides como o CBG (canabigerol), o CBN (canabinol) e em alguns casos até mesmo o THC (tetrahidrocanabinol), têm um efeito relaxante, ansiolítico, antidepressivo.
Eles trazem alívio do estresse, otimizam o humor e regulam os processos cognitivos e comportamentais, mas sem deixar os pacientes letárgicos, cansados, com uma sensação de névoa ou vazio mental, diminuindo a libido e trazendo aumento de peso.
Ao contrário, os fitocanabinoides podem ajudar nesses pontos também! Aumentando energia e disposição, diminuindo a sensação de “brain fog”, levando mais foco e concentração, equilibrando a libido, regulando o apetite.
Ademais, como os transtornos de saúde mental, comumente, estão associados entre si e com outras condições, o uso dos produtos de cannabis também acaba sendo positivo nesse ponto, já que além de tratar a desregulação emocional e cognitiva e melhorar o humor, a cannabis pode diminuir as dores físicas, promover um alívio da insônia, juntamente com um sono de qualidade, diminuir os sintomas de abstinência, sendo útil para os transtornos por abuso de substâncias e possibilitar um efeito antipsicótico.
Importante frisar, também que além dos poucos efeitos colaterais, a cannabis, no geral, não está relacionada a eventos adversos graves, e não é uma substância com risco de overdose.
Além disso, se tratando do uso medicinal, controlado e acompanhado por um profissional de saúde habilitado, não costuma cursar com tolerância ou dependência.
Assim, apesar de estarmos falando do setembro amarelo, esse mês cada vez mais fica invadido por essa onda verde, pois fica claro que o futuro do cuidado em relação à saúde mental está diretamente relacionado com o uso dessa planta tão rica, que tem o poder de tratar não apenas os sintomas do desequilíbrio emocional, mas de também melhorar o bem-estar e a qualidade de vida individual como um todo.
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Jessica Durand
Médica graduada pela Universidade Cidade de São Paulo, pós-graduada em Medicina Esportiva pelo Instituto Vita e em Cannabis Medicinal pela Unyleya. Possui certificação internacional em terapias à base de cannabis pela Green Flower. Atleta amadora, enxerga na prática clínica o potencial da cannabis medicinal na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes, com foco especial em praticantes de atividades físicas e atletas amadores, semiprofissionais ou profissionais. Compõe o núcleo de medicina esportiva da Gravital, atuou como consultora de assuntos médicos do Atleta Cannabis.
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