Relógios feitos de cannabis chegam ao Brasil

Relógios feitos de cannabis chegam ao Brasil

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Os produtos são feitos com a planta e também com material reciclável, reduzindo o lixo industrial a zero.

Você sabia que dá pra fazer relógios com a cannabis? Nós do Cannalize conversamos com o Jeferson Araújo, que está à frente da Hempions no Brasil. A empresa trabalha apenas com o cânhamo, uma derivação da cannabis sativa, prima da maconha. A planta é uma opção bastante ecológica para a fabricação dos mais diferentes produtos.

Ao contrário da maconha, o cânhamo possui pouquíssimo teor de THC, o composto que dá a sensação de “barato”. A industrialização é bastante comum em muitos países, que usam as suas fibras principalmente na indústria têxtil. Sem contar que a planta é 100% utilizada, desde as sementes até o caule e tem até a função de limpar o solo para o cultivo de outras plantas.

Divulgação

No Brasil, o plantio de qualquer tipo de cannabis ainda é ilegal, por isso, o produto para a fabricação do relógio vem para o Brasil na forma semi acabada da Europa e da China. A Hempions também produz camisetas, comida, óleo, papel, tudo a partir do cânhamo

Apesar da planta já ser uma opção mais sustentável, a empresa vai além: ela utiliza as sobras dos tecidos feitos com o cânhamo para a criação do produto, em uma cadeia 100% reciclável, desde o cultivo até a produção.

“O principal impacto com o cânhamo que percebemos é a pluralidade no seu uso e aplicações e principalmente a sua capacidade sustentável.” Destacou Araújo.

Modelo Sustentável

Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), o Brasil é o 4º país que mais gera lixo plástico do mundo, só está atrás dos Estados Unidos, China e índia. São mais de 11 milhões de toneladas com uma reciclagem de apenas 1,28%.

Consequentemente, isso acaba gerando um prejuízo de US$ 8 bilhões para a economia mundial. Por isso, pensar em uma indústria sustentável é uma questão urgente. Grandes marcas já estão pensando nisso, como a Levi’s, que já está trocando o algodão pelo cânhamo.

Araújo destaca que a Hempions nasceu com este propósito. “Decidimos levantar a bandeira com o cânhamo não só pelos seus benefícios ambientais, mas também porque é urgente mudarmos nossa forma de consumo e educarmos a sociedade sobre a pluralidade positiva do uso industrial dessa fibra” ressalta.

Dificuldades

O Brasil ainda é bastante restritivo em relação ao plantio de cannabis. Atualmente só é permitido o cultivo doméstico por pacientes e com o aval da justiça. O que é bastante “atrasado” em relação aos outros países que faturam milhões com a indústria. Jeferson Araújo ressalta que se pudesse realizar todo operacional aqui no país, teria uma redução tributária e operacional por volta de 30%.

No entanto, o mercado de cannabis parece otimista com o Brasil, principalmente na indústria farmacêutica. Depois da ANVISA aprovar a venda de produtos à base de cannabis nas farmácias no final do ano passado, uma empresa já começou a produzir o produto.

A indústria de cannabis é relativamente nova, e ainda está começando no Brasil. Há uma proposta na câmara para o plantio, se evoluir, a planta tem o potencial de virar uma commodity.

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