A França, um dos maiores e mais influentes países da Europa, voltará às urnas no dia 24 de abril para eleger um novo presidente. O resultado pode influenciar a pauta da cannabis, não só no país, mas também na União Europeia.
Quem compete para assumir a presidência, são o presidente em exercício, Emmanuel Macron, um ex-banqueiro de centro, e Marine Le Pen, uma versão feminina de Jair Bolsonaro. Ela foi a presidente nacional da Frente Nacional, de extrema direita (que mudou seu nome para Rally Nacional), de 2011 a 2021.
Os dois se enfrentaram no primeiro turno da eleição presidencial francesa e seguiram na disputa como os dois candidatos mais votados em abril.
Como a situação mudará após o segundo turno, em um país com algumas das leis mais duras contra a cannabis na Europa ainda em vigor? Vamos ver.
Ironicamente, se não tragicamente, como filho de um médico e de uma professora de neurologia, Macron esteve ausente na discussão da legalização da cannabis na França.
No entanto, é preciso olhar para sua carreira desde que entrou para a política francesa como vice-secretário-geral do Eliseu, um cargo sênior na equipe do então presidente François Hollande.
Ele defende uma posição de “com calma e com jeito” quando se trata da legalização da cannabis – e isso ficou claro por conta do ritmo lento de mudança que ele adotou até agora.
O governo começou a discutir no parlamento a eficácia medicinal da cannabis e uma possível liberação para tratamentos no final do ano passado. Macron, no entanto, descartou a legalização para o uso adulto enquanto estiver no cargo.
Como a maioria da direita mundial, Le Pen se opõe veementemente à legalização da cannabis.
Segundo ela, esse caminho “obviamente não é a solução”. Também disse coisas como “aqueles que acreditam que ao legalizar a cannabis, os traficantes se tornarão produtores de melão…”
A candidata da direita obviamente não entende nada do assunto, e nem faz muita questão. Para Le Pen, a legalização, como a imigração, é perigosa para a identidade e a alma do povo francês.
Se ela for eleita, o povo francês pode esperar outra Guerra às Drogas. E é isso que ela quer mesmo.
A França está em uma posição interessante quando se trata de discutir a legalização.
O país pode ser o maior produtor de cânhamo da Europa, mas entrou tarde para a “festa” da aceitação de tratamentos com cannabis. Isso, apesar da cannabis ser uma das “drogas ilegais” mais populares do país – e há muito tempo.
Durante a invasão do Egito por Napoleão em 1798, as tropas francesas recorreram ao uso de haxixe, pois o álcool estava em falta na época.
No fim de 2018, uma pesquisa nacional descobriu que nove em cada 10 franceses eram a favor da legalização para o uso medicinal, e 51% da população apoiavam a abertura para o uso adulto.
Embora seja impossível prever com precisão o resultado da eleição, de acordo com os dados mais recentes, Macron provavelmente ganhará um segundo mandato e, talvez, por margem até confortável.
O histórico político de Le Pen é péssimo. Ela é anti-União Europeia, e está sendo acusada de peculato — desvio de dinheiro público para benefício próprio, de cerca de 700 mil dólares, pelo escritório antifraude da União Europeia.
Se Macron, como esperado, ganhar o segundo mandato, no entanto, é melhor não esperar que ele (ou a França) desempenhe um papel de liderança no debate sobre a legalização na Europa.
Macron adota a postura de um “animal” político em tudo o que faz e decide.
E a crescente onda do movimento pela legalização, tanto na França quanto na União Europeia, não será algo pelo qual o líder francês lutará contra com todas as forças. Não será bom para a imagem dele.
Ele pode não liderar um movimento a favor do uso medicinal da cannabis, muito menos do uso adulto, mas certamente seguirá o rebanho.
Arthur Pomares
Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por café, futebol e boa música. Axé.
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