O projeto Mães e Mulheres Jardineiras (MMJ) é recente, foi idealizado pela médica psiquiatra Eliane Nunes, diretora da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis (SBEC) em maio.
Ele nasceu dentro do Curso Livre de Cannabis, realizado na paróquia do Padre Ticão, na zona leste de São Paulo.
O objetivo do MMJ é auxiliar mães e mulheres de baixa renda a terem autonomia para fabricar o seu medicamento ou dos seus filhos, além de capacitá-las para ajudar outras mulheres.
A iniciativa já rendeu frutos, com o primeiro habeas corpus de cultivo para uma mãe jardineira, que agora, virou uma espécie de “Madrinha” e tem a missão de ajudar outras.
Segundo a Dra Eliane Nunes, que ministrava algumas aulas no curso da Paróquia na zona leste, a demanda de mulheres que queriam assistir o curso para tratar seus filhos era muito alta.
“Aumentou muito o número de pessoas atrás do óleo ou querendo plantar, mas não tinha como ajudar todo mundo” ressalta.
A ideia do projeto veio como tema para o seu pós-doutorado, mas com a pandemia ele deu uma estagnada. Por outro lado, também cresceu. Hoje ela conta que alguns colegas quiseram ajudar, agora são cerca de 10 médicos prescritores voluntários e outros profissionais, como advogados que auxiliam as mulheres na justiça.
Além do curso de cultivo o projeto Mães Mulheres Jardineiras também produziu sete lives com as Madrinhas que já possuem o salvo-conduto, que compartilharam as suas experiências.
Por meio das lives, o MMJ também busca saber quais são as dúvidas dos pacientes, para preparar um material completo.
“A ideia é ensinar, produzir um conteúdo completo que possa ajudar outras mulheres. (…) Quero fazer um livrinho, documentar para que outros coletivos assumam, quero fazer do melhor jeito para que qualquer associação possa fazer” complementa a Dra Eliane Nunes.
As mulheres são chefes de 70% das famílias no Brasil. Segundo dados do IBGE, 11,5 milhões de mães solos no Brasil não tem a ajuda dos pais para criar seus filhos, e a situação só piora quando a criança tem alguma síndrome.
Além disso, as mulheres brasileiras ganham em média, 22% menos que os homens, por isso, o auxílio para elas é tão importante.
“Eu sempre trabalhei com população vulnerável, eu sei como é isso. Sem contar que as mães que querem plantar, tem receio de perder a guarda dos seus filhos” acrescenta a médica psiquiatra.
Hoje no Brasil, uma das regras para conseguir o habeas corpus que dá a licença para plantar, é comprovar que sabe fazer cultivar, além de mostrar que o plantio vale a pena. Por isso, não é incomum alguém ir à justiça pedir o direito e ter a casa vistoriada pela Denar (Delegacia de Proteção ao Narcotráfico).
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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