De acordo um novo estudo publicado na Annals of Internal Medicine, o número de pacientes inscritos em programas de cannabis medicinal aumentou quatro vezes entre 2016 e 2020 nos estados americanos legalizados.
A equipe foi liderada por Kevin Boehnke, da Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan.
Eles analisaram dados de registro em programas médicos em Washington DC e 35 estados dos EUA e descobriram que o número de pacientes inscritos em programas de cannabis medicinal aumentou de 678.408 em 2016 para 2.974.433 em 2020.
De acordo com o estudo, a dor crônica foi a condição de qualificação para uso de cannabis mais comum relatada pelos pacientes, representando 60,6% de todos os dados disponíveis.
Ela foi seguida pelo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), representando 10,6% do total de dados.
Os autores ainda observam que essas condições eram mais comuns em estados que legalizaram apenas o uso medicinal.
Enquanto isso, os estados que permitem o uso adulto relataram porcentagens comparativamente mais altas de pacientes relatando esclerose múltipla, artrite e náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia.
Um dado substancial relevado pelo estudo foi quanto ao aumento de pacientes registrados em Oklahoma.
Nesse estado, um em cada 10 residentes são pacientes de maconha medicinal. O que pode ter ligação com o fato de o estado não exigir condições médicas específicas para a obtenção de um cartão médico.
Em estados onde o uso adulto da cannabis é regulamentado, as inscrições de pacientes em programas médicos diminuíram ou permaneceram as mesmas.
Segundo o estudo — os pacientes interessados em fazer uso da planta in natura, como quem usa camomila ou cidreira, provavelmente vão preferir adquiri-la onde não precisem apresentar uma receita médica.
As descobertas, segundo os pesquisadores, destacam a importância de um alinhamento entre as regulamentações federal e estaduais da maconha.
“Estratégias regulatórias e clínicas ponderadas são necessárias para gerenciar efetivamente esse cenário em rápida mudança”, escreveram os autores, observando que o uso para condições ou sintomas sem uma forte base de evidências aumentou de 15,4% (2016) para 31,8% (2020).
Enquanto isso, o Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) dos EUA lançou recentemente um financiamento de pesquisa que tenta sanar os obstáculos existentes para o estudo da cannabis.
De acordo com a lei federal americana, ainda é considerada uma substância de classe I, a categoria de drogas mais rigidamente controladas.
A agência anunciou que planeja fornecer US$ 1,5 milhão em financiamento para apoiar pesquisadores que possam desenvolver um registro de uso de maconha medicinal para rastrear informações como condições médicas relatadas.
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