A Cannabis Medicinal vem ganhando notoriedade e se tornando cada vez mais importante para o tratamento de diversas doenças.
Contudo, apesar dos benefícios desta terapêutica já bem descritos em outras matérias por aqui, há uma questão importante especialmente e literalmente associada ao uso concomitante de outros remédios: a interação medicamentosa.
Chamamos de interação medicamentosa o evento onde os efeitos de um remédio são alterados pela presença de outro, sendo o responsável por diversos efeitos adversos.
Muitos pacientes fazem uso de diversos medicamentos, em horários espaçados, assim, há uma dificuldade na administração da Cannabis Medicinal, tendo em vista que a mesma pode aumentar ou diminuir os efeitos de alguns medicamentos.
A sua própria ação também poderá ser reduzida devido ao compartilhamento dos receptores, que vão propiciar a ação do produto no nosso organismo.
Então, como seria a forma ideal de fazer uso dos medicamentos associados à Cannabis medicinal?
Em primeiro lugar é importante ressaltar que o uso medicinal de CBD e THC precisa ser acompanhado de perto como qualquer outro tratamento farmacológico.
Ter uma equipe de saúde te acompanhando, preferencialmente composta por médico, enfermeiro e farmacêutico, permitirá que eles entendam como e onde o seu organismo está metabolizando os seus medicamentos.
Com essas informações em mente, a equipe vai planejar os horários de uso dos mesmos considerando o risco de interações medicamentosas.
À medida que o seu tratamento avança, às ações terapêuticas, efeitos colaterais e a ocorrência destas possíveis interações medicamentosas são monitoradas e conduzidas pela equipe, que deve ajustar as dosagens e, em algumas situações, até possibilitar que o médico reduza ou até mesmo chegue a suspender outros medicamentos convencionais em detrimento das ações da Cannabis Medicinal no seu corpo.
Este cuidado é um dos principais fatores que faz com que os profissionais da saúde reafirmem que o uso da Cannabis Medicinal deve ser individualizada e não compartilhada.
Ou seja, o produto prescrito, com sua dosagem personalizada às necessidades do paciente, deve ser utilizado exclusivamente por ele. Oferecer Cannabis Medicinal à familiares e amigos para que eles “experimentem” é uma atitude perigosa.
Além de aquele produto não ser, necessariamente, o mais adequado para o outro, pode não haver efeito terapêutico com apenas uma ou poucas doses e incorremos no maior risco de todos:
pode desencadear efeitos colaterais próprios da Cannabis Medicinal ou causados pela interação dela com outros medicamentos que este familiar ou amigo já utilizam de rotina.
Fique atento ao seu tratamento, valorize cada gota do seu produto e lembre-se de que todo o cuidado oferecido é individualizado!
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Marcella Tardeli
Enfermeira e Mestre pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Enfermagem em Oncologia pela Fundação Antônio Prudente. Pós-Graduação em Cuidados Paliativos e Psico-sócio-oncologia pelo Instituto Pallium Latinoamerica - Universidad del Salvador (Argentina). Aromaterapeuta pelo Instituto Harmonie. Founder da Ophicina de Cuidados Paliativos. Uma das organizadoras do livro "Cuidados Paliativos: diretrizes para melhores práticas." Gerente de Cuidado Coordenado na Cannect.
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