Descansa militante. Já vou explicar.
Você já parou para pensar os reais motivos que te levam a fumar um baseado? Apesar de cada pessoa ter uma busca individual em relação ao uso, muitos dos efeitos desejados estão diretamente ligados ou esbarram em questões como: tranquilidade, calma, relaxamento, descontração, aumento da sensibilidade dos sentidos, aproveitamento do ócio de forma mais intensa, entre outros.
Cara, impossível deixar de notar que a busca por bem-estar é o pano de fundo da maioria esmagadora dos motivos que leva uma pessoa a fumar maconha.
E isso mostra claramente para mim que todo o uso da Cannabis tem fundamentação terapêutica, estando a pessoa consciente disso ou não.
Tive a oportunidade de recentemente, passar um fim de semana com o artista e ativista social Eduardo Marinho.
Quando falei para ele sobre essa “teoria” de que todo o uso da maconha é terapêutico, ele discordou. Marinho argumentou que a falta de uma certa periodicidade e acompanhamento no uso não configurariam uma terapia.
Por um lado, ele está certo. O termo terapia canábica já é bastante usado nos consultórios médicos onde é feita a prescrição da cannabis medicinal no tratamento de doenças e distúrbios.
Portanto, dá realmente a entender que existe todo um processo de acompanhamento, dosagem específica, forma de uso consolidada e etc.
Porém, dizer que algo é terapêutico significa dizer que aquilo, no caso a maconha, tem propriedades medicinais. E, né?! Convenhamos. A Cannabis é uma baita medicina.
Então, por que dizer que existe o uso recreativo uma vez que a diversão e o prazer também figuram no rol das coisas que promovem o bem-estar, que é uma das metas do método terapêutico, juntamente com a saúde, em um paciente?
Sinto que o avanço das discussões sobre a Cannabis e suas formas de uso pede uma revisão no nosso olhar em relação ao tal uso adulto ou recreativo. Esse processo pode, inclusive, colaborar com a quebra de tabus sobre a planta.
Me lembro certa vez de um relato de um cara que fumava maconha de forma “recreativa”, mas que conseguiu o aval da mãe para fumar em casa depois que a convenceu que sua ansiedade diminuía e, assim, conseguia ter mais qualidade de vida.
E não, ele não precisou aparecer com uma receita médica e um vidrinho com óleo, que minimiza o impacto visual. Lá estava ele, com sua paranga, seda e piteira nas mãos.
Diversão é bem-estar, prazer é bem-estar, expansão de consciência é bem-estar, aumento da sensibilidade é bem-estar, tratar doenças é bem-estar, reduzir crises de ansiedade é bem-estar, cessar convulsões é bem-estar, rir à toa é bem-estar.
Tudo isso são formas de buscar qualidade de vida, em curto, médio ou longo prazo.
Acredito que se essa compreensão chegar até as pessoas que fazem o tal uso recreativo, será possível, inclusive, encontrar as melhores plantas para buscar os efeitos que deseja, seja lá quais forem.
Isso é aproveitar todo o potencial da Cannabis, que é medicinal em sua essência e história.
Esse uso mais consciente poderia evitar, inclusive, efeitos indesejados, como é o caso do consumo de plantas com altas taxas de THC por parte de pessoas que lidam com a ansiedade ou de outras pessoas sensíveis a essa substância.
Isso seria uma forma de respeitar a si e a essa planta, que possui um potencial terapêutico que tem transformado a vida de milhões de pessoas pelo mundo.
Claro que a acessibilidade, o proibicionismo e o preconceito são entraves neste momento, quando o papo é buscar a melhor maconha para atender uma determinada necessidade com mais qualidade.
Entretanto, acredito que olhar para a maconha como a medicina que ela é e aceitar que todo o uso é terapêutico em algum nível, possa ser um grande passo para a normalização e liberação do seu uso.
Sem que o consumo da planta seja apenas “bem visto” em caso de tratamento de doenças graves.
Mais consciência no uso, seja lá qual for o intuito. Isso pode mudar a forma com a sociedade inteira encara a Cannabis. Acredito na luta por respeito a liberdade individual de escolher a forma que quer promover bem-estar para si.
Bora refletir?
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Carol Apple
Caroline Apple é jornalista especializada na cobertura de Cannabis e editora-chefe da Cannalize. Trabalhou em veículos como Folha de S.Paulo, Agora SP, R7 e UOL. Foi repórter do Sechat, onde adentrou para o universo da cannabis, atuando posteriormente na comunicação de diversas empresas do ramo. É uma entusiasta da planta e de todo o seu potencial terapêutico, além de acreditar no cânhamo como o futuro da indústria como uma forma de colaborar com a regeneração da Terra.
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