No finalzinho de janeiro o Conselho Estratégico Universidade-Sociedade (CEUS) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) decidiu que o futuro edifício da escola superior terá o nome do padre Ticão.
O bloco será um dos prédios conhecidos como Instituto das Cidades (IC), que será levantado na zona leste de São Paulo.
O Projeto Edifício Padre Ticão vai contemplar o Centro de Memória da Zona Leste. Trata-se de um espaço para eventos tanto acadêmicos como culturais e sociais, onde além da utilização por alunos, será aberto para os munícipes também.
A homenagem para o pároco que morreu no dia primeiro desse ano, não é à toa. Ele foi um dos principais responsáveis pela criação dos institutos.
Segundo a Unifesp, o projeto do novo bloco na zona leste da cidade, que também será usado como campus, já está em processo de finalização.
A captação do valor para a construção também já começou através de emendas parlamentares.
Conforme o plano divulgado pela universidade, o valor da obra está estimado em 6 milhões de reais.
Ele era pároco da Paróquia São Francisco de Assis, localizada em Ermelino Matarazzo, na zona leste da cidade desde 1982.
Infelizmente ele morreu no primeiro dia de 2021 aos 68 anos em São Paulo. Com o diagnóstico de edema pulmonar, ele teve uma arritmia cardíaca.
Infelizmente morreu depois de uma parada cardiorrespiratória.
O pároco ficou conhecido pela sua luta contra as desigualdades sociais nas últimas três décadas, principalmente sobre moradia e saúde.
A trajetória do Padre Ticão como militante começou com os movimentos de moradia ainda na década de 1980.
Ele participou da invasão à Secretaria de Estado da Habitação, que resultou em várias iniciativas, como a Pastoral da Moradia, que em 2020 completou 35 mil casas.
Foi através da sua mobilização que o Programa Habitacional Municipal, Estadual e Federal – CDHU e também o fundo Nacional para Moradia começou.
Também lutou para a construção do Hospital Ermelino Matarazzo e unidades básicas de saúde na zona leste.
Foi dele a ideia de criar o projeto Escola da Cidadania, um projeto aberto para a discussão de vários temas sociais e políticos.
Nos últimos anos, foi um importante atuante na luta canábica no país. Ele defendia a cannabis medicinal e também cedeu o espaço da paróquia para a administração do curso de cannabis, administrado pela Unifesp.
As edições do curso, que começaram com 300 pessoas, chegaram a quase cinco mil participantes, o que mudou a vida de muita gente.
A sua luta por uma universidade na zona leste também não é de hoje. Desde a década de 1980 ele busca forças para os moradores terem acesso a uma universidade.
Foi um influente, por exemplo, na luta pela chegada da Universidade de São Paulo (USP) na região em 2005.
Confira o vídeo feito pela Unifesp sobre o assunto.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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