Mulher, investimentos e cannabis: Como é o cenário no Brasil hoje

Mulher, investimentos e cannabis: Como é o cenário no Brasil hoje

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

No dia da mulher, entenda qual o cenário feminino tanto no mundo dos negócios quanto no universo canábico. 

De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), as mulheres representam 52% da população brasileira, mas a porcentagem de mulheres no mundo dos negócios ainda é pequena.

Em 2019, pouco mais da metade estavam no mercado de trabalho, mas o número de investidoras é ainda menor. Apenas 29% das brasileiras investem na Bolsa de Valores, de acordo com dados divulgados pela B3.

E quando falamos de cannabis, o cenário ainda é pior. 

Jéssica Castro  Foto: Cannalize

A mulher no mundo dos investimentos

De acordo com Jéssica Castro, especialista em investimentos, o problema é bem mais antigo. Por causa dos afazeres domésticos e educação dos filhos, as mulheres entram em passos lentos no mercado de trabalho.

Para manter a reputação, muitas organizaçãoes estão focadas em pautas sobre direitos humanos, por isso, mais mais negros, mulheres e a comunidade LGBTQA+ são inseridos no mundo dos negócios.

 “Não é algo natural, e também é feito pelos motivos errados, mas está acontecendo.”, complementa.

Contudo, ela ressalta que a confiança na gestão feminina ainda é pequena. “Hoje, para as mulheres se destacarem, elas precisam de estratégias”, ressalta. 

Vitrine 

Uma delas é uma espécie de “vitrine”, usada para ganhar visibilidade. Para as mulheres se destacarem hoje, é necessário uma porta de entrada, uma embalagem bonita.

“Vejo muitas mulheres boas tentando ter voz ativa, mas que não chamam atenção, “diz. 

Preconceito

Boa parte da população nem sabe o que a palavra “cannabis” significa. Por isso, a especialista também conta que atrair novos investidores é outro grande desafio. “Ou você é um gênio, ou é um vagabundo”, diz.

Ela mesma passou por isso. Em julho do ano passado, Jéssica Castro publicou algumas informações sobre investimentos em fundos de cannabis, mas recebeu bastante comentários negativos.

“A imagem da mulher e “drogas” é bem pesada.  Quando pegamos os filmes dos anos 80, por exemplo, a mãe sempre era viciada. A imagem, por mais que tenha a mesma quantidade em ambos os gêneros, ter uma mulher, ou duas ou três já gera um efeito tão grande que se esquecem dos homens”, ressalta.

Investimento arriscado

Investir em cannabis já é arriscado, pois ainda não há um mercado consolidado, que oscila bastante. Contudo, ao ser uma mulher falando sobre o assunto, a confiança ainda é menor.  

“Se você for uma gestora mulher falando sobre um fundo de cannabis, você não pega a mesma credibilidade. Mas se é um cara barbudo, todo arrumado, fica com cara medicinal.”, ironiza.

Contudo, ela também acrescenta que quem investe neste mercado são pessoas que realmente acreditam no segmento. Então, é provável que elas não olhem para quem está fazendo, mas o que é feito.   

Jéssica Castro
Foto: Cannalize

Não há uma cultura para investir 

Castro ainda ressalta que os brasileiros não são educados para investir. 

Segundo uma pesquisa feita pela Leve, fintech de educação financeira, no ano passado, 52% dos brasileiros não possuem ou não sabem montar um planejamento financeiro.

“Se você é   bem nascida, condições mínimas, colégio e patrimônio, você ainda escuta sobre investimento ou finanças no jantar. Mas a grande parte da população não sabe de nada”, ressalta.

Pandemia

Mas a situação atual mostra que eles só precisam de um empurrãozinho.

De acordo com um levantamento sobre hábitos financeiros realizado pelo Instituto Locomotiva, os brasileiros começaram a mudar os seus hábitos de consumo, e aumentaram a vontade de investir. 

Castro acrescenta que isso aconteceu porque as pessoas estavam em casa e tinham mais tempo para pensar em economias de emergência e investimentos. Investimento é você conseguir se organizar, impulsionar o seu crescimento”, conclui.

 

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