‘Conservadora, anticiência e retrógrada’: resolução do CFM é alvo de protesto em diversas capitais

‘Conservadora, anticiência e retrógrada’: resolução do CFM é alvo de protesto em diversas capitais

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Para manifestantes e associações, pressão gerou resultado positivo, abrindo o diálogo com Conselhos Regionais

Manifestantes em frente ao Conselho Federal de Medicina, em Brasília. Foto: Brenda Ortiz/g1

A última sexta-feira (21) foi marcada por manifestações em pelo menos cinco capitais brasileiras contra a impositiva resolução nº2.324, que restringe o tratamento medicinal com cannabis no Brasil. Os atos aconteceram em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador, em frente às sedes regionais do Conselho de Medicina.

Em Brasília, na sede do Conselho Federal de Medicina, de onde partiu a resolução, os manifestantes exigiram a revogação da decisão, e entregaram um manifesto de quatro volumes com os embasamentos científicos que os orientam.

A pressão rendeu uma promessa de reunião emergencial para discutir a revogação da resolução e o trabalho por uma nova resolução mais abrangente. Também foi sugerida a realização de eventos promovidos pelo conselho, envolvendo pacientes e pesquisadores, a fim de difundir o conhecimento e reforçar o tema no ambiente acadêmico

Para Filipe Suzin, da Associação Curando Ivo e um dos organizadores do protesto em Brasília, o ato foi benéfico e teve resultado positivo. “Conseguimos abrir espaço pro debate a nível federal. Agora não tem como voltar atrás. O vídeo que mostramos  com o registro do tratamento com meu pai prova que o THC tem benefício clínico em casos de Alzheimer. Agora não tem como eles dizerem que não sabem.”

Outras capitais

Nas capitais do Sudeste o movimento foi semelhante. Representantes dos Conselhos Regionais receberam os manifestantes e se comprometeram a manter o diálogo aberto.

Manifestantes reunidos em frente ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Foto: Scarlett Marinho / Cannalize

Em São Paulo, a presidente do conselho Irene Abramovich recebeu uma carta de repúdio e reiterou a importância da consulta pública divulgada pelo CFM na última quinta-feira (20).

No Rio de Janeiro, o compromisso foi maior, com uma promessa da médica e conselheira Margareth Martins Portella de não “perseguir” os médicos prescritores de cannabis.

Manifestantes em frente ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro. Foto: Caio Mattos/AbraRio

Em Salvador, as demandas dos manifestantes estavam consonantes com o protesto no Rio. 

Representantes do ato acusavam a resolução de ser “conservadora, anticiência e retrógrada”, conforme apurou o jornal soteropolitano Correio. 

O protesto na capital baiana reuniu, em frente à sede do Cremeb (Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia), mães, pacientes, médicos, pesquisadores e ativistas de associações como a ATAMED (Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinóides) e Cannab (Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil).

Manifestantes em frente à sede do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia. Foto: Marina Silva / CORREIO

No Recife também foi registrado o ato na sede do CREMEPE (Conselho Regional de Medicina do Estado do Pernambuco). Manifestantes da Cannape (Associação Canábica Medicinal de Pernambuco) entregaram ao presidente do Conselho Maurício José de Matos e Silva, três documentos: uma carta de repúdio, uma carta da Federação FACT (Federação das Associações de Cannabis Terapêutica) e uma carta dos advogados da medicina, representado pelo advogado da Cannape, Thiago Praun.

Membros da Cannape protestam na sede do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco. Foto:

Para Fabrina Juliana, membra da Cannape, o caráter pacífico do ato contribuiu para o resultado positivo. “Uma resolução como esta deve ser baseada em evidências, e associações têm grande peso no diálogo com os conselheiros, para que haja maior difusão deste conhecimento. Nossos médicos têm todo o interesse em ajudar. A mobilização foi muito importante para a comunidade, e com a consulta pública, esta pressão já surtiu algum efeito.”

Ainda há um ato marcado para esta segunda-feira (24), no CRM-MS (Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso do Sul, na Av. Des. Leão Neto do Carmo, 305 – Jardim Veraneio, Campo Grande – MS, a partir das 10h, organizado pela Associação Sul Mato Grossense de Pesquisa e Apoio à Cannabis Medicinal Divina Flor.

Consulte um médico 

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