Fumar maconha não prejudica o funcionamento pulmonar em jovens adultos, de acordo com uma nova pesquisa publicado na Respiratory Medicine.
Em contraste com outro estudo recente, que sugere que fumar maconha gera um risco maior de causar enfisema do que fumar tabaco, os pesquisadores deste artigo descobriram que fumar apenas cannabis não estava vinculado à redução do fluxo de ar ou ao comprometimento do funcionamento pulmonar.
Ainda assim, as limitações em ambos os estudos sugerem que ainda não temos uma imagem clara do efeito da maconha fumada em nossos pulmões.
Este novo estudo, de pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, examinou se o fumo crônico de cannabis estava associado a efeitos prejudiciais nos pulmões de adultos jovens, especificamente.
“O uso de cannabis é cada vez mais legalizado e o uso está se tornando normalizado”, explica o autor principal da pesquisa, o professor Jake Najman. “Nesse contexto, é importante entender mais sobre os danos associados ao uso prolongado de cannabis.”
Para investigar isso, os pesquisadores acompanharam um grupo de 1.173 jovens adultos de 21 a 30 anos, testando sua função pulmonar a partir de uma avaliação de espirometria no início e no final do período de nove anos.
Os testes de espirometria são comumente usados para ajudar a diagnosticar doenças pulmonares, como asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), medindo a quantidade de ar que alguém pode expirar em uma respiração forçada.
Isso é feito com um dispositivo chamado espirômetro, que possui um bocal no qual o paciente pode respirar.
Os pesquisadores também rastrearam se os voluntários fumaram maconha, tabaco, ambos ou nada ao longo dos nove anos.
Os resultados mostraram a associação esperada entre fumantes de tabaco e fluxo de ar reduzido. Aqueles que fumavam cigarros sozinhos ou cigarros com maconha tiveram reduções no fluxo de ar durante o período da análise.
No entanto, a cannabis não contribuiu para essas reduções, além do que já foi encontrado para fumantes apenas de tabaco.
O estudo mostrou que fumar apenas maconha não reduz o fluxo de ar ou parece afetar o funcionamento pulmonar.
Mesmo após nove anos de uso, a exposição à fumaça da maconha não pareceu afetar os pulmões.
Os autores concluíram que “a cannabis não parece estar relacionada à função pulmonar, mesmo após anos de uso.”
Eles também concluíram que o uso de cannabis com tabaco não parece adicionar nenhum risco adicional aos pulmões, além dos danos já associados ao fumo de tabaco.
Isso está em total contraste com o estudo recente na revista Radiology, que sugere que a maconha é mais provável de causar enfisema do que o tabaco.
Nesse estudo, as tomografias computadorizadas do tórax revelaram níveis mais elevados de enfisema em fumantes que usavam maconha e tabaco juntos do que naqueles que usavam apenas tabaco.
É importante notar, no entanto, que o estudo de Radiologia foi limitado pelo fato de não ter examinado nenhum fumante que usasse apenas cannabis.
Assim, os resultados que sugerem taxas mais altas de enfisema devem ser entendidos como relevantes para o uso de maconha e tabaco juntos – não necessariamente de maconha isoladamente.
Pode haver efeitos combinatórios da mistura dessas duas substâncias que não estão presentes com nenhuma delas sozinha.
Isso não significa que podemos descartar a cannabis como uma causa potencial de enfisema, mas significa que precisamos de mais pesquisas para confirmar que esses resultados são válidos para aqueles que usam apenas cannabis.
Em contraste, o estudo Respiratory Medicine estudou fumantes apenas de cannabis e não encontrou diferenças no funcionamento pulmonar do grupo de controle não fumante.
O estudo em Radiologia também usou uma amostra relativamente pequena de apenas 146 pacientes, o que pode ser comparado aos 1.173 entrevistados no estudo que não encontraram efeitos na função pulmonar de fumar cannabis.
Dito isso, é importante observar algumas outras diferenças entre esses dois estudos que podem explicar em parte seus resultados aparentemente conflitantes.
Primeiro, o estudo em Radiologia foi feito principalmente em indivíduos mais velhos, que tiveram mais tempo para danificar seus pulmões.
É muito possível que os usuários de cannabis mostrem danos mais perceptíveis após mais anos fumando do que o período de nove anos estudado. Este estudo não descarta isso, apenas não mostra evidências de danos nesse período.
Também é importante notar que o estudo em Radiologia usou tomografias computadorizadas para diagnosticar problemas pulmonares, enquanto o estudo recente em Medicina Respiratória usou espirometria.
Portanto, testes diferentes podem produzir resultados diferentes. E, de fato, alguns pesquisadores sugerem que os testes de espirometria, em particular, podem perder condições como enfisema em seus estágios iniciais.
Portanto, pode ser simplesmente que o dano causado não esteja sendo detectado por esse teste – como pode acontecer com a tomografia computadorizada.
Dadas essas limitações de pesquisa, ainda está em aberto a questão de saber se fumar cannabis pode causar danos aos pulmões e danos da maneira mais clara que o tabaco.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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