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Evidências científicas confirmam a eficácia da cannabis medicinal



08/01/2024


As Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina (The National Academies of Sciences, Engineering and Medicine), anunciaram que haviam revisado mais de 10.700 estudos relevantes sobre os efeitos da cannabis de um total de mais 24.000 pesquisas publicadas. 

Eles confirmaram que existe ampla evidência científica que a cannabis tem valor medicinal. 

A cannabis é eficaz em reduzir náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia e radioterapia no tratamento oncológico (Chang,1979), estimula o apetite em pessoas vivendo com HIV/Aids (Foltin,1986) e reduz a pressão intraocular em pacientes com glaucoma (Crawford,1979).

Outros trabalhos também demonstraram que a cannabis reduz a espasticidade em pacientes com doenças neurológicas (Malec,1982; Ungerleider, 1987; Clifford, 1983), diminui o número de crises epilépticas (Porter e Jacobson 2013, Maa e Figi 2014), além de aliviar a dor crônica e a dor neuropática (Noyes, 1974).

Por outro lado, o uso ilegal da cannabis, sem supervisão médica, não garante a qualidade do produto e a ausência de fungos, um problema grave para pacientes vivendo com HIV/Aids e outras enfermidades em que o sistema imunológico esteja deprimido (Wesner,1996).

A imensa quantidade de estudos clínicos realizados a nível mundial, aliados à aprovação em vários países por entidades regulatórias como o FDA (Food and Drugs Administration) dos EUA, Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil, e várias outras em todo o mundo, comprova a eficácia da cannabis medicinal. 

O número expressivo de pacientes fazendo uso da cannabis também é uma prova do seu indiscutível valor como medicamento.

A cannabis medicinal tem sido utilizada para o tratamento de mais de 100 enfermidades, principalmente como coadjuvante no tratamento medicamentoso e na melhoria da qualidade de vida.

Um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, e controlado por placebo, avaliou a eficácia de um extrato de THC:CBD no alívio da dor em pacientes com câncer avançado. Cento e setenta e sete pacientes, com analgesia inadequada, apesar da dosagem crônica de opioides, foram tratadas com THC:CBD, THC ou placebo por duas semanas. 

O grupo THC mostrou uma mudança não significativa. O dobro de pacientes recebendo THC:CBD apresentaram uma redução de mais de 30% em comparação com o placebo. (Johson, 2010).

Revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados que examinaram canabinoides no tratamento da dor crônica não oncológica, incluindo dor neuropática, fibromialgia, artrite reumatoide e dor crônica mista, analisaram 18 estudos envolvendo um total de 766 participantes (Lynch, 2011). Quinze desses trabalhos demonstraram um efeito analgésico significativo dos canabinoides em comparação ao placebo.

Em outra revisão, feita em 2015, 11 estudos adicionais foram examinados, envolvendo um total de 1.185 indivíduos. Sete desses estudos demonstraram um efeito analgésico dos canabinoides significativamente superior aos grupos controles. ( Lynch, 2011 e 2015).

Os resultados de um dos maiores estudos clínicos com canabinoides mostraram eficácia no tratamento da dor. O trabalho acompanhou 1.629 participantes durante um período de quatro semanas, avaliando o impacto sinérgico do CBC (canabicromeno) e do CBG (canabigerol) no tratamento da dor. 

O estudo foi duplo-cego, randomizado e controlado. Os pacientes receberam 40mg de CBD por dose e indivíduos do outro braço foram tratados com níveis variáveis de canabigerol ou canabicromeno. 44,8% dos pacientes reportaram melhora da dor, ansiedade, qualidade de sono e qualidade de vida. 

Aqueles que apresentaram dor moderada, receberam 40mg de CBD bem como 20mg da CBC. Eles apresentaram alívio da dor após duas semanas de tratamento. Outro estudo demonstrou redução da dor em pacientes com câncer e necessidade de tratamento com opioides.

Sobre as nossas colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

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Mario Grieco

Médico, especialista em medicina interna e medicina do trabalho, também é pesquisador de Cannabis Medicinal e Fellowship em Internal Medicine nos EUA, onde viveu por 20 anos, obteve a certificação ECFMG. Além do trabalho como pesquisador, é colaborador do ambulatório do hospital das clínicas na faculdade de medicina da USP e professor do curso de pós-graduação lato sensu em Cannabis Medicinal na Ânima-Inspirali. Foi presidente de seis empresas e atualmente é diretor da clínica Cannabis Care. Considerado um dos 20 líderes mais influentes da América Latina no campo de longevidade, recebeu vários prêmios nos Brasil e nos EUA e publicou seis livros, entre eles "Cannabis Medicinal Baseado em Fatos" e "Cannabis medicinal: fatos ou mitos?"