Empresa jamaicana traz óleos com até 1% de THC para o Brasil

Contudo, a legislação brasileira exige que os produtos à base de cannabis sempre sejam prescritos por um profissional de saúde

Você já se perguntou qual é a quantidade máxima de THC (tetrahidrocanabinol) permitida no Brasil para fins medicinais? Na verdade não existe uma resposta certa para essa pergunta, uma vez que a dosagem ideal é receitada pelos profissionais de saúde a depender da realidade de cada paciente.

Certo é que algumas empresas estrangeiras já importam quantidades que podem ser consideradas altas para algumas pessoas, e uma delas é a Pure Jamaican. Alguns medicamentos da empresa podem atingir 1% do componente em sua concentração, ou seja, até 10mg por miligrama. 

Fundada em 2018 por um grupo de pioneiros no mercado da cannabis, a fabricante divide sua operação em produtos farmacêuticos e de uso adulto (recreativo). Seu co-fundador e CEO, Scott Cathcart, coleciona passagens por laboratórios que verificam a qualidade dos compostos da cannabis.

A Pure Jamaican concentra todas as etapas de fabricação na Jamaica. O país, que é conhecido mundialmente por sua cultura canábica, permite o plantio para fins medicinais desde 2018. As restrições para o THC são menores que nos Estados Unidos, por exemplo, onde o limite permitido pela FDA (Food & Drug Administration – órgão semelhante à Anvisa) é de 0,3%.

Segundo Hermano Cintra, empreendedor e um dos responsáveis por trazer a Pure Jamaican para o Brasil, um dos diferenciais da fabricante é isolar os canabinoides com até 99% de pureza. 

“A concentração de um dos nossos produtos conta com CBD e o CBN a 99%. Juntamos os dois na proporção de um frasco e acrescentamos o óleo de coco. Assim, temos um óleo de 30ml que possui 20 mg de canabinoides isolados”, explica. 

A única exceção é justamente o THC, que chega a 95% de pureza pois seu isolamento é mais caro e as diferenças para percentuais maiores são quase insignificantes.

Histórico de licitações

A Pure Jamaican foi a primeira empresa de cannabis do Caribe autorizada a exportar THC isolado para os Estados Unidos. De acordo com o jornal High Times, os insumos foram recebidos pelo DEA (órgão nacional que administra a fabricação de drogas), que fez testes para avaliar a qualidade dos produtos, estes concluídos com sucesso. 

Já no Brasil, embora o licenciamento tenha sido longo, segundo Hermano, a fabricante também conseguiu ser a primeira a trazer produtos jamaicanos para o país.

“A gente ainda sabe muito pouco do mercado brasileiro, mas temos altas expectativas. O ponto forte é que nós somos uma empresa de cannabis medicinal especializada em THC e queremos comercializar medicações como ‘THC 10:1 CBD’ (ou seja, dez para um), por exemplo”, afirma o empreendedor.

Hermano também destaca que pretende se aproximar dos profissionais de saúde e enviar kits aos pacientes explicando sobre o catálogo de produtos. Contudo, ele ressalta que a escolha por produtos com quantidades maiores de THC sempre dependerá dos prescritores. 

O THC pode ser usado para fins medicinais?

Cientificamente conhecido por “Delta9-Tetrahidrocanabinol”, o componente causa os efeitos psicoativos da cannabis se consumido em altas quantidades.

Porém, estudos de longa data indicam que a substância pode ampliar os efeitos terapêuticos do CBD (canabidiol). Além disso, o THC é um bom relaxante muscular, estimulador do apetite e capaz de aliviar dores crônicas. A substância também pode ser determinante no tratamento do câncer, reduzindo as dores dos cuidados paliativos.

Segundo um estudo recente, um extrato de cannabis foi capaz de diminuir as taxas de crescimento das células cancerígenas de melanoma, além de promover a morte delas. 

Também de acordo com o Instituto Americano do Câncer, altas doses de THC podem eliminar células cancerígenas e impedir o crescimento de outras. A publicação oficial veio depois de um estudo feito com roedores, no qual os pesquisadores observaram a diminuição dos tumores.

No Brasil, produtos à base de cannabis podem ser adquiridos por importação, associações canábicas e em farmácias nacionais. 

Leia mais: Afinal, dá pra comprar cannabis na farmácia?

Os produtos que podem ser comercializados dentro do território nacional receberam autorização sanitária da Anvisa e exigem receitas especiais:

• THC até 0,2% requerem Notificação de Receita B (NRB) – Azul;
• THC acima de 0,2% requerem Notificação de Receita A (NRA) – Amarela

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