O comunicado da empresa farmacêutica GSK (Glaxosmithkline), informando os médicos que submeteu à Anvisa comunicado de descontinuação do Parnate (tranilcipromina) um medicamento antidepressivo do tipo inibidor da monoamina, não foi uma surpresa.
O remédio era causador de inúmeros efeitos colaterais, como alteração do sono, problemas gastrointestinais, falta de coordenação motora e rigidez dos músculos do pescoço, podendo imitar uma hemorragia. Isso sem contar com ansiedade, alucinações, confusão mental, cefaleia e distúrbios sexuais, entre tantos outros.
Antes da pandemia, também ocorreu a suspensão do Lítio, um estabilizador do humor utilizado no transtorno bipolar. Além disso, drogas como a imipramina (potente antidepressivo), pimozida (tratamento da Síndrome de Tourette e tiques motores) e o próprio Lítio, estão seriamente ameaçados de desaparecerem.
Não se trata apenas da questão econômica, mas sim pelos graves efeitos colaterais que causaram à indústria farmacêutica Americana perdas bilionárias devido às inúmeras ações judiciais impetradas pelos pacientes e seus advogados.
Vale lembrar o que aconteceu com a milionária empresa farmacêutica Purdue Pharma e seu produto OxyContin, medicamento que foi central na crise dos opioides.
A empresa se vendeu como única no alívio da dor e sem praticamente efeitos colaterais.
Na época de sua introdução no mercado, uma pesquisa do médico americano Hershel Kick, constatou que apenas 0,03% dos pacientes tratados com opioides haviam se viciado.
Por outro lado, nascia aí a maior epidemia de viciados da história dos Estados Unidos, que em duas décadas tirou a vida de mais de 200 mil pessoas.
Foi o caso de Michael Jackson, por exemplo, cuja autópsia acusou traços de tarja preta. Em 2007, a justiça Americana entendeu que a Purdue Pharma mentiu sobre o potencial viciante do OxyContin e condenou a empresa a pagar uma multa equivalente a mais de 3 milhões de reais na época.
O movimento Choosing Wisely, uma das maiores organizações contra a influência da indústria farmacêutica na medicina, recomenda cuidados no uso prolongado de opioides na dor aguda.
No caso de dor crônica, o conselho é tentar antes alternativas menos nocivas. O uso da cannabis medicinal tem se mostrado uma alternativa importante.
Alguns estudos têm mostrado que a cannabis medicinal oferece melhoras na intensidade da dor. No entanto, o seu principal diferencial está nos poucos efeitos adversos.
Os pacientes que utilizam a cannabis têm significativamente menos probabilidade de abandonar o tratamento em comparação aos opioides.
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Mario Grieco
Médico, especialista em medicina interna e medicina do trabalho, também é pesquisador de Cannabis Medicinal e Fellowship em Internal Medicine nos EUA, onde viveu por 20 anos, obteve a certificação ECFMG. Além do trabalho como pesquisador, é colaborador do ambulatório do hospital das clínicas na faculdade de medicina da USP e professor do curso de pós-graduação lato sensu em Cannabis Medicinal na Ânima-Inspirali. Foi presidente de seis empresas e atualmente é diretor da clínica Cannabis Care. Considerado um dos 20 líderes mais influentes da América Latina no campo de longevidade, recebeu vários prêmios nos Brasil e nos EUA e publicou seis livros, entre eles "Cannabis Medicinal Baseado em Fatos" e "Cannabis medicinal: fatos ou mitos?"
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