Descubra como a cannabis pode ajudar em doenças autoimunes e quando seu uso deve ser evitado por risco de imunossupressão.
Psoríase vulgar, as manchas na pele são geralmente vermelhas, com coceira e escamosas. Foto: Envato
As doenças autoimunes representam um dos maiores desafios da medicina moderna. Elas ocorrem quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, passa a atacar tecidos saudáveis. Nessas condições, surgem sintomas crônicos, inflamações persistentes e, muitas vezes, dor incapacitante.
Nos últimos anos, a cannabis medicinal tem ganhado destaque como possível aliada no controle de doenças autoimunes. Mas será que ela funciona como um imunossupressor tradicional? Ou seu efeito seria apenas imunomodulador? E mais: quando ela pode ser útil — e quando é melhor evitá-la?
Uma doença autoimune acontece quando o sistema imunológico perde a capacidade de diferenciar células próprias das invasoras. Isso leva à inflamação crônica e à destruição de tecidos.
Entre os exemplos mais comuns, estão:
Artrite reumatoide
Lúpus eritematoso sistêmico
Doença de Crohn e colite ulcerativa
Psoríase
Essas condições geralmente exigem tratamento contínuo com imunossupressores ou moduladores do sistema imune.
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Os imunossupressores são medicamentos que reduzem a atividade do sistema imunológico, como a ciclosporina e o metotrexato. Eles são eficazes, mas aumentam o risco de infecções e até de alguns tipos de câncer.
Já os imunomoduladores atuam de forma mais equilibrada: ao invés de “desligar” o sistema imune, eles regulam sua resposta, evitando os extremos.
A cannabis medicinal se encaixa mais como um imunomodulador do que como um imunossupressor.
Os canabinoides — especialmente o CBD (canabidiol) e o THC (tetraidrocanabinol) — interagem com o sistema endocanabinoide, que regula funções como inflamação, dor e imunidade.
Estudos indicam que o CBD pode:
Reduzir a liberação de citocinas inflamatórias
Inibir a proliferação de células T (envolvidas em respostas autoimunes)
Promover equilíbrio entre os tipos de células imunes
Ou seja, o CBD tem um potencial de modular o sistema imune sem desligá-lo totalmente.
Há evidências promissoras para o uso da cannabis em várias doenças autoimunes:
Estudos clínicos e pré-clínicos mostram que o CBD pode reduzir dor e inflamação articular, além de modular a resposta imune.
Pacientes relatam melhora de dores, fadiga e qualidade do sono. Estudos ainda estão em estágio inicial, mas os resultados são animadores.
Essa é uma das doenças com maior respaldo científico para uso medicinal da cannabis, com melhora significativa de espasticidade e dor neuropática.
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Algumas pesquisas sugerem que a cannabis pode aliviar sintomas como dor abdominal e diarreia, além de reduzir a inflamação intestinal.
Apesar do potencial terapêutico, há situações em que o uso da cannabis deve ser evitado — especialmente quando há risco de imunossupressão grave.
Um exemplo é o carcinoma invasivo de grau 2, um tipo de câncer que pode ter componente autoimune. Nesses casos, o uso de qualquer substância com ação imune deve ser feito com muito cuidado, sob acompanhamento médico especializado.
Importante: nem todo câncer contraindica o uso da cannabis, mas é essencial avaliar o caso individualmente.
Outro campo de interesse é o das úlceras na boca relacionadas a doenças autoimunes, como o lúpus ou a síndrome de Behçet. Ainda são poucos os estudos, mas há hipóteses de que o CBD possa ajudar a controlar a inflamação local.
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Antes de iniciar o uso de cannabis em qualquer condição autoimune, é fundamental ter um diagnóstico claro, exames atualizados e acompanhamento com um profissional capacitado. O uso de canabinoides não substitui o tratamento tradicional, mas pode atuar como complementar, reduzindo sintomas e, em alguns casos, permitindo menor uso de medicamentos com efeitos colaterais importantes.
Não. Os canabinoides, em especial o CBD, atuam como imunomoduladores, ou seja, ajudam a equilibrar a resposta do sistema imunológico. Em vez de suprimir toda a imunidade, eles regulam os mecanismos inflamatórios. Por isso, podem ser úteis em algumas doenças autoimunes, mas devem ser usados com cautela — especialmente em pessoas imunossuprimidas ou com câncer.
Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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