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Cannabinologia

Doença autoimune: cannabis pode ajudar?



11/06/2025


Descubra como a cannabis pode ajudar em doenças autoimunes e quando seu uso deve ser evitado por risco de imunossupressão.

Psoríase vulgar, as manchas na pele são geralmente vermelhas, com coceira e escamosas.

Psoríase vulgar, as manchas na pele são geralmente vermelhas, com coceira e escamosas. Foto: Envato

As doenças autoimunes representam um dos maiores desafios da medicina moderna. Elas ocorrem quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, passa a atacar tecidos saudáveis. Nessas condições, surgem sintomas crônicos, inflamações persistentes e, muitas vezes, dor incapacitante.

Nos últimos anos, a cannabis medicinal tem ganhado destaque como possível aliada no controle de doenças autoimunes. Mas será que ela funciona como um imunossupressor tradicional? Ou seu efeito seria apenas imunomodulador? E mais: quando ela pode ser útil — e quando é melhor evitá-la?

O que é uma doença autoimune

Uma doença autoimune acontece quando o sistema imunológico perde a capacidade de diferenciar células próprias das invasoras. Isso leva à inflamação crônica e à destruição de tecidos.

Entre os exemplos mais comuns, estão:

  • Artrite reumatoide

  • Lúpus eritematoso sistêmico

  • Esclerose múltipla

  • Doença de Crohn e colite ulcerativa

  • Psoríase

Essas condições geralmente exigem tratamento contínuo com imunossupressores ou moduladores do sistema imune.

Leia também: Novo estudo: CBD promove melhoras em pacientes com artrite

Imunossupressor ou imunomodulador?

Os imunossupressores são medicamentos que reduzem a atividade do sistema imunológico, como a ciclosporina e o metotrexato. Eles são eficazes, mas aumentam o risco de infecções e até de alguns tipos de câncer.

Já os imunomoduladores atuam de forma mais equilibrada: ao invés de “desligar” o sistema imune, eles regulam sua resposta, evitando os extremos.

A cannabis medicinal se encaixa mais como um imunomodulador do que como um imunossupressor.

Como a cannabis age no sistema imune

Os canabinoides — especialmente o CBD (canabidiol) e o THC (tetraidrocanabinol) — interagem com o sistema endocanabinoide, que regula funções como inflamação, dor e imunidade.

Estudos indicam que o CBD pode:

  • Reduzir a liberação de citocinas inflamatórias

  • Inibir a proliferação de células T (envolvidas em respostas autoimunes)

  • Promover equilíbrio entre os tipos de células imunes

Ou seja, o CBD tem um potencial de modular o sistema imune sem desligá-lo totalmente.

Cannabis e doenças autoimunes: o que dizem os estudos

Há evidências promissoras para o uso da cannabis em várias doenças autoimunes:

Artrite reumatoide

Estudos clínicos e pré-clínicos mostram que o CBD pode reduzir dor e inflamação articular, além de modular a resposta imune.

Lúpus

Pacientes relatam melhora de dores, fadiga e qualidade do sono. Estudos ainda estão em estágio inicial, mas os resultados são animadores.

Esclerose múltipla

Essa é uma das doenças com maior respaldo científico para uso medicinal da cannabis, com melhora significativa de espasticidade e dor neuropática.

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Colite ulcerativa

Algumas pesquisas sugerem que a cannabis pode aliviar sintomas como dor abdominal e diarreia, além de reduzir a inflamação intestinal.

Quando a cannabis não é recomendada

Apesar do potencial terapêutico, há situações em que o uso da cannabis deve ser evitado — especialmente quando há risco de imunossupressão grave.

Um exemplo é o carcinoma invasivo de grau 2, um tipo de câncer que pode ter componente autoimune. Nesses casos, o uso de qualquer substância com ação imune deve ser feito com muito cuidado, sob acompanhamento médico especializado.

Importante: nem todo câncer contraindica o uso da cannabis, mas é essencial avaliar o caso individualmente.

Úlceras bucais autoimunes: evidência ainda incipiente

Outro campo de interesse é o das úlceras na boca relacionadas a doenças autoimunes, como o lúpus ou a síndrome de Behçet. Ainda são poucos os estudos, mas há hipóteses de que o CBD possa ajudar a controlar a inflamação local.

Leia também: Como usar o canabidiol sublingual?

Considerações médicas

Antes de iniciar o uso de cannabis em qualquer condição autoimune, é fundamental ter um diagnóstico claro, exames atualizados e acompanhamento com um profissional capacitado. O uso de canabinoides não substitui o tratamento tradicional, mas pode atuar como complementar, reduzindo sintomas e, em alguns casos, permitindo menor uso de medicamentos com efeitos colaterais importantes.

FAQ – Cannabis é imunossupressora?

Não. Os canabinoides, em especial o CBD, atuam como imunomoduladores, ou seja, ajudam a equilibrar a resposta do sistema imunológico. Em vez de suprimir toda a imunidade, eles regulam os mecanismos inflamatórios. Por isso, podem ser úteis em algumas doenças autoimunes, mas devem ser usados com cautela — especialmente em pessoas imunossuprimidas ou com câncer.

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Lucas Panoni

Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.