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Saúde e Ciência

Cultivo orgânico de cannabis: como fazer



24/06/2020



Para os que estão pensando em iniciar no mundo do cultivo orgânico de cannabis, é importante aprender algumas coisas sobre o solo em que deseja cultivar.

Um substrato orgânico adequado, geralmente é o aspecto mais importante e muitas vezes esquecido durante o processo de cultivo.

Quando pensamos sobre os solos, muitas vezes vem à mente as terras compradas em supermercados, que geralmente vem em sacolas de plástico pré-misturada. É mais fácil e barato começar assim. Muitos desses ”super-solos” pré-misturados são, de fato, orgânicos e excelentes para os jardineiros iniciantes.

No entanto, construir o próprio solo em casa pode ser tão fácil, econômico e acessível quanto o método citado acima. Criar o próprio super-solo também leva ao aprendizado sobre a ciência da terra e como os componentes podem afetar no crescimento da cannabis.

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O que é um super-solo orgânico de cannabis?

O fator chave em orgânicos é a vida do solo. Uma terra orgânica apropriada, nas palavras do famoso cientista Jeff Lowenfels, está ”unindo-se à vida”.

Um copo cheio de solo orgânico adequado pode conter mais organismos vivos individuais do que os humanos que habitam o planeta. Isso é muita vida!

Cada organismo dentro deste habitat serve ao solo na cadeia da vida (às vezes também chamada de cadeia alimentar). Essa rede não é somente auto-sustentável, mas também tem a capacidade de converter e fornecer nutrientes acessíveis para as plantas.

Manter um jardim de cannabis orgânico cultivado em super-solo pode exigir nada mais que a adição de água.

O termo ”super-solo” está presente na comunidade de cannabis orgânica há algum tempo. Surgiu quando as práticas de cultivo orgânico estavam apenas começando a entrar na metodologia de plantação da cannabis.

Talvez o indiscutível rei dos super-solos orgânicos seja o Subcool of TGA Genetics, que a poucos anos atrás publicou sua receita em um artigo do site da High Times. Desde então, ela serviu como um totem para a comunidade de cultivação de cannabis orgânica. Praticamente todo artigo subsequente sobre super-solos orgânicos faz referência a receita do SubCool, e por um bom motivo: ela funciona.

4 passos para construir um solo orgânico de cannabis

O plantio de cannabis organicamente capacita os cultivadores a produzirem um produto de alta qualidade, sem interferir nos nutrientes químicos que podem queimar ou matar as plantas. 

Para criar um solo que fornece o meio ambiente perfeito, é necessária uma cartilha básica que contém a melhor forma de trabalhar com ele e quais os nutrientes são necessário para ajudar as plantas a prosperar. É importante entender o que o cultivador deseja em seu solo, e então é possível produzir a própria mistura que tem menos custos e contém todos os nutrientes essenciais.

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Passo 1: Saber o que há no solo

Para construir um solo de qualidade, é necessário primeiro saber com o que há nele para começar. Quando o solo é comprado, há uma lista de ingredientes e informações sobre quais nutrientes estão disponíveis. Se o cultivador deseja usar a terra que já está sobre o jardim ou uma que foi retirada de outras fontes, é impossível saber de imediato o que está nesse solo. Para isso, é necessário enviar um teste da superficie que fornece uma compreensão básica de quais nutrientes ele contém.

Através do contato das mãos com o solo é possível conhecê-lo mais ainda. É compacto ou fofo? É arenoso ou argiloso? É úmido ou seco? Tem vermes ou insetos? Tudo isso pode ser percebido simplesmente com ao ver e tocar.

Passo 2: Encontrar as alterações corretas do solo

Depois de conhecer os níveis de nutrientes e a textura do solo, é o momento de adicionar algumas alterações necessárias. A construção básica para plantas é baseada no NPK. Isso inclui:

  • Nitrogênio (N);
  • Fósforo (P);
  • Potássio (k).

Para construir um solo saudável, esses nutrientes precisam estar acessíveis para a absorção da planta.

Nutrientes ricos em nitrogênio

  1. Fundição sem-fim: fornece uma fonte rápida de nitrogênio para as plantas enquanto e, ao mesmo tempo, introduz bactérias saudáveis, as carcaças de vermes contém muitos micronutrientes dependendo do local de origem;
  2. Refeição crustáceo: um pouco, mais devagar do que as carcaças de verme, a farinha de crustáceo fornece nitrogênio, fósforo, cálcio e quitina (parte integrante da parede celular) ao solo. Os micróbios que comem quitina ajudam a manter nematóides (animais cilíndricos) afastados;
  3. Fezes de morcego: fornece níveis altos de nitrogênio e fósforo. Faz maravilhas para sustentar o crescimento das plantas enquanto diversifica as bactérias e micróbios dos solos.

Nutrientes ricos em fósforo.

  1. Farinha de osso: geralmente vem dos ossos do gado e ajuda a manter os níveis de fósforo. É bom ter em mente que o solo precisa estar com o nível de pH abaixo de 7 para que a farinha seja mais eficaz;
  2. Estrume de frango: é um ótimo caminho para introduzir tanto o fósforo quanto o nitrogênio. Deve ser escolhido um estrume de alta qualidade que seja totalmente processado e feita a alteração do adubo no solo com tempo suficiente para que o adubo esfrie;
  3. Poeira de rocha: libera lentamente a fonte de fósforo que pode ser eficaz no solo durante anos, mas não funciona bem em solo com o pH acima de 7.

Nutrientes ricos em potássio

  1. Refeição de algas: é uma grande fonte de potássio que promove diversidade microbiana no solo. Uma alteração solúvel em água, podem ser aplicada com água ou diretamente com as mãos no solo;
  2. Cinzas de madeira: pode ser usado para aumentar os níveis de potássio no solo, mas lembrando que geralmente aumenta o pH, portanto, deve ser testados os níveis do pH no solo;
  3. Compostagem: pode ser uma fonte excelente de potássio para o jardim, especialmente se tiver cascas de frutas.

Essas três alterações básicas são muito importantes, mas existem também micronutrientes que ajudam no crescimento das plantas. Produtos como gesso, azomite (adubo natural) e farinha de algas podem adicionar muitos micronutrientes para fortalecer a superficie. Quando se trata de solo, uma larga diversidade de nutrientes pode introduzir sabores, aromas e efeitos no final da produção.

Deve-se também considerar as alterações que mudam a densidade, fluxo de ar e a capacidade de reter água. Por exemplo, perlita (vidro vulcânico) e turga (material de origem vegetal) podem melhorar a drenagem e a retenção de água.

Introduzir vermes saudáveis e fungos também pode ajudar a afofar o solo, portanto, melhorando a estrutura.

Um solo saudável mantêm a si mesmo, e os organismos vivos colhem e compartilham os benefícios com as plantas cannabis.

Passo 3: Mistura do solo

Para cultivar o solo, deve-se fazer a escavação manual ou o uso de um rototiller (um equipamento apropriado para escavação).

Isso leva tempo, pois deve ser feita uma verificação para ver se tudo está adequadamente misturado e se todos os cantos foram alcançados.

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Uma vez que tudo é misturado, o solo deve ser regado. Esse processo deve ser repetido muitas vezes por dia até que o solo esfrie. Neste ponto, o solo está pronto para receber as sementes ou clones.

Apesar do cultivo da superfície ser necessário para o primeiro ano de jardinagem, ainda é discutido se o cultivo anual é ou não benéfico. O argumento contra o plantio direto é que pode dividir uma complexa rede dos micélios (parte vegetativa de um fungo) , túneis, vermes e cavidades criadas pelos organismos benéficos do solo.
Contudo, para lavrar anualmente o local, é possível alterar e quebrar as plantas de cobertura, garantindo que todos os nutrientes do solo estejam misturados e disponíveis.

Passo 4: Preparação do solo para a próxima estação

Para proteger o solo para as próximas estações, é necessário remover os caules e as raízes das plantas de cannabis anteriores, pode ser aplicadas no solo desde que estejam decompostas.

Em seguida, a superficie deve ser coberta durante o inverno. As culturas comuns usam os legumes e rabanetes.

As leguminosas preservam o nitrogênio, enquanto os rabanetes ajudam a arejar e a livrar os solos profundos. Essas coberturas precisam ser destruídas antes de serem plantadas. Isso pode ser feito através da lavradora ou cortando a grama para matar as plantas.

No período intermédio entre uma safra e outra, os nutrientes podem ser adicionados de volta ao jardim, vestindo a superficie. Adicionar composto, adubo e outras emendas e permitir que as chuvas tragam os nutrientes para o solo é uma ótima maneira de melhorar a qualidade sem ter que fazer muito trabalho.

Construir o próprio solo é um investimento gratificante que apenas fortalece a compreensão da jardinagem e de como as plantas crescem e prosperam.

Com um local de qualidade, ocorre uma grande redução na alimentação líquida, economizando tempo e dinheiro.

Cultivo no Brasil

O cultivo orgânico de cannabis é pouco praticado no Brasil por motivos óbvios: a proibição da cannabis, com o risco de ser preso simplesmente por cultivar uma planta. A pena para flagrante, pode levar de até 15 anos de prisão.

Para uso medicinal, somente mediante a autorização judicial e a importação só pode ser feita com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O cultivo deve ser feito com autorização da justiça estadual, seguindo uma série de requisitos.

Referências:

  • Leafly

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Bruno Oliveira

Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.