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Coisa de criança… 



08/08/2023



Vez ou outra nos deparamos com notícias de crianças que se intoxicaram com comestíveis de cannabis e foram parar no hospital. Isso deixa um alerta sobre onde armazenamos os nosso medicamentos.

Em sua maioria, as crianças acabam comendo por conta da aparência, como as gummies com formato de ursinhos e animais coloridos, mas não tem a mínima noção de que aquilo é uma medicação à base de cannabis por muitas vezes com uma concentração alta de THC (tetrahidocanabinol).

Esse é um tema delicado que pode acabar trazendo consequências importantes se o medicamento estiver perto e com fácil acesso para as crianças. Por muitas vezes acabamos nos descuidando e não prestando atenção nesse detalhe. 

É mais comum do que pensamos…

A frequência com que essa situação ocorre é mais comum do que se imagina, ainda mais se tratando em países como Estados Unidos e Canadá, em que o uso da cannabis é mais acessível em diferentes formas.

Um estudo publicado no periódico científico Pediatrics, aponta que as ocorrências dispararam nos últimos anos. Em 2017, ocorreram 207 atendimentos em centros médicos foram de crianças intoxicadas por THC.

Em 2021, o número saltou para 3.054 casos. Quase todas as crianças, ou 97%, segundo o levantamento, encontraram os comestíveis em casa. 

Os vilões

A ingestão destas gummies pode provocar efeitos colaterais sérios em menores, incluindo confusão mental, alucinações, vômito e aceleração da frequência cardíaca. Em casos mais graves, as crianças podem ter dificuldade para respirar e até entrar em coma. Isso acontece pelos seguintes fatores:

  • Falta de metabolização – Os comestíveis geralmente são feitos com altas quantidades de THC e voltadas para o uso adulto. Contudo, o corpo das crianças ainda está se desenvolvendo e elas não conseguem metabolizar as substâncias direito.

  • Consumo exagerado – Que as crianças gostam de doces não é novidade para ninguém. Todavia, há algumas que querem comer até demais, o que, mesmo sem maconha, pode causar diarreia e outras consequências. Os efeitos do THC não aparecem na hora em que se consome, mas até 12 horas depois. Isso pode fazê-las exagerar o consumo por não sentirem nada de errado. 

Não há motivo para que adultos evitem o consumo, já que todos os produtos disponíveis no mercado passam por um processo de liberação. Especialistas recomendam apenas que os pacotes sejam armazenados corretamente, longe do alcance de crianças.  

Adultos também podem exagerar na dose

Exatamente por conta da demora na aparição dos efeitos, muitos adultos tendem a exagerar no consumo, o que também pode levar a resultados ruins. 

Segundo estudo apresentado no Annals of Internal Medicine, as idas em hospitais por intoxicação de cannabis nos Estados Unidos triplicou nos últimos anosDe 2012 a 2016, mais de 2.500 pessoas foram parar na emergência por causa da maconha.

No estado do Colorado, por exemplo, a ingestão tem sido maior até que a participação do mercado de comestíveis.

Isso nos deixa um alerta sobre a importância com os cuidados redobrados sobre nossos pequenos e com nós mesmo, como foi mostrado acima.

Além do consumo orientado e responsável dos medicamentos, especialistas recomendam apenas que os frascos sejam armazenados corretamente, longe do alcance de crianças.  

 Participação especial neste artigo: Daniel Alves Fixa, enfermeiro navegador da equipe de Cuidado Coordenado da Cannect. 

Sobre as nossas colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Marcella Tardeli

Enfermeira e Mestre pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Enfermagem em Oncologia pela Fundação Antônio Prudente. Pós-Graduação em Cuidados Paliativos e Psico-sócio-oncologia pelo Instituto Pallium Latinoamerica - Universidad del Salvador (Argentina). Aromaterapeuta pelo Instituto Harmonie. Founder da Ophicina de Cuidados Paliativos. Uma das organizadoras do livro "Cuidados Paliativos: diretrizes para melhores práticas." Gerente de Cuidado Coordenado na Cannect.