Ela ficou famosa mundialmente depois da sua história de vida aparecer em um documentário na CNN, que inspirou milhares de pessoas a procurarem a planta como tratamento. Sua influência foi tão grande, que um medicamento à base de CBD com baixo teor de THC foi batizado de Charllote’s Web, em sua homenagem.
A menina tinha 13 anos e foi contabilizada como uma das 179 vítimas da COVID-19 no Colorado, somando os mais de 13 mil casos nos Estados Unidos. Ativistas e engajados na causa lamentaram a sua morte nas redes sociais.
No entanto, algumas horas depois da confirmação da sua morte, sua mãe Page Figi, mudou a versão. Apesar da família toda estar doente há um mês, ela escreveu nas redes socais que o teste feito na menina para Coronavírus deu negativo. Ela afirma que a menina teve uma convulsão “incomum” e não resistiu. O seu óbito foi registrado como COVID-19.
Desde os três meses de idade a pequena Charlotte sofria convulsões diárias por causa da Sindrome de Dravet, ela chegou a enfrentar 300 crises por semana aos cinco anos de idade. Seus pais tentavam de tudo para ajudar a reduzir as convulsões, acupuntura, dietas exóticas, mas nada adiantava.
A menina tinha ido parar no hospital por complicações no dia 5 mas voltou. No dia 7 ela teve uma convulsão grave e morreu.
A menina chegou até a tomar doses altas de injeções alopáticas, o que colocou a sua vida em risco, e não deu muitos resultados. O desespero foi ainda maior quando Charlotte começou a perder a capacidade de andar e falar.
Em 2012, em busca de qualquer alternativa, Page Figi, soube de um dispensário de cannabis em Denver, no Colorado. O óleo, que era rico em CBD e com baixo teor de THC se mostrou ter resultados já nas primeiras horas após o uso. As convulsões reduziram para algumas por semana e depois duas ou três por mês. No processo, ela também começou a parar de tomar os medicamentos alopáticos, mas a melhora se manteve.
Depois da melhora considerável os pais, juntos a seis irmãos que cultivava cannabis no estado chamados de “Irmãos Stanley”, trabalharam em uma cepa que continha o mesmo resultado do remédio de Charlotte, alto teor de CBD. O óleo começou a beneficiar não só a menina, mas também outros pacientes convulsivos e também com outras doenças.
Com o crescimento da divulgação da cepa, os irmãos Stanley batizaram o remédio de Charlotte’s Web. A partir desta iniciativa, outras apareceram e os seis irmãos criaram uma ONG sem fins lucrativos, chamada de Realm of Caring, que até hoje doa cannabis para pacientes que têm uma variedade de doenças e precisam da cannabis medicinal.
Um ano depois, a sua história rendeu um documentário na CNN. “Weed” também tinha o depoimento de Sanjay Gupta, um médico que revelou que a sua opinião sobre a planta mudou depois de conhecer a luta de Charlotte Figi.
Em um editorial à CNN ele afirmou: “Fomos enganados por quase 70 anos sobre isso, (sobre a cannabis), peço desculpas pelo meu papel nisso”.
Mesmo sem mensurar a dimensão do seu impacto, a menina deixou um legado de esperança para o mundo. A sua história quebrou paradigmas e inspirou várias mudanças na visão da cannabis como medicamento.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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