Apesar da pesquisa feita em camundongos, já há outros estudos semelhantes sobre cannabis e glioblastoma, e até um caso em que houve uma redução de 76% em uma paciente.
Mais uma pesquisa constatou que o canabidiol (CBD) pode servir como tratamento para o Glioblastoma. O câncer cerebral é altamente agressivo, e que causa preocupação pela comunidade científica por causa da sua alta taxa de incidência.
O estudo feito em animais mostrou que o CBD inalado diminuiu o crescimento do tumor, além de alterar a dinâmica do microambiente tumoral, o que também auxiliou no combate à doença.
No Brasil, ele faz parte do grupo de cânceres cerebrais e do Sistema Nervoso Central, que chegam a uma incidência de 10 mil casos a cada dois anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Como o estudo foi feito
A investigação, conduzida por pesquisadores da Universidade Augusta, nos Estados Unidos, foi feita em camundongos com células modificadas contendo o glioblastoma.
Os roedores foram divididos em dois grupos, um utilizou a substância e outro o placebo em um total de sete dias. Durante o curto período, os cientistas perceberam que os roedores tratados com o canabidiol tiveram o tumor reduzido significativamente.
Barak Baban, imunologista e reitor associado da pesquisa do Dental College of Georgia da universidade, também diz ter notado uma diferença no microambiente, o que também está associado ao crescimento do câncer.
Isso porque o microambiente tumoral é formado tanto por células cancerígenas quanto vasos sanguíneos e células imunes, o que contribui na melhora ou piora da doença.
Quebra da resistência
A capacidade do CBD de reduzir inflamações não é uma novidade, contudo, segundo o estudo, a substância foi capaz de reprimir uma proteína chamada P-selectina, que ajuda o câncer a se espalhar e resistir a tratamentos convencionais.
Assim também como a apelina, uma enzima associada ao desenvolvimento do tumor na fase inicial. A molécula também atua no crescimento crítico dos vasos sanguíneos tumorais, por isso, a sua inibição é tão importante.
Apesar dos resultados promissores, os cientistas ainda precisam entender por quanto tempo os efeitos permanecem no organismo.
Outros estudos
Não é de hoje que os cientistas exploram o uso do CBD no tratamento do glioblastoma. Como por exemplo, um estudo alemão, feito pela Ludwig Maximilians University Clinic em Munique.
Os cientistas perceberam que o CBD bloqueou uma importante via de sinalização para o glioblastoma. Este efeito impediu que ele crescesse de forma constante.
O canabidiol com alta pureza nas células tumorais de ratos e também de humanos, teve uma ação bem rápida: em apenas três dias as células tumorais morreram.
Além da descoberta, os pesquisadores também perceberam espécies de “biomarcadores”, que podem identificar quais os casos de tumores podem ser tratados com a cannabis.
Prova viva
Em outubro do ano passado, uma idosa de 80 anos no Reino Unido viu o seu câncer no pulmão direito reduzir 76% depois do uso do CBD. O caso foi documentado e publicado em um artigo na BMJ Case Reports.
Em quase três anos de uso, o tumor reduziu 41 mm até março de 2021. Uma redução de 76% do tamanho.