Neurologista explica como o tratamento com Cannabis medicinal tem trazido benefícios significativos para o tratamento de epilepsia refratária, superando os resultados das terapias convencionais
Como a cannabis está transformando o tratamento epilepsia refratária
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Epilepsy Foundation, apontam que a epilepsia é um distúrbio neurológico crônico que afeta cerca de 60 milhões de pessoas globalmente.
No Brasil, o Ministério da Saúde estima que aproximadamente 2 milhões de pessoas vivam com a condição, doença impactando inclusive crianças em diversas faixas etárias.
E no Dia Mundial da Conscientização sobre a Epilepsia, é fundamental esclarecer o impacto dessa condição na vida de muitos brasileiros. Principalmente quando falamos da epilepsia refratária.
Apesar dos avanços no tratamento, cerca de 30% dos pacientes com epilepsia ainda enfrentam crises epilépticas frequentes, mesmo após o uso de medicamentos convencionais. Este é o caso de indivíduos com epilepsia refratária, que não respondem ao tratamento convencional, o que representa um grande desafio para a medicina.
Nesse contexto, o uso de outros tratamentos, como o CBD (canabidiol), tem ganhado destaque. Especialmente no tratamento de formas graves e resistentes da doença, ajudando particularmente no controle das crises em crianças.
De acordo com o Dr. Luis Otavio Caboclo, Chief Medical Officer da Endogen e professor assistente de neurologia da Faculdade Israelita Albert Einstein, o CBD tem mostrado resultados promissores no tratamento de epilepsias complexas, como as Síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut.
“Pesquisas científicas têm validado os benefícios do canabidiol na redução significativa da frequência das crises em pacientes que não obtêm resultados com os medicamentos tradicionais”, comenta o especialista.
Exemplo disso é um estudo publicado na The New England Journal of Medicine em 2017 demonstrou que mais de 40% dos pacientes com Síndrome de Dravet, uma forma rara e grave de epilepsia,
Ela provoca crises extremamente resistentes ao tratamento clínico. No estudo, a cananbis apresentou uma redução de pelo menos 50% nas crises após o uso do CBD, comparado a apenas 27% dos indivíduos que receberam placebo.
No ano seguinte, o mesmo grupo de pesquisadores publicou, na mesma revista médica, um estudo sobre o tratamento da Síndrome de Lennox-Gastaut com CBD, cujos pacientes têm crises de queda muito frequentes, podendo se machucar gravemente.
Os estudos mostraram que o canabidiol reduziu em mais de 40% a frequência das crises de queda em pacientes com essa forma da doença.
“O que sabemos é que ele interage de forma diferenciada com o sistema nervoso central. É possível que o efeito antiepiléptico do CBD seja mediado por outros receptores, ou ainda através da modulação dos efeitos de canabinoides endógenos, como a anandamida. Entretanto, novos estudos serão necessários para elucidar esses pontos”, explica.
Os fármacos anticrise habitualmente utilizados no tratamento da epilepsia em crianças ainda hoje podem causar efeitos adversos, como sonolência, tontura, piora da atenção e da concentração e alteração do peso.
No entanto, de acordo com Dr. Caboclo, não há estudos que comprovem que o CBD possa ser usado como único tratamento (monoterapia) em crianças com epilepsia.
“O tratamento da epilepsia, tanto em crianças quanto em adultos, deve ser personalizado e supervisionado de perto por um profissional de saúde. O CBD não deve ser considerado como um tratamento único. Mas sim como uma opção terapêutica associada a outros medicamentos. Particularmente para crianças com epilepsia de difícil controle”, alerta o médico.
Além disso, os pais e cuidadores devem seguir a orientação médica e compreender que o CBD, como qualquer outra medicação, exige administração cuidadosa e monitorada.
No caso da epilepsia infantil, o médico ressalta que é preciso considerar todas as opções terapêuticas, incluindo o CBD. Mas escolher o tratamento com base no perfil de eficácia, na segurança em relação a efeitos adversos e em fatores como a idade do paciente.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduada na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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