O que o Globo Repórter não disse sobre cannabis medicinal?

O que o Globo Repórter não disse sobre cannabis medicinal?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Apesar de gerar grande relevância, a reportagem abordou alguns temas relacionados à cannabis medicinal apenas superficialmente

O que o Globo Repórter não falou sobre cannabis medicinal?
A cannabis medicinal foi tema do Globo Repórter da última sexta-feira (3). Foto: Reprodução/ Rede Globo

Na última sexta-feira (3), uma reportagem especial exibida no Globo Repórter destacou a nível nacional um assunto que aqui na Cannalize estamos bastante acostumados: a cannabis medicinal.

O Globo Repórter é um programa jornalístico semanal, exibido na Rede Globo desde 1973. Apresentado pela renomada jornalista Sandra Annemberg, aborda temas variados, como ciência, viagens e terapias. Normalmente, os assuntos explorados neste programa são considerados de prestígio popular e democrático. 

Porém, apesar de gerar grande relevância, por ser exibida em um dos horários mais nobres da TV brasileira, alguns temas relacionados à cannabis medicinal foram abordados pela reportagem apenas superficialmente. 

Neste texto, você encontrará informações mais aprofundadas sobre tópicos importantes da cannabis medicinal que o Globo Repórter deixou passar.

Quem foi Elisaldo Carlini?

Quem foi Elisaldo Carlini?
O cientista descobriu as propriedades do canabidiol (CBD) no tratamento de convulsões. Foto: José Luiz Guerra / DCI Unifesp

Entre os especialistas entrevistados pela reportagem, uma cientista da Unifesp chamada Soraya Ismaili disse ter trabalhado com Elisaldo Carlini, um dos pioneiros da pesquisa com cannabis no Brasil, nos anos 1950.

A reportagem expõe rapidamente que o professor foi perseguido e preso, aos 87 anos, acusado de fazer apologia às drogas.

Mas para além da prisão e das más interpretações a seu respeito, Elisaldo Carlini teve uma contribuição bastante significativa para a ciência da cannabis.

Foi ele quem descobriu as propriedades do canabidiol (CBD) no tratamento de convulsões como a epilepsia de difícil controle, e por 40 anos defendeu a cannabis medicinal aqui.

O médico trabalhou ao lado de grandes nomes do mundo canábico, como o químico israelense Raphael Mecholaum, considerado patrono da cannabis medicinal. 

O que é o Sistema Endocanabinoide?

Outro assunto que não foi dito no Globo Repórter, foi sobre as moléculas produzidas pela cannabis que estão naturalmente no nosso corpo. Chamada de endocanabinoides, as substâncias que são encontradas tanto na planta como no organismo ajudam a regular a homeostase, ou seja, o equilíbrio do corpo.

Elas funcionam através do chamado Sistema Endocanabinoide, um sistema que está presente em quase todo o corpo. Se uma pessoa está com dor, por exemplo, o próprio organismo envia canabinoides que sinalizam para os nossos receptores que há algo de errado e precisa ser corrigido.

A grande vantagem da cannabis é que a planta também possui canabinoides, que podem servir de complemento aos nossos. Eles podem sinalizar de forma direta ou indireta os nossos receptores e assim, ajudar em uma série de condições médicas.

Há muitos canabinoides além do CBD e do THC

O que o Globo Repórter não falou sobre cannabis medicinal?
Folha da cannabis exibida na reportagem da última sexta-feira (3). Foto: Reprodução/ Rede Globo

Sem dúvidas, o CBD (canabidiol) e o THC (Tetrahidrocanabinol) são as substâncias mais conhecidas da cannabis, porém não são as únicas. A planta possui mais de 400 substâncias com propriedades terapêuticas, cerca de 100 delas são canabinoides. 

Moléculas que são menos conhecidas porque são produzidas de forma menos abundante que os dois principais compostos. Mas isso não quer dizer que também não são úteis e não tenham características próprias. Veja alguns deles:

  • CBN

O Canabinol é um canabinoide menor que surge após o envelhecimento do THC. Quanto mais velha é a planta, mais CBN vai conter. Contudo, assim como o CBD, ela não possui efeitos psicoativos e pode ser útil para tratar infecções e inflamações graves. 

  • CBG

O canabigerol também é outro canabinoide bastante interessante. Alguns estudos têm demonstrado que a molécula pode acelerar o processo de regeneração de ferimentos.

Outras pesquisas ainda demonstram propriedades terapêuticas para o tratamento do glaucoma. Sem contar que a molécula também possui propriedades ansiolíticas e anticonvulsivantes.

  • THCV

O chamado tetrahidrocanabivarin é um composto com a mesma estrutura molecular que o THC, mas com efeitos diferentes Enquanto o THC causa fome, a substância pode ser usada como um inibidor de apetite. 

Algumas pesquisas mostram propriedades medicinais no tratamento de diabetes e até Alzheimer.

Leia mais sobre outros canabinoides 

É possível comprar cannabis na farmácia a preço acessível?

Como comprar cannabis medicinal na farmácia?
Afinal, dá pra comprar cannabis na farmácia? Foto: Freepik

A reportagem também abordou a grande margem de preços dos produtos à base de cannabis que podem ser encontrados nas farmácias brasileiras. Pelo menos 18 produtos são autorizados pela Anvisa pela RDC nº 327, de 2019 e, segundo o último anuário da Kaya Mind, seus preços variam de R$120 a R$5 mil. 

O valor destes produtos nas farmácias é um dos principais impeditivos apontados pelos pacientes que procuram o tratamento. De acordo com uma pesquisa da Anvisa feita com 518 pacientes, 355 indicaram o custo elevado como um problema. 40% dos entrevistados também disseram que não é possível encontrar os produtos de cannabis em todas as farmácias.

No entanto, uma alternativa para os quase 100 mil brasileiros que optam por essa via de acesso é a farmácia da Cannect. Localizada em Maringá, no Paraná, a unidade comercializa produtos de ao menos sete laboratórios diferentes, com preço mais acessíveis que o normal. Além disso, os produtos são enviados para todo o país com menor prazo de entrega.

Leia mais: Onde consigo comprar cannabis no Brasil?

Como faz para importar cannabis medicinal?

Como faz para importar cannabis medicinal?
Produtos importados são encontrados em maior variedade de formas e preços. Foto: Freepik

Ouvir a palavra “importação” pode remeter a um processo caro e complexo. Na verdade, essa é a forma mais acessível de encontrar uma grande variedade de produtos de cannabis. Formas farmacêuticas como gummies, cremes e supositórios só podem ser adquiridos por brasileiros através deste caminho.

Para comprar um produto importado, você precisará de uma prescrição assinada por um profissional legalmente habilitado, como um médico ou cirurgião-dentista. Depois disso, será necessária uma autorização da Anvisa para importações. Todas as etapas são preenchidas pela Plataforma de Serviços do Governo Federal (gov.br).

Tem dúvidas sobre essa etapa? Autorização de importação de produtos de cannabis em 5 passos

É verdade que os produtos demoram mais para chegar por essa via de acesso, os produtos costumam chegar em até 30 dias úteis, porém, é a mais vantajosa em termos de custo. Segundo uma análise comparativa dos óleos importados pela Cannect, o custo médio mensal do tratamento é R$366,35.

Onde comprar cannabis medicinal?

Encontrar produtos de cannabis de qualidade é uma tarefa que exige cuidado e atenção. Diversos sites se aproveitam da necessidade de muitos pacientes de começar um tratamento para comercializar medicamentos falsos. 

Atente-se: 96% dos produtos de CBD anunciados na Amazon não são confiáveis

Portanto, o primeiro passo é procurar produtos bem avaliados por especialistas. Pela Cannect, você poderá encontrar opções certificadas e testadas em laboratórios e ainda agendar uma consulta com profissionais de saúde especializados em cannabis medicinal. 

Lembre-se: o tratamento só é permitido no Brasil se for receitado por um médico ou cirurgião-dentista legalmente habilitado. Você pode tirar suas dúvidas por aqui.

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