Engana-se quem pensa que performance esportiva é um conceito discutido apenas para atletas de alto rendimento.
Com a busca crescente a práticas esportivas, principalmente após a pandemia, há o surgimento de novas demandas no universo do exercício físico e esporte, em que além da prática, o esporte se torna um estilo de vida.
E assim, praticantes de exercício físico e atletas amadores procuram novas e antigas formas de melhorar a qualidade de vida e impulsionar o rendimento esportivo.
Performance esportiva, rendimento esportivo ou desempenho esportivo têm o mesmo significado, representando o resultado que indivíduos alcançam no contexto de alguma modalidade esportiva através da manifestação de suas capacidades físicas – como velocidade, força, resistência, coordenação, flexibilidade.
Sendo que um rendimento esportivo satisfatório, depende de diversos fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo, como genética, qualidade do sono, nutrição, bem-estar mental e emocional, movimentação, recuperação e regeneração.
Todos esses pilares atuam de maneira individual e interdependente e, para que um atleta, seja ele amador ou profissional, tenha um bom desempenho esportivo, independente da modalidade, precisa de um sono de qualidade, uma alimentação equilibrada, um bem-estar mental e emocional.
Além de uma sessão de treinamentos adequada, com uma rotina de descanso e recuperação bem estabelecidas.
Parece simples na teoria, mas na prática, ter uma rotina completamente equilibrada e respeitar esses pilares, não é tão fácil.
Sobretudo em um mundo com incidências aumentadas de distúrbios do sono, problemas de saúde mental, questões alimentares e nutricionais e lesões esportivas.
Diversas intervenções podem ser realizadas com o intuito de fomentar esses pilares. Desde o acompanhamento multidisciplinar – com médicos, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas –, o uso de tecnologias e acessórios esportivos, de suplementos alimentares e até medicamentos.
Nesse contexto, o uso de produtos derivados da cannabis entre praticantes de exercício físico e atletas está se tornando cada vez mais frequente.
Em primeiro lugar, pela maior permissividade em relação ao uso de fitocanabinoides em diversos lugares e
também, pelas diversas propriedades e benefícios que podem oferecer no contexto esportivo.
Existem evidências que sugiram propriedades benéficas dos fitocanabinoides, especialmente do canabidiol (CBD) – ansiolíticas, antidepressivas, anti-inflamatórias, antioxidantes – sendo uma potencial estratégia de recuperação da fadiga e danos musculares relacionados ao esforço físico e cognitivo nos esportes.
Os fitocanabinoides ainda podem exercer um papel significativo na melhora da qualidade do sono, que é um dos processos fisiológicos que mais impacta na melhora da resistência, na restauração física e mental, e consequentemente no rendimento esportivo.
As evidências apoiam o uso do CBD, o fitocanabinoide atualmente mais estudado, um potencial ergogênico para melhorar a eficácia e a eficiência dos processos de recuperação durante o exercício e a fadiga relacionada ao esporte.
Isso contribui para a recuperação do exercício, através de suas ações como anti-inflamatório e analgésico, e contribuindo para o bem-estar mental e emocional, agindo como ansiolítico.
Os outros fitocanabinoides, porém, ficam em um limbo sobre seus papéis exatos na melhora da performance esportiva por causa da falta de estudos e regulamentações existentes.
Sabe-se, entretanto, que os fitocanabinoides psicoativos como o tetrahidrocanabinol (THC) podem, além de atuar no controle da dor e do apetite, vitais para a manutenção dos pilares já citados da performance esportiva, contribuir para o aumento da euforia, do foco e do relaxamento antes e durante os exercícios físicos.
Ele ainda age como broncodilatadores e vasodilatadores. A contribuição direta dessas ações para a performance esportiva e a aptidão cardiovascular são desconhecidas, mas merecem um enfoque maior à medida que cada vez mais produtos à base de cannabis são regularizados.
Apesar da literatura sobre o uso da cannabis no esporte ser limitada, as evidências atuais mostram que os produtos à base de cannabis podem modular positivamente os pilares da performance esportiva melhorando a qualidade do sono, atuando no bem-estar mental e emocional, controlando o apetite, aumentando a motivação aos treinos, e auxiliando na recuperação e regeneração após os exercícios.
Além disso, a cannabis pode afetar os sistemas cardiovascular e respiratório, e é possível que essas alterações possam trazer contribuições ao desempenho esportivo.
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Jessica Durand
Médica graduada pela Universidade Cidade de São Paulo, pós-graduada em Medicina Esportiva pelo Instituto Vita e em Cannabis Medicinal pela Unyleya. Possui certificação internacional em terapias à base de cannabis pela Green Flower. Atleta amadora, enxerga na prática clínica o potencial da cannabis medicinal na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes, com foco especial em praticantes de atividades físicas e atletas amadores, semiprofissionais ou profissionais. Compõe o núcleo de medicina esportiva da Gravital, atuou como consultora de assuntos médicos do Atleta Cannabis.
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