Brasil pode ser um forte exportador de cannabis, segundo estudo

Brasil pode ser um forte exportador de cannabis, segundo estudo

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

O país tem quase oito milhões de quilômetros quadrados disponíveis que poderiam produzir até 12 toneladas de papel de cânhamo por hectare. Isso sem contar outros tipos de insumos, que poderiam chegar a U$S 2,4 bilhões.

Segundo uma pesquisa feita pela ADWA Cannabis, startup que desenvolve tecnologias para a planta sativa, o Brasil tem um grande potencial para se tornar exportador de cannabis. O país tem as condições climáticas ideais, além da sua vasta experiência como terceiro maior exportador agrícola do mundo.

O relatório foi realizado junto ao Grupo Brasileiro de Estudos sobre Cannabis sativa L. da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e mostrou que o Brasil tem cerca de 7,5 milhões de quilômetros quadrados aptos e que podem ser usados para o cultivo da erva.

Se liberada, a cannabis pode se tornar uma commodity rentável no país

A enorme área pode ser aproveitada para a plantação de cânhamo, derivação da cannabis com baixo teor de THC e uma quantidade maior de CBD, que serve para a produção de fibras, flores, sementes e até remédios. Também para o cultivo de cannabis com um teor maior de THC, que não é apenas destinado ao uso recreativo, mas também medicinal.

O estudo aponta que a cannabis, mais especificamente o cânhamo, poderia entrar na indústria de papel de cânhamo, com uma estimativa de produção que pode chegar a 12 toneladas de celulose por hectare.

Só na América Latina, o mercado de cannabis legal e ilícito chega a U$S9,7 bilhões, segundo um relatório do NewFrontierData. E as projeções apontam que o Brasil tem o potencial de chegar a mais de U$S2,4 bilhões.

Produção medicinal

Depois da autorização da Anvisa para vender produtos à base de canabidiol nas farmácias, apenas uma empresa obteve autorização para vender. No entanto, o remédio feito de CBD custa mais de R$2 mil (dois mil reais). Para quem necessita mais de THC só há um remédio disponível para importar, e o custo é ainda maior que produto brasileiro.

Produzir no Brasil poderia diminuir os custos para quem precisa do fitofarmacêutico, assim também como para o governo, que diminuiria os custos caso chegue ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo Marcelo Vita Grecco, fundador da The Green Hub em um Webinar sobre o mercado de cannabis no país, diferente de grandes produtores como Estados Unidos e Canadá, que são mais focados na produção de suplementos e cannabis recreativa, o Brasil poderia e tem o potencial de focar no uso medicinal da cannabis.

Isso colocaria o país dentro do mercado da commodity para concorrer aqui mesmo na América do Sul, contra países como Uruguai e Colômbia, que já faturam na cannabis terapêutica.

Dificuldades para o plantio

Mesmo com todas as projeções, propostas que envolvem o plantio não vão para a frente. A Comissão Especial sobre Medicamentos Feitos com Cannabis Sativa (PL399/15) realizou alguns debates na câmara dos deputados até mesmo abertos ao público sobre o cultivo, mas a pauta ainda é um desafio.

Falar sobre plantio no Brasil ainda é um problema, até hoje o tema causa estranheza e preconceitos e não foge da boca dos políticos, como do Ministro da Cidadania Osmar Terra e o Assessor Especial do presidente Jair Bolsonaro,Arthur Weintraub, que não escondem as suas opiniões conservadoras sobre qualquer tipo de uso da planta.

No entanto, a indústria de cannabis está otimista. De acordo com o DataSenado 87% dos brasileiros conhecem os benefícios da planta e 75% aprovam o uso medicinal, dado que já fez as empresas investirem com cursos e matéria prima para remédios no Brasil.além de dispertar um ativismo pela legalização.

 

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