A icônica jornalista fez história na imprensa brasileira e viralizou na internet com uma inesquecível experiência com cannabis
Morreu nesta quinta-feira (2), a célebre jornalista Glória Maria, vítima de um câncer de pulmão. A informação foi confirmada pela TV Globo, através de uma nota enviada à imprensa.
Segundo a Folha, Glória superou um tumor no cérebro em 2019, mas no ano passado voltou a enfrentar o câncer, desta vez no pulmão.
A repórter sustentou até o fim o mito de nunca revelar a idade, estimada em 73 anos. Em entrevista a Mano Brown no podcast Mano a Mano , disse que gostava de inventar a idade para confundir as pessoas. “Não há dados para provar e eu inventar. Não é para esconder. É questão de cultura familiar.”
Com uma experiência profissional de mais de 50 anos, Glória fez história na imprensa televisiva, e colecionou momentos memoráveis no ofício, como suas entrevistas a artistas superfamosos, como Madonna, Freddie Mercury e Mick Jagger.
Glória Maria também é conhecida por suas reportagens imersivas em vários lugares do mundo. A repórter já mostrou mais de 100 países em suas reportagens e protagonizou momentos históricos, como a guerra das Malvinas.
Glória e a Ganja
Uma das reportagens de Glória que cativou a internet foi sua viagem à Jamaica, quando experimentou uma Ganja, outro nome dado à cannabis, utilizada em cultos religiosos do país.
A reportagem, que foi ao ar em 2016, apresenta a religião Rastafari, sua cultura, e mostra o momento em que Glória consagra a Ganja, que na Jamaica é permitida por lei para fins religiosos. “Participar do ritual significa também fumar o cachimbo gigante dos Rastafaris”, conta a jornalista. “Recusar nem pensar! Seria um desrespeito à tradição.”
“Para quem não está acostumado, é preciso tempo para entender. No primeiro momento, fiquei tonta”, relatou.
Repercussão
Em entrevista ao Roda Viva , em março de 2022, Glória contou mais detalhes da experiência com a erva:
“Todos sabem que tem Ganja na Jamaica. Para entrar na comunidade Rastafari mais radical de todas foi preciso quase três meses de negociação. Um dos regulamentos era fazer uma oração para entrar e outra pra sair, e nos documentos estava escrito que tinha que fumar a Ganja sagrada. O rei achou que eu não ia aguentar, mas eu puxei duas vezes e aguentei!”
Anos depois, em maio de 2020, o programa Conversa com Bial repercutiu a situação. “O negócio da Jamaica é tão diferente… eu fumei aquele negócio na mais radical e pura comunidade Rastafari da Jamaica, então o que eles tinham lá era só deles, só pra eles. É uma coisa que ninguém nunca mais vai encontrar no mundo, em nenhuma situação.”
Glória ainda conto como foram as horas seguintes à experiência: “Não tem larica! Depois que saímos de lá, fique na recepção por umas 5 ou 6 horas sem conseguir voltar pro quarto. Ninguém sabia onde estava. Até hoje, depois daquilo, eu não sei se voltei.”
A icônica jornalista deixa duas filhas adolescentes, Maria e Laura.
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