Nesta semana, o atleta olímpico Daniel Chaves resolveu fazer um teste de cannabis, para determinar qual o melhor canabinoide para o seu tratamento.
Trata-se de um perfil genético, que busca os receptores canabinoides do corpo de cada um. É a partir deste teste que o médico consegue descobrir qual o canabinoide será mais eficiente para o tratamento.
Não entendeu nada? Vou te explicar:
O nosso corpo possui um sistema chamado Sistema Endocanabinoide, que ajuda a regular várias funções, como humor, fome, sono, sistema imune, nervoso e por aí vai.
Ele funciona assim: Quando algo não vai bem, o próprio organismo produz os chamados canabinoides, que através de receptores, ajudam a estabilizar as funções novamente.
Se alguém tem febre, por exemplo, os canabinoides são enviados para abaixar a temperatura.
A cannabis também possui canabinoides, que dentro do nosso organismo podem funcionar de forma similar aos nossos, como uma espécie de reforço.
Este tipo de teste chegou ao Brasil há pouco tempo, mas não é muito acessível. O preço de um kit pode chegar a um valor superior a R$1.000,00.
Embora não obrigatórios, eles são importantes para entender qual o melhor tratamento com a cannabis. Descobrir o canabinoide e a dosagem correta pode levar meses e dinheiro.
Isso porque cada organismo é único, por isso, a concentração de canabinoides que servem para um, podem não ser eficaz para outros.
Daniel Chaves, escalado para as Olimpíadas de Tóquio, faz parte de um projeto chamado Atleta Cannabis. Segundo Fernando Paternostro, empresário do maratonista, o canabidiol (CBD) ajuda no desempenho dos atletas.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o empresário conta que o CBD melhora a qualidade do sono e diminui as dores causadas pelo treino.
“Não é preciso ter uma doença rara para ter os benefícios físicos provocados pelo uso medicinal. Queremos quebrar paradigmas e mostrar a melhor metabólica do organismo. Cannabis medicinal não é droga.”
Ele também mencionou produtos feitos com a planta, como cremes e gel que ajudam a diminuir a dependência de opióides.
A escolha do maratonistanão foi por acaso. Daniel Chaves já tinha usado o canabidiol para tratar depressão. Tratamento que foi feito no Colorado, nos Estados Unidos.
No país norte-americano, apesar das aplicações medicinais, o canabidiol é vendido como um suplemento e não precisa de receita.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o atleta contou que o acesso ao óleo de cannabis ficou muito mais difícil quando retornou ao Brasil.
Apesar de ser novidade aqui, lá fora o CBD é bastante comum, principalmente entre esportistas. Tanto que a Agência Mundial Antidoping retirou o canabinoide da lista negra há mais de dois anos.
Em países onde as políticas de cannabis são mais flexíveis, o canabidiol e até mesmo outros canabinoides, é cada vez mais usado.
Nos Estados Unidos os atletas já trocaram o Ibuprofeno pelo CBD para tratar dores musculares, por exemplo.
O depoimento de um ciclista chamado Andrew Talansky sobre o tratamento alternativo viralizou e virou assunto da imprensa por um tempo.
Logo, outros esportes e ligas como UFC e NBA também começaram a falar sobre o uso do composto por seus esportistas.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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