Produtos à base de cannabis passaram a ser importados no Brasil de maneira legal em 2015 e vendidos nas farmácias a partir de 2020. Contudo, propagandas sobre o assunto ainda são bastante restritas.
Em fevereiro do ano passado, por exemplo, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio do Diário Oficial da União, publicou uma nota, dizendo que está fiscalizando os sites que vendem produtos à base de cannabis no Brasil.
A agência argumentou que o procedimento é com base na proibição de propagandas de produtos derivados da planta.
Chamadas de “medidas preventivas de fiscalização”, o órgão até abriu uma ação contra duas empresas que vendem óleos da planta no país. Uma delas chegou a mudar a URL da página de “.com.br” para “.com”, a fim de impedir que o site saísse do ar.
Não há empresa do segmento que possua estoque de produtos no Brasil. Por se tratar de uma importação controlada, não é permitido expor os produtos em nenhum veículo de comunicação.
Sem contar que há um rígido controle sobre publicidade e propaganda institucional. Por isso, as iniciativas canábicas tentam ganhar novos clientes através da informação sobre o tema.
Com embasamento científico e educativo, as informações sobre o assunto são propagadas em sites próprios ou por meio de portais de notícias e redes sociais.
As restrições sobre o assunto não estão apenas no Brasil. Redes sociais, como Facebook e Instagram barram qualquer tipo de propaganda, mesmo que o uso da cannabis esteja regulado no local em questão.
Como por exemplo, o empresário Mike Goose, que dirige uma empresa de tortilhas feitas de cânhamo nos Estados Unidos. Essa variação da cannabis sativa possui apenas 0,3% de tetraidrocanabinol (THC), componente que gera os efeitos alucinógenos da maconha.
Contudo, os produtos são feitos com as sementes do cânhamo, que nem possuem canabinoides. Isso quer dizer que não contém nem Canabidiol (CBD) e nem THC.
Dono da empresa Let There Be Hemp, Goose relata que seus anúncios no Facebook são rejeitados desde 2019.
De acordo com o empresário, a justificativa dada é que o conteúdo viola a política de proibição de produtos ou serviços ilegais. “Estamos muito confusos sobre por que eles os rejeitaram, já que o cânhamo é legal”, comentou ao portal The New York Post.
Quando Goose reclamou com a plataforma, uma atendente respondeu que, embora não estivesse promovendo uma substância ilegal, às vezes, alguns conteúdos podem ser detectados e relacionados a conteúdos que foram marcados como inseguros.
O empresário diz que isso limita a publicidade do seu produto e o prejudica, pois o facebook é uma ferramenta acessível para pequenos empreendedores.
Cerca de 66% das pequenas empresas nos EUA usam o Facebook para publicidade, enquanto 41% usam o Instagram, de acordo com uma pesquisa de 2021.
Alguns negócios começaram a driblar situações como esta, como uma empresa de gelado de cânhamo chamada Doozy Pots. Depois que ela parou de colocar a palavra “cânhamo” nos anúncios, eles passaram a ser aprovados pela rede social.
Em 2019, um empresário ainda processou o Facebook no tribunal federal de Nova York por sua proibição de publicidade, alegando que a empresa “censurou indevidamente” anúncios de uma conferência online sobre o canabidiol. Contudo, o processo foi arquivado.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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