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A cannabis realmente ajuda no tratamento do Parkinson?



04/05/2024


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A cannabis realmente ajuda no tratamento do Parkinson? Foto: Freepik

Estudo em 2014 no Journal of Pharmacology mostrou que a cannabis reduz significativamente os tremores, rigidez, bradicinesia e aliviou a dor, melhorou o sono, com mínimos efeitos colaterais.

As conclusões foram que a cannabis pode ser usada em alguns sintomas de Parkinson, como:

  1. Ansiedade 45,5%
  2. Insônia 44%
  3. Rigidez 44%
  4. Depressão 43%
  5. Distonia 42%
  6. Bradicinesia 12%
  7. Congelamento 12%
  8. Náusea 7,5%
  9. Apetite 3,5%
  10. Constipação 2%
  11. Alucinações 2%

No entanto, a AAN (Academia Americana de Neurologia), publicou recentemente uma revisão sistemática sobre a eficácia e segurança do uso terapêutico da cannabis e seus derivados no tratamento de doenças neurológicas. 

Desse extenso trabalho da AAN podemos verificar que há poucos estudos de qualidade disponíveis na literatura para termos uma conclusão definitiva sobre o uso terapêutico dos derivados da cannabis em pacientes com distúrbios de movimento. 

Há ainda que se considerar que o risco de efeitos psicopatológicos graves pode chegar a 1%.

Mas isso vai depender, sem dúvidas, da proporção de THC (tetrahidrocanabinol) presente no tratamento. Embora que, de certa forma, não há relato de efeitos colaterais. 

Bom para outros sintomas

Segundo a revisão, os extratos de cannabis não melhoram os tremores induzidos por remédios como  Levodopa em pacientes com doença de Parkinson. 

Na verdade, estudos preliminares utilizando o CBD (canabidiol) puro no tratamento de pacientes portadores de Doença de Parkinson, revelaram um efeito positivo sobre os sintomas psicóticos, o sono e a qualidade de vida dos pacientes. 

O CBD possui um efeito terapêutico sobre os sintomas do transtorno comportamental do sono REM.

Em conclusão, apesar da ausência de evidências suficientes para indicar o uso dos derivados de cannabis em pacientes com distúrbios de movimento, há sinais de que o uso de extratos da planta, especialmente o CBD, possa ajudar a minimizar sintomas não motores da doença de Parkinson como: Psicose, distúrbios do sono, dor, urgência miccional e promover uma melhora geral na qualidade de vida dos pacientes. 

Então, o uso terapêutico sem indicação precisa, só seria indicado em casos de distúrbios do movimento em que os tratamentos convencionais disponíveis falharam e a qualidade de vida do paciente esteja comprometida

No fim, é provável que o uso de CBD puro e extratos de cannabis com baixo teor de THC sejam os mais eficientes e menos propensos a causar efeitos indesejáveis.

Sobre as nossas colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

 

Mario Grieco

Médico, especialista em medicina interna e medicina do trabalho, também é pesquisador de Cannabis Medicinal e Fellowship em Internal Medicine nos EUA, onde viveu por 20 anos, obteve a certificação ECFMG. Além do trabalho como pesquisador, é colaborador do ambulatório do hospital das clínicas na faculdade de medicina da USP e professor do curso de pós-graduação lato sensu em Cannabis Medicinal na Ânima-Inspirali. Foi presidente de seis empresas e atualmente é diretor da clínica Cannabis Care. Considerado um dos 20 líderes mais influentes da América Latina no campo de longevidade, recebeu vários prêmios nos Brasil e nos EUA e publicou seis livros, entre eles "Cannabis Medicinal Baseado em Fatos" e "Cannabis medicinal: fatos ou mitos?"