As mulheres têm receptores canabinoides em endométrio, miométrio, ovários, mamas e vagina. E estudos já apontam o desequilíbrio do sistema endocanabinoide como causa de várias doenças ginecológicas.
Esse mês chega ao Brasil a linha de Cannabis voltada à saúde da mulher, da marca Foria, importada com exclusividade através da empresa Cannect. É uma linha de lubrificantes íntimos e supositórios vaginais/ retais. Como é novidade por aqui, vou explicar como a Cannabis interage em diversos aspectos do Universo Feminino.
O uso de Canabidiol (CBD), na forma de supositórios vaginais ou retais, melhora sintomas de TPM, endometriose, menopausa e Candidíase.
Saúde Íntima
Na forma de óleo pode ser usado para lubrificação no ato sexual (procure óleos destinados a esse fim pois a mucosa vaginal é extremamente sensível a aditivos das formulações).
Quanto à relação sexual sob efeito da Cannabis (uso recreacional, inalada), um estudo com 217 participantes (133 do gênero feminino, 76 do masculino, 2 trans, 5 não informaram) registrou:
- 58,9% tiveram aumento de libido
- 73,8% tiveram aumento de satisfação sexual
- 74,3% reportaram aumento de sensibilidade ao toque
- 65,7% afirmaram que o orgasmo foi mais intenso
- 69,8% conseguiram relaxar mais durante o sexo
- 50,5% conseguiram se concentrar mais
- 38,7% disseram que o sexo foi melhor
- 16% que foi melhor em alguns aspectos e pior em outros
- 24,5 % disseram que em algumas vezes foi melhor
- 4,7 % disseram que foi pior
- Dos que reportam ter dificuldade em atingir o orgasmo, metade afirmou que a Cannabis facilitou sua obtenção
- 54% relataram se sentirem mais auto-confiantes
- 28,8% afirmaram aumento de lubrificação vaginal
- A maior diferença entre os gêneros foi que 50,8% das mulheres afirmaram atingir o orgasmo mais facilmente com a Cannabis, versus apenas 29,4% dos homens.
Inibe a Cândida
Segundo um trabalho científico recém-publicado pela equipe do Dr. Raphael Mechoulam (considerado o pai da Medicina Canábica), o canabidiol pode funcionar como agente anti- Cândida in vitro. O CBD inibe a Cândida através de vários mecanismos:
1- Inibe a formação de Biofilmes (estruturas que dificultam a entrada de antifúngicos na colônia e estão ligados à resistência a antimicrobianos);
2- Rompe os Biofilmes já formados, facilitando a ação de antifúngicos convencionais;
3- Altera os genes da Cândida relacionados à formação de hifas (formas mais virulentas);
4- Rompe membrana e parede celulares da Cândida , altera suas mitocôndrias causando a morte desse fungo;
5- Quando formulações de CBD contém óleo TCM, o efeito antifúngico é aumentado devido ao Ácido Caprílico.
Alívio na TPM
Trabalhos científicos com mulheres na Menopausa, revelam que elas procuram a Cannabis para aliviar sintomas, como ondas de calor, irritabilidade, depressão, insônia, dores musculares/ articulares, secura vaginal e sintomas urinários.
Mas faltam ensaios clínicos nesta faixa etária.
Na Endometriose um trabalho demonstrou a Cannabis no alívio de sintomas como Dor pélvica, Ansiedade, Depressão, e Insônia em pacientes com Endometriose. Diversos trabalhos mostram melhora da Síndrome do Intestino Irritável (que muitas vezes acompanha a doença).
Ovários Policísticos
Na Síndrome dos Ovários Policísticos, o CBD reduz a Resistência Insulínica envolvida na causa da doença.
Nos cânceres de mama, colo uterino, endométrio e ovariano, trabalhos mostram que CBD torna o tumor menos proliferativo e invasivo e induz apoptose (morte programada) das células tumorais.
Por modular neurotransmissores e hormônios (Serotonina, Dopamina, Ocitocina, Cortisol) o CBD melhora distúrbios de humor (ansiedade, depressão, irritabilidade), comuns na TPM e Menopausa.
Por ser excelente relaxante muscular, analgésico e anti-inflamatório a Cannabis alivia cólicas, dispareunia (dor na relação sexual), vulvodínia (dor no uso de tampões ou até mesmo roupas) e dores pélvicas de endometriose e doenças inflamatórias.
Alguns trabalhos mostram que a Cannabis pode reduzir a fertilidade da mulher e pode afetar o bebê (por atravessar a placenta e por ser excretada no leite materno).
Como não existem estudos que comprovem segurança durante a concepção, gestação e amamentação, mulheres nessas fases devem evitar o uso de produtos derivados da Cannabis.
Referências:
DOI:10.3390/microorganisms9020441
DOI: 10.1038/s41598-020-70650-6
DOI: 10.1089/can.2020.0065
DOI: 10.1159/000499164
DOI: 10.1371/journal.pone.0258940
DOI: 10.1016/j.jsxm.2019.07.023
DOI: 10.26828/cannabis.2020.02.001
DOI: 10.1016/j.esxm.2019.01.003
DOI: 10.1093/humrep/deaa355
DOI: 10.3390/molecules27010156
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