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Com um crescimento de 22% em relação ao ano passado, a expectativa é que no próximo ano chegue a R$1 bilhão, principalmente depois da decisão do STJ
De acordo com o novo anuário da Kaya Mind, o mercado de cannabis medicinal no Brasil movimentou mais de R$850 milhões neste ano, um aumento de 22% em relação a 2023.A projeção para o próximo ano é chegar a 1 bilhão de reais.
Divulgado nesta terça-feira (26), o levantamento anual também apontou que mais de 672 mil pessoas fazem algum tipo de tratamento com a cannabis no país, um aumento de 56% em comparação com o último ano.
Pacientes que ainda preferem importar. Quase a metade das pessoas que utilizam a cannabis (47%) compram os produtos via importação. Por outro lado, a venda nas farmácias aumentou e arrematou 31% da parcela dos pacientes brasileiros.
22% ainda compram em associações que têm autorização judicial.
Cannabis na indústria
O aumento do uso medicinal da cannabis tem chamado a atenção da indústria, principalmente por causa do rápido crescimento no país. Para se ter uma ideia, em 2018 o mercado movimentou apenas R$3,7 milhões.
E a estimativa é que o primeiro bi venha mais rápido do que se pensa. Principalmente depois que o STJ (Supremo Tribunal Federal) aprovou o cultivo nacional no Brasil para a indústria para a formulação de remédios.
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https://cannalize.com.br/mercado-de-cannabis-medicinal-chega-a-r850-milhoes/ Mais dinheiro vendendo cerveja do que cannabisA grande aposta da Tilray Brands Inc. na cannabis legal está se mostrando tão otimista que agora conta com o mercado de álcool.
Uma tão esperada flexibilização nas leis de cannabis dos EUA, conhecida como reprogramação, ainda está a meses de distância, deixando em vigor apenas restrições sufocantes às vendas devido à classificação da maconha ao lado de drogas, como LSD e heroína.
Isso levou as empresas de cannabis a encontrar outros negócios, incluindo álcool e cânhamo, como a da Tilray em seu primeiro registro de 2019 de que capturaria gastos de cervejeiros, destiladores e vinícolas.
“Os operadores de cannabis nos EUA estão fazendo tudo o que podem para gerar fluxo de caixa e fazer a ponte até que tenhamos o reagendamento”, disse Scott Fortune, diretor administrativo da Roth MKM. “Se não tivermos o reagendamento, veremos mais eliminação, consolidação de muitos varejistas, marcas e operadores dentro da indústria.”
Driblando as regras
Para evitar esse destino, empresas como a Tilray buscaram negócios mais legítimos, como a venda de bebidas alcoólicas e cânhamo, para se manterem vivas.
No trimestre fiscal encerrado em maio, a empresa mais que dobrou as vendas de álcool do ano anterior para US$ 76,7 milhões (cerca de R$429,93 milhões), o maior valor de qualquer linha de produtos e cerca de US$ 5 milhões (R$ 28 milhões) a mais do que arrecadou com a venda de cannabis.
Isso marcou o primeiro trimestre em que a empresa gerou mais receita com bebidas alcoólicas do que com maconha.
Um caminho paa legitimar a indústria
O otimismo de que os EUA mudarão sua posição sobre a maconha aumentou este ano, quando a Drug Enforcement Administration disse que estava revisando o status da droga. O presidente Joe Biden se manifestou a favor da mudança em maio.
As ações de cannabis ainda subiram na segunda-feira, depois que o ex-presidente Donald J. Trump disse que apoia a mudança da classificação da droga de substância da tabela I para a tabela III. A DEA ouvirá opiniões de especialistas sobre a classificação proposta em dezembro.
“Estou tão perto de 100% confiante de que obteremos uma decisão positiva quanto posso razoavelmente estar”, disse Darren Weiss, presidente da Verano Holdings Corp., em uma entrevista.
Leia também: Cachaça de cannabis busca ampliar debate sobre a planta
Para as empresas, a mudança significaria o fim dos impostos onerosos cobrados para lidar com substâncias restritas — Verano estima um fluxo de caixa adicional de quase US$ 80 milhões (R$4480 milhões) anualmente somente com essa mudança.
Isso potencialmente abriria caminho para legitimar a indústria, tornando mais fácil operar como um negócio regular e melhorando o acesso a serviços financeiros.
À prova do futuro
Ainda assim, veteranos da indústria estão cautelosos em depositar sua fé na mudança de atitude do governo dos Estados Unidos em relação à cannabis, com os atuais esforços de diversificação sendo uma tentativa de isolar seus negócios, não importa o resultado.
“Eu nunca quero ficar aqui esperando e dependendo da legalização do governo”, disse o CEO da Tilray, Irwin Simon, em uma entrevista.
A Tilray foi além de seus pares para diversificar, abocanhando pelo menos 12 cervejarias sediadas nos Estados Unidos. No mês passado, ela adquiriu quatro cervejarias artesanais da Molson Coors Beverage Co.
A mudança traz o risco de comprar em um mercado em declínio, já que cada geração sucessiva está menos interessada em beber álcool do que a anterior.
Cerca de metade dos jovens de 18 a 25 anos que responderam a uma pesquisa nacional disseram que em 2023 beberam no mês anterior, abaixo dos cerca de 60% em 2014.
“A cerveja não vai desaparecer”, disse Simon, que também vê oportunidades de alavancar as redes de distribuição das marcas de bebidas alcoólicas. “Meu objetivo é como tornar a cerveja gelada para beber.”
Alguns investidores são céticos em relação a esse raciocínio
“Não acho que as marcas tenham peso suficiente para contradizer o perfil de receita em declínio desses produtos”, disse Emily Paxhia, sócia-gerente da Poseidon Investment Management, que investe exclusivamente em cannabis.
Da mesma forma, Verano não vê pastos mais verdes na venda de bebidas alcoólicas. “Álcool não está no nosso radar”, disse Weiss. “É uma espécie de anátema para o que fazemos em certos aspectos.”
Tempos desesperados pedem medidas desesperadas, no entanto. Até mesmo a Green Thumb Industries Inc., a segunda maior empresa de cannabis em valor de mercado, considerou entrar no ramo de bebidas.
Seu CEO e cofundador Ben Kovler cortejou abertamente a Boston Beer Co. em uma carta publicada no X. A Green Thumb não respondeu aos pedidos de comentário.
Aposta no cânhamo
As empresas de cannabis também passaram a vender produtos à base de cânhamo, algo que algumas pessoas evitavam anteriormente.
A Canopy Growth Corp., por meio de sua subsidiária Wana, anunciou seu primeiro produto de cânhamo no mês passado para ser vendido por meio de um mercado direto ao consumidor recém-lançado.
O cânhamo, um primo da maconha, usado para fazer bebidas e comestíveis, pode ser vendido e enviado legalmente para todo o país devido a uma brecha no Farm Bill. Essa legislação será revisada ainda este ano.
“O risco de não fazer algo é muito maior do que o risco de se envolver”, disse Joe Hodas, presidente da Wana, em uma entrevista.
A empresa controladora da Wana viu suas vendas diminuírem por três anos consecutivos e seu valor de mercado diminuir para C$ 562 milhões ontem, de C$ 25,6 bilhões em fevereiro de 2021.
Expectativas
“A categoria de bebidas e a categoria de produtos formulados provavelmente serão a maior categoria no espaço da cannabis”, disse o CEO da Curaleaf Holdings Inc., Boris Jordan, em uma entrevista. Ele espera que seu negócio de bebidas, lançado em junho, gere US$ 100 milhões (R$560 milhões) anualmente até o final de 2025.
Junto com os benefícios fiscais da venda de cânhamo, a fabricação pode ser centralizada e enviada interestadualmente, disse Jordan, enquanto a cannabis requer cadeias de suprimentos estado por estado.
Uma presença mais nacional significa mais exposição do consumidor, mesmo em lugares sem mercados regulamentados de cannabis.
“Não havia grande valor de marca na cannabis, mas agora eles podem começar a construir sua marca nacionalmente e ainda lucrar com isso vendendo produtos de THC derivados do cânhamo”, disse Fortune, da Roth MKM.
Ações abaladas, juntamente com os esforços de diversificação e expectativas de uma mudança de regra, têm Wall Street apostando em uma recuperação da indústria.
Analistas têm apenas uma classificação de venda em 68 recomendações para cinco das maiores empresas de cannabis, enquanto seus preços-alvo implicam um retorno médio de 96% após o grupo perder cerca de 69% nos últimos três anos.
Texto traduzido e adaptado do portal BNN Bloomberg
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https://cannalize.com.br/cerveja-cannabis-mercado-economia/ Associação das indústrias de cannabis quer a opinião da populaçãoA ideia é criar um documento único que ajude a criar regulamentações mais precisas sobre a cannabis no Brasil
A ABICANN (Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis) vai promover reuniões para propor 30 iniciativas sobre cannabis medicinal no Brasil. As discussões serão feitas com mais de 200 organizações e agentes políticos, além da população.
Os encontros que começam hoje, tem o objetivo de criar um documento unificado para cobrar dos legisladores e reguladores da planta cannabis uma visão clara sobre o tema.
De acordo com a entidade, a união, tanto da sociedade como da indústria e das associações perante o assunto, é essencial para que as pautas sobre cannabis medicinal realmente avancem no país.
“ A ausência racional, permeada por visões distorcidas e ideológicas dominam o Congresso Nacional; as brigas e pressões das Associações de Pacientes aos setores produtivos, por espaços na pauta da indústria nacional; e a morosidade do Governo Federal em implementar políticas que incentivem a racionalidade à soberania nacional, nos leva a crer que a ‘curva de aprendizado do Estado brasileiro se mantém paralisada”‘ e se faz necessário a união da sociedade, academia, Terceiro Setor e empresariado, a fim de que o tema ganhe real condição de gerar um país mais inteligente e humanizado, menos preconceituoso e capaz de gerar riqueza econômica, ambiental e social ao Brasil com a legalização e novas regulamentações da Cannabis sativa.” Escreveu a associação em nota.
Qualquer pessoa pode se inscrever para participar dos encontros, que serão feitos das 16h até às 19h. As inscrições são através do link.
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Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar na marcação de uma consulta, dar suporte na compra do produto até no acompanhamento do tratamento.
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https://cannalize.com.br/associacao-industrias-cannabis-populacao-inscricao/ As brasileiras que influenciam a história da cannabisNão foram poucas as mulheres que revolucionaram o olhar sobre a cannabis no Brasil, seja na política, no mercado e até na desobediência civil
Desde que as propriedades medicinais da cannabis foram descobertas, a planta tem chamado ainda mais atenção.Tanto dos pacientes quanto da indústria, que defendem em negócios, pesquisas e políticas públicas sobre o assunto.
E nesse universo, não podemos nos esquecer de várias mulheres que estão quebrando os tabus da cannabis e refazendo a história da planta no Brasil.
Hoje, vamos falar de 10 brasileiras que fizeram já fizeram história:
Viviane Sedola
Fundadora da Dr. Cannabis, Viviane Sedola foi uma das pioneiras da terapia canábica no país. Através da sua iniciativa, ela ajudou a ligar profissionais médicos que entendem de cannabis com os pacientes.
Atualmente, a marca Dr. Cannabis é parte da Cannect e tornou-se um portal de educação que ensina médicos, enfermeiros, dentistas e muitos outros profissionais a respeito das propriedades da planta.
A empresária também faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável do governo Lula e também foi eleita como uma das 50 mulheres mais influentes no setor da cannabis no mundo pela revista High Times.
Eliane Nunes
Uma das primeiras prescritoras de cannabis do Brasil, Eliane Nunes é psiquiatra e psicanalista infantil, além de presidente da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis).
Nunes também foi fundadora do projeto Mães e Mulheres Jardineiras, um coletivo que ajuda mulheres de baixa renda a plantar e fazer o remédio dos filhos, além de dar um suporte jurídico para garantir o habeas corpus de cultivo.
Mara Gabrilli
A senadora é conhecida por defender o acesso à cannabis através de políticas públicas. Há 28 anos, ficou tetraplégica em um acidente de carro e conseguiu recuperar a fala, parte dos movimentos e até a reduzir as dores crônicas através do CBD (canabidiol).
Gabrilli também é responsável pelo Projeto de Lei 5511/23, que cria um marco regulatório da cannabis no país, com regras pré-estabelecidas para o cultivo, produção, comercialização, controle e fiscalização.
Maria Eugênia
Fundadora e CEO da empresa Kaya Mind, desde 2020 a empreendedora trabalha com análise estratégica de dados relacionados ao mercado da cannabis no Brasil.
Assim como a Dr. Cannabis, a empresa também é pioneira, mas em dados de inteligência de mercado no segmento.
Anita Krepp
Fundadora do podcast chamado Cannabis Hoje, Anita Krepp é jornalista multimídia e pesquisadora em cannabis e psicodélicos. Também tem uma coluna no Portal 360 que fala exclusivamente sobre assuntos relacionados à cannabis.
Além do portal, também escreve para o Uol, revista Piauí e outros veículos de comunicação na Espanha, onde fala sobre o tema.
Alline Campos
Professora e cientista de farmacologia da USP de Ribeirão Preto, Alline Campos estuda neuroplasticidade e foi a mulher a descobrir que a cannabis também pode criar metaplasticidade, ou seja, a criação de novas plasticidades em cima das outras.
A descoberta foi extremamente importante para entender como o cérebro humano processa a aprendizagem e a lembrança e como a cannabis pode ser útil como tratamento para doenças que impactam a memória.
Maísa Diniz
Membro da bancada da Cannabis no congresso, Maísa Diniz é administradora especializada em gestão pública e integrante da Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva.
Pré-candidata a uma cadeira na Câmara dos Deputados, Diniz fez sucesso em 2022 quando não só vestiu a camisa, mas a fantasia de “zé ganjinha” na última campanha eleitoral.
Poliana Rodrigues
A empreendedora chamou atenção depois que lançou um negócio chamado Floyou. Trata-se de uma marca de calcinhas absorventes feitas com tecidos de cânhamo.
Para Rodrigues, é necessário discutir tanto o cânhamo como um insumo mais ecológico para a indústria têxtil, quanto a educação de higiene pessoal, pensando em alternativas mais sustentáveis.
Katiele Fischer
A cannabis para o tratamento da epilepsia só ficou famosa no Brasil, depois de um documentário da Família Fischer em 2014, que conta a história da mãe, Katiele Fischer, tentando importar um óleo de cannabis para a filha Amy.
A história dela influenciou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) criar uma resolução para permitir a importação legal de produtos feitos com cannabis no ano seguinte. Hoje, mais de 200 mil pessoas importam o derivado da planta por ano no Brasil através desta resolução.
Mulheres de associações
Não poderíamos terminar essa lista, sem falar das mulheres que fazem história também através de associações de pacientes, que ajudam a democratizar o acesso à cannabis muitas vezes até, praticando desobediência civil.
Como Margarete Brito, fundadora da Apepi. Além de ajudar quase 10 mil pacientes, a mãe também fez história ao ser a primeira pessoa a obter o habeas corpus para produzir cannabis em casa para o tratamento da filha.
Ou então, a Cidinha Carvalho, fundadora da associação Cultive que fica em São Paulo. A associação foi a primeira a obter o direito de cultivo coletivo pela justiça. Hoje, todos os membros da entidade podem plantar cannabis sem medo.
Outra mãe e mulher importante no meio das associações de pacientes, foi a Marilene Oliveira, que começou a instituição depois que precisou tirar um habeas corpus para tratar o filho.
Não contente com um documento individual, ela também foi importante para conseguir o cultivo associativo, que permitiu por meio da justiça que a entidade pudesse fabricar óleo de cannabis.
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https://cannalize.com.br/mulheres-brasileiras-cannabis-influencia/ Tecidos de cânhamo no Brasil: Um mercado embrionárioMesmo sem uma legislação clara sobre o tema, muitos enxergam no cânhamo um futuro para a indústria da moda
Esta é a segunda de quatro matérias especiais sobre o potencial gigantesco do mercado da cannabis no Brasil. Ao longo das próximas semanas, vocês acompanharão na Cannalize os caminhos que o setor cria para novas oportunidades de negócios.
Já ouviu falar em tecidos de cânhamo? O insumo mais sustentável até que o algodão, tem gerado grande interesse da indústria, inclusive no Brasil. O mercado que nasce em paralelo ao uso medicinal, pode ser um novo passo para a indústria canábica.
Trata-se de uma variação da cannabis que contém pouquíssimo ou nenhum THC (tetrahidrocanabinol), substância que gera a famosa “brisa da maconha”.
A planta tem chamado a atenção da indústria por ser um insumo altamente sustentável, pois consome menos água, é três vezes mais resistente que o algodão, é resistente a fungos e pragas e tem um ciclo de vida menor, o que permite o cultivo mais vezes ao ano.
Sem contar que o cânhamo é um importante conservador de dióxido de carbono (CO2). Segundo Darshil Shah, pesquisador sênior do Centro de Inovação de Material Natural na escola de Cambridge, Inglaterra, plantações de cânhamo podem absorver até 15 toneladas de carbono por hectare, o dobro das florestas.
Uma das razões pela qual a planta tem chamado a atenção de grandes players. Os Estados Unidos, por exemplo, regularam a produção em 2018 e no primeiro ano de legislação, já tinha mais de 36 mil hectares plantados. Atualmente é o quinto cultivo mais rentável do país.
Segundo a Kaya Mind, o mercado industrial em 2021 da China, outro país que abraçou o cânhamo, foi avaliado em US$1,7 bilhões e hoje é o maior produtor da matéria prima.
Indústria de cânhamo no Brasil
Contudo, a indústria é praticamente inexistente na América Latina, e empresas que querem investir em produtos usando o cânhamo como insumo, ainda precisam importar do outro lado do mundo. Como a Kaule.
A marca de roupas fundada pela brasileira Amanda Medeiros, apostou no cânhamo como um tecido sustentável para desenvolver as peças. “A indústria da moda é a indústria que mais produz lixo no mundo, a gente precisa mudar isso”, diz.
Por outro lado, sem uma produção têxtil aqui ou em países vizinhos, a empresária precisa importar os tecidos de países como a Índia e China. Tecido que é comprado em dólar e taxado quando chega ao país.
O famoso imposto sobre a importação pode chegar a 60% do valor total da compra. Isso sem contar com outras taxas, como ICMS, COFINS, SISCOMEX, IPI e PIS, que podem aumentar ainda mais o valor pago no final.
Desde a pandemia de COVID-19, o governo até reduziu o valor de alguns desses impostos, chegando a zerar alguns deles. Mas parece que isso não ajudou muito, pois, segundo o advogado Gabriel Pietricovsky, os têxteis de cânhamo não admitem redução temporária do imposto sobre importações.
Por isso, a marca de roupas ainda precisa cobrar caro pelas peças que produz. “Uma empresa tem que ser saudável e pelo menos, se pagar. O nosso custo hoje da peça é alto, mas eu acredito que conforme o tempo for passando, a gente vai conseguir fazer (a marca) mais lucrativa. Por enquanto, a empresa só funciona.”, acrescenta.
Outras dificuldades
Sem uma cultura do cânhamo no país, além do tecido, outra barreira está em achar pessoas aptas a costurar a cannabis. Amanda Medeiros conta que esse também foi um grande desafio na hora de montar a sua marca de roupas.
“As pessoas não querem costurar tecidos de cânhamo, pois tem medo. Elas desconhecem o material”, acrescenta.
Ainda segundo a Kaya Mind, caso aprovado o mercado industrial e adulto da planta, o setor canábico planeja um crescimento de 328 mil empregos formais e informais nos próximos quatro anos. Negócio que poderia gerar até R$35 bilhões.
Somente em impostos, por exemplo, o Brasil poderia recolher até R$3,1 bilhões.
Mercado embrionário
Embora o cânhamo ainda não dê lucro, pode ser um grande promissor para o mercado da moda mais sustentável. Hoje em dia, 71% das pessoas no mundo todo enxergam a importância das empresas tomarem ações ambientalmente sustentáveis. No Brasil, o número ainda chega a 83%, segundo uma pesquisa da GfK.
Sem contar que a moda sustentável é um mercado que tem crescido. Segundo relatório da Research And Markets, o crescimento mundial do setor deve passar de 6,3 bilhões de dólares em 2019 para $8,2 bilhões de dólares em 2023.
E entre 2025 e 2030, esse número pode chegar a 15,2 bilhões de dólares. Isso mostra que investir em sustentabilidade é rentável não apenas para o meio ambiente mas também para o futuro da indústria da moda.
E é visando o futuro do cânhamo no Brasil, que investidores estão mirando na América Latina. Um exemplo disso é o Ernesto Hideki, da Ayraa. Criada no Uruguai, a empresa tem poucos meses de vida, mas nasceu com o objetivo de importar tecidos e acessórios feitos de cânhamo.
O intuito da empresa é plantar no Uruguai, a fim de produzir produtos mais baratos para a América Latina. “Aqui tem pouquíssimas empresas que estão trabalhando com distribuição, pouquíssimas opções e tem uma área gigante de tecidos e amostras”, acrescenta.
Hideki ainda acrescenta que, mesmo com pouco tempo de empresa, a demanda é grande no Brasil. As pessoas querem investir em tecidos de cânhamo, mas são barradas por causa da dificuldade em obter o insumo.
Para o empreendedor, o problema da América Latina não é ter espaço para plantar, pois o cultivo já acontece em países como Argentina, Uruguai e Colômbia, mas a falta de uma indústria que processe o cânhamo de forma adequada para ser usada na produção de materiais.
Falta de legislação
Hideki acrescenta que a empresa foi consolidada no Uruguai unicamente por causa da restrição de produção brasileira, mas que enxerga uma grande oportunidade no país no futuro.
“Em questão de sustentabilidade, sem dúvidas que o cânhamo é a planta do futuro. (…) Por enquanto, eu enxergo o mercado têxtil no Brasil como foi o da cannabis medicinal lá no começo”, acrescenta.
Atualmente, há um projeto de lei que prevê o cultivo e a construção de uma indústria de cannabis no Brasil, que envolva não só o uso farmacêutico, mas também industrial.
O Projeto de Lei 399/15 foi proposto em 2015 e causou polêmica de lá para cá. Em 2021 o PL foi aprovado por uma comissão especial na Câmara dos Deputados e já poderia ir para a votação do Senado. Contudo, uma petição feita pela oposição fez com que o projeto voltasse para a Câmara e está parado desde então.
Tanto Hideki quanto Medeiros acreditam que, assim como foi no mercado medicinal, o uso industrial só será aprovado por meio de pressão da população e da indústria.
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