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Cinco curiosidades hitóricas sobre a cannabis Cinco curiosidades hitóricas sobre a cannabis

De deusa da cannabis até carro de cânhamo, a história está repleta de curiosidades da influência  da cannabis no mundo nas suas mais variadas funções

Cinco curiosidades hitóricas sobre a cannabis

Cinco curiosidades hitóricas sobre a cannabis

Curiosidades: A cannabis nem sempre foi vista com preconceito. Ao longo da história, inclusive do Brasil, podemos destacar vários momentos em que a planta foi utilizada de forma inteligente e proveitosa para as mais variedades finalidades.

Por isso, separamos cinco curiosidades histórias sobre o uso da cannabis aqui e no mundo que viraram destaque e poderiam ter ido para frente se não fosse o preconceito.

Será que você já sabia de alguma delas?

1.Utilizada em Chernobyl

Em 1986 aconteceu o maior acidente nuclear da história, até hoje ainda há pontos onde ainda existe radiação. Por isso, desde 1998 o governo da Ucrânia planta cânhamo para ajudar na remoção de contaminantes.

Trata-se de uma variedade da cannabis conhecida por ter menos de 0,3% de THC (tetrahidrocanabinol), substância que gera o famoso “barato” da maconha.

A espécie da planta cannabis serve para fitorremediação, isto é, para limpar o solo para as próximas colheitas. No caso de Chernobyl, a cannabis serve para extrair chumbo, césio, urânio e estrôncio do solo, além de filtrar a água local.

2. Incentivo ao cultivo

A cannabis já foi vista com bons olhos aqui no Brasil. Na época da colonização, Portugal instaurou a chamada Real Benfeitoria de Cânhamo em 1783, que incentivava agricultores a plantar a derivação da cannabis para fins industriais.

Mesmo depois da sua proibição, a planta ainda era recomendada por médicos de todo o país para o tratamento das mais diversas doenças.

3.  Foi útil na Guerra

Quando a cannabis já estava proibida nos Estados Unidos, houve uma pequena exceção na Primeira Guerra Mundial.

Em 1942, o Departamento Agrícola dos EUA, deu a missão de plantar cannabis aos fazendeiros em uma campanha chamada “Hemp For Victory” ou “Cânhamo pela vitória” em tradução livre.

O objetivo era servir de matéria prima, para a fabricação de uma variedade de produtos, desde paraquedas a solas de sapato.

4. Carro de cânhamo

No mesmo período, em 1941 Henry Ford resolveu fazer um carro com a carroceria inteiramente de fibras de cânhamo.  Há até uma foto lendária dele batendo no carro para provar a sua resistência.

O óleo da variação de cannabis sativa também serviu como combustível por um certo tempo, nos Estados Unidos, o lendário “pai do carro moderno” havia batizado o combustível de “hempoline”.

Cinco curiosidades hitóricas sobre a cannabis

Cinco curiosidades hitóricas sobre a cannabis

5. deusa da cannabis

Já no antigo Egito, a deusa Seshat era conhecida por cerimonias de abertura de templos, onde ela usava a cannabis no ritual. Em suas imagens, ela carregava a folha da planta em cima da cabeça, como uma característica própria.

A cannabis era muito utilizada pelos egípcios, principalmente na confecção de utensílios. Outra curiosidade é que as múmias reais eram enterradas com alguns vestígios de cannabis,  a planta foi encontrada até na múmia de Ramsés, II da 19ª  Dinastia.

Consulte um médico

Aprovada apenas para fins medicinais no Brasil, a cannabis só pode ser comprada com receita. Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde a achar um prescritor até o processo de importação do produto através da nossa parceira Cannect. Clique aqui.

https://cannalize.com.br/cinco-curiosidades-hitoricas-sobre-cannabis/ Ewé Igbó: A ancestralidade da cannabis é a maconha Ewé Igbó: A ancestralidade da cannabis é a maconha

A medicina negra que coexistiu com a medicina científica branca foi perseguida, garantindo um monopólio e condenando o saber milenar sobre plantas medicinais

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Ewé Igbó: A ancestralidade da cannabis é a maconha
Foto: Freepik

Uma discussão que está sempre presente nas rodas de amigos, mas acredito que em todo o setor é sobre qual seria o termo correto para podermos nos referenciar a essa plantinha sagrada. 

Lá fora, esse debate é muito quente, inclusive com um livro recentemente publicado, que joga mais gasolina no assunto e traz fortemente o racismo presente na palavra “marijuana”.

Por isso, atuar no setor de cannabis medicinal no Brasil é uma tarefa árdua por dois motivos:

O primeiro é a atualização em tempo real sobre a terapêutica, afinal estamos na vanguarda desse movimento. O segundo é o preconceito dos setores mais conservadores da sociedade. 

Maconha ou cannabis?

Aqui no Brasil não é diferente. Toda vez que a grande mídia vai falar sobre tráfico de drogas, a palavra maconha estampa o noticiário e ecoa da boca dos jornalistas.

Quando falamos dos benefícios medicinais e como ela pode contribuir com a melhora da qualidade de vida da população, parece que o anjo da cannabis toca o coração desses que têm a grande missão de reportar em tempo real os avanços não só da ciência, mas questionar como a sociedade tem evoluído.

Dentro de mim, ecoa apenas uma questão: por que é tão difícil associar que maconha e cannabis são a mesma coisa? Essa não é uma discussão sobre terminologia correta e sim sobre o racismo estrutural tão presente na sociedade brasileira.

Muito antes da dita cannabis

Primeiramente, é preciso relembrar que a primeira descrição nos moldes que hoje a ciência utiliza, foi cunhada em 1753 por Carolus Linnaeus, que trouxe a nomenclatura Cannabis sativa L. Mas a planta já era utilizada há pelo menos, 8000 anos a.C. 

Sua origem remonta ao sul da Ásia, mais especificamente à China e através de mercadores e navegantes se espalhou para a Europa, Oriente Médio e África. Aqui no Brasil, a plantinha chegou através dos escravos traficados pelos europeus. 

Os primeiros registros da cannabis aqui no Brasil são de 1549. Dentro de bonecas amarradas em suas vestes, povos pretos escravizados traziam sementes da planta sagrada muito utilizada não só em rituais religiosos do povo Bantu e Iorubá, mas também como ferramenta terapêutica. Registros remontam mais de 400 “receitas” para cura e magia.

Ao longo de 524 anos de história, Ewè Igbó, maconha ou cânhamo-verdadeiro, esteve presente no dia-a-dia do povo brasileiro. Dentro das rodas de samba, nos clubes diambistas e até mesmo dentro do candomblé é possível encontrar referências a essa erva, normalmente relacionada ao Orixá Esù 

Proibição

Ao mesmo tempo que todas essas manifestações culturais foram perseguidas pela política higienista, a planta também foi perseguida.

Leis como a “Pito de Pango” foram publicadas para evitar uma “contaminação” das camadas mais “abastadas” e brancas da sociedade colonial e imperial. Não faltam relatos históricos sobre a perseguição sofrida pela população negra durante toda a construção do ideal de nação.

Com o fim da escravidão e os avanços europeus no campo da ciência ocidental na segunda metade do século XIX, não houveram muitas mudanças, pois agora a política higienista utilizava do argumento científico para perseguir e invalidar o que veio de África. 

A medicina negra que coexistiu com a medicina científica branca foi perseguida, garantindo um monopólio e condenando o saber milenar sobre plantas medicinais e suas utilizações empregado por mães e pais de santo no processo de cura não só de seus filhos, mas de uma população que foi e ainda é perseguida de maneira velada. 

O que antes era visto como uma cura, foi perseguido e punido sobre a alcunha de feitiçaria, magia negra e macumba.  

A atuação no mercado hoje

A criação de mecanismos seculares por meio do Estado, garantiu que apenas médicos clínicos e sanitaristas regulamentados pelo mesmo pudessem aplicar meios curativos à população, extinguindo o cargo de curandeiro.

O potencial terapêutico da planta sempre foi conhecido, porém o eugenismo presente em nossa sociedade teve um papel fundamental para demonizar tudo o que veio de África, como seus termos, estilo de vida e sua própria existência. 

Ao longo de 136 anos após a libertação dos escravos, ainda enfrentamos diversos desafios como sociedade para o fim do racismo estrutural. A ciência teve um papel fundamental na construção do mesmo e hoje, ela tem o dever de corrigir os erros do passado, afinal um homem que conhece de sua história evita sua própria desgraça.

Nós, como trabalhadores do setor da cannabis, somos ferramentas ativas nessa batalha, não só de descriminalização, mas também de regulamentação, para garantir acesso a todo um povo que foi punido apenas por viverem suas crenças e costumes. 

Apropriar-se do termo maconha é resgatar a ancestralidade de cura envolvida nessa planta milenar que não só esteve presente em toda a história da humanidade mas que também auxilia na resolução de seus problemas.

Referências:

SAAD, Sylvia de Oliveira. Rituais de cura e encantamento: uma visão etnobotânica do Candomblé. In: Estudos Interdisciplinares em Etnobotânica. São Paulo: SciELO – Editora UNESP, 2021. Disponível em: https://books.scielo.org/id/xtmmc/pdf/saad-9786556302973-06.pdf. Acesso em: 16 jun. 2024.

História e ancestralidade: o uso da maconha pelos negros no Brasil. Elástica, 2021. Disponível em: https://elastica.abril.com.br/especiais/maconha-negros-historia-ancestralidade-cannabis. Acesso em: 16 jun. 2024.

Cannabis ou Maconha? Entenda as diferenças. Cannalize, 2021. Disponível em: https://cannalize.com.br//cannabis-ou-maconha-livro/. Acesso em: 16 jun. 2024.

https://cannalize.com.br/ewe-igbo-a-ancestralidade-da-cannabis-e-a-maconha/