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O estudo mostrou que mais de 1.700 pacientes substituíram medicamentos tradicionais por cannabis medicinal e relataram melhora significativa nos sintomas
Um estudo recente mostrou que quase dois terços de pacientes com doenças reumáticas nos Estados Unidos e Canadá trocaram medicamentos tradicionais, como anti-inflamatórios e opioides, pela cannabis medicinal.
A pesquisa, publicada na revista ACR Open Rheumatology, foi liderada por Kevin F. Boehnke, PhD, da Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan. Ela indica que essa substituição está associada a uma melhora significativa nos sintomas relatados pelos próprios pacientes.
Realizado com mais de 1.700 pacientes, o estudo mostrou que aqueles que substituíram medicamentos por cannabis medicinal relataram menos efeitos colaterais e melhor controle da dor, rigidez, espasmos musculares e inflamação.
Além disso, houve um aumento na sensação de bem-estar geral. Os métodos de consumo mais comuns foram a inalação (fumar ou vaporizar), e a preferência era por produtos com alto teor de THC (tetrahidrocanabinol), o principal composto psicoativo da cannabis.
Limitações
Os motivos mais comuns para a troca de medicamentos foram a busca por menos efeitos colaterais e um melhor controle dos sintomas. Os autores do estudo destacam que a mudança na legislação sobre a cannabis nos últimos anos permitiu uma maior abertura para o uso medicinal, incentivando mais pessoas a experimentarem essa alternativa.
No entanto, os pesquisadores ressaltam que o estudo tem algumas limitações. A natureza transversal da pesquisa não permite estabelecer uma relação de causa e efeito entre o uso da cannabis e a melhora dos sintomas.
Além disso, a amostra do estudo era composta principalmente por mulheres brancas mais velhas, o que pode limitar a generalização dos resultados para outros grupos demográficos.
Apesar dessas limitações, os resultados do estudo são promissores e indicam a necessidade de mais pesquisas para confirmar os benefícios da cannabis medicinal no tratamento de doenças reumáticas.
Os autores concluem que, embora os resultados sejam encorajadores, são necessários estudos mais rigorosos para estabelecer evidências sólidas e generalizáveis.
Consulte um médico
No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita. Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.
Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde a achar um prescritor até o processo de importação do produto através da nossa parceira Cannect. Clique aqui.
https://cannalize.com.br/pacientes-reumaticos-trocam-remedios-por-cannabis/ Cannabis ajuda na dor e na mente, segundo estudoA pesquisa ainda mostrou efeitos colaterais mínimos, reduzidos a sonolência e boca seca. Mais estudos precisam ser feitos
De acordo com um novo estudo feito com pacientes com dor crônica e problemas de saúde mental, a cannabis amenizou os sintomas das duas condições ao mesmo tempo.
O relatório, publicado no Journal of Pain and Palliative Care Pharmacotherapy, avaliou os efeitos da cannabis medicinal em 96 pacientes ao longo de um ano, com medições de dor, depressão, ansiedade e problemas de sono feitas em três, seis e 12 meses.
Os pacientes relataram não apenas menos dores, mas também experimentaram redução da interferência da dor em suas funções diárias. Além da diminuição do uso de medicamentos.
“Existem associações claras entre o início do uso de um produto de cannabis medicinal prescrito pelo paciente e melhorias na dor, saúde mental e dificuldades de sono”.
No entanto, o alívio oferecido pela cannabis pode não ser eterno. O relatório observou que ao final de 12 meses, alguns desses benefícios pareceram diminuir.
No geral, os resultados são encorajadores em relação ao tratamento de curto prazo da dor e dos sintomas de saúde mental, mas os efeitos de longo prazo, especialmente em termos de dor, parecem incertos.
Resultados
Depois de um ano, os efeitos benéficos foram relatados pela maioria dos pacientes. 91% disseram que sua dor estava pelo menos “um pouco melhor”, enquanto 3 em 4 disseram que estava “melhor” ou “muito melhor”.
Em termos de redução de medicamentos convencionais para dor, a maior redução foi vista no meio do estudo, com os efeitos parecendo diminuir na última metade do estudo.
Mas mesmo depois de 12 meses, mais da metade (55%) dos participantes relataram reduções no uso de medicamentos prescritos para dor, enquanto quase metade (45%) disse que estava tomando menos medicamentos de venda livre para dor.
Motivos
https://cannalize.com.br/estudo-cannabis-dor-saude-mental/ Descobrindo limites na fibromialgiaConhecer os seus contornos é fundamental
Uma das coisas mais importantes que você vai aprender a fazer por si mesma e pela sua saúde – física e mental – é descobrir e respeitar seus limites.
Essa história de “limite” é muito frequente entre pessoas com condições crônicas, em especial as invisíveis como a fibromialgia, mas, na prática, ela é um bastante complexa.
O que são exatamente esses limites? Como descobri-los? Como preservá-los?
Vou compartilhar com vocês uma história que aconteceu comigo, na esperança de trazer um pouco mais de clareza para o nosso papo de hoje.
O dia em que sentei no chão e chorei
Era uma vez uma menina que foi chamada para conhecer um parque aquático. Apesar de não ser o meu passeio preferido, aceitei a proposta. Estava visitando uma amiga em Ribeirão Preto, São Paulo, e pegamos a estrada para Olímpia, uma cidade a quase 2 horas de distância onde existe um parque famoso na região.
Eu não sei se vocês já tiveram a oportunidade de ir em parques assim, mas diria que a minha experiência foi um tanto quanto traumática. Entrar e sair da água o dia inteiro, filas longas e brinquedos que deveriam ter sérios avisos sobre riscos.
Para além do tranco na coluna que sofri em um dos primeiros brinquedos (pode rir), depois de um dia inteiro andando pra lá e pra cá, ali estávamos nós diante da atração mais esperada por todos: a montanha-russa aquática.
A fila estava levando em média duas horas. Duas horas, de biquíni, molhada, em pé. Se você que está aqui me lendo também tem fibromialgia, imagino que deva estar passando na sua cabeça: “oi??????”
Mas, naquela época, minha consciência sobre minha condição física e, naturalmente, meus limites, não era das melhores. O fato é que naquela fila eu vivi intensas emoções.
A começar pela visão tenebrosa das pessoas que disparavam em alta velocidade em seus botes, após serem atingidas por um forte jato de água que funcionava como “motor” do brinquedo. Eu só conseguia olhar e pensar: “e meu pescoço?”
Já estava há 1 hora na fila e fui ficando cada vez mais nervosa, morrendo de dor, percebendo a fadiga crescer a cada minuto.
Obviamente deixei a situação chegar no ponto em que já não aguentava mais ficar em pé, e enfim avisei que ia sair. Minhas amigas, muito queridas, acabaram saindo da fila comigo, o que também não me agradou nem um pouco.
Eu não queria estragar o passeio de ninguém. Ninguém tinha que lidar com os meus desafios, só eu.
Parece bobo, mas o estresse foi tanto que eu explodi. Sentei no chão, desolada, aos prantos, sabendo que ainda tinha que arrumar as coisas, me trocar, caminhar até o estacionamento e pegar 2 horas de estrada para chegar em uma casa que não era nem minha.
Para conhecer nossos limites, é preciso extrapolá-los
Bom, sobrevivi.
Assim como sobrevivi a muitas outras situações parecidas. Não foi a primeira vez que levei meu corpo ao extremo, nem a primeira vez que cheguei ao nível de chorar. Aliás, isso aconteceu de forma quase sistemática por anos na minha vida.
A dura verdade é que, muitas vezes, para saber até onde podemos ir, acabamos tendo que ultrapassar nossos limites. Só descobrimos nossos contornos quando atravessamos para o outro lado. Nessas situações, é importante ter estratégias de controle de danos.
Para onde você corre quando extrapola seus limites?
Quais são as coisas que te nutrem, te acalmam e te equilibram?
Como você se recupera quando chega no fundo do poço?
Banho quente, chás, meditação, terapia, um ombro amigo, comida afetiva, oração… Ou mesmo o uso de substâncias. No caso da fibromialgia, a gente sabe que as opções medicamentosas são escassas, especialmente na hora da crise. Para mim, um dos recursos mais importantes nesses momentos é a cannabis.
Canabidiol e THC funcionam muito bem no meu organismo para acalmar, aliviar a dor física, o estresse mental, e até para combater a fadiga.
Além do tratamento que faço diariamente com os óleos, a vaporização é como um kit SOS no meu dia-a-dia. Mas cada organismo reage de um jeito, e somente através da experiência você vai conseguir descobrir o seu.
O que podemos refletir com toda essa história?
Seu corpo tem as respostas. Ele sabe do que precisa e provavelmente já vem tentando se comunicar com você. Se você é um adulto, com certeza já viveu experiências suficientes para ter repertório.
Desenvolver a nossa “escuta” a esses sinais do corpo é um recurso importantíssimo para quem tem doença crônica.
Quando eu entrei naquela fila, meu corpo já começou a dar sinais de que não ia dar conta. Mas eu não consegui ouvir – não por mal e nem por descaso, mas pelo simples fato de que é muito duro ter que abrir mão dos nossos planos ao constatar as nossas limitações.
Em outros casos, somos pegos de surpresa. A fibromialgia é uma síndrome complexa com oscilações que nem sempre fazem sentido ou avisam com antecedência. Ainda assim, seu corpo vai se expressar de alguma maneira.
Para limpar esse canal de comunicação, além de estar atento, é necessário trabalhar a frustração e a aceitação, aprendendo a se fazer confortável na presença dessas sensações desagradáveis.
Quando desviamos nossa atenção ou quando tentamos desesperadamente resistir às coisas como elas são, a vida fica muito mais difícil.
Aceita que doi menos?
Apesar de achar essa frase horrível, o conceito aqui é um pouco nessa linha. Em sintonia com o que falei nos meus últimos textos, sobre os lutos e evitar abrir os braços para a vida como ela é agora, abrir os braços para a fibromialgia, com os sintomas como estão, é o começo de uma jornada mais leve com a doença.
E sim, talvez você precise de ajuda para passar por isso. Talvez você precise de muita terapia, muita coragem, muita força. Talvez precise aprender a aceitar o cuidado dos outros, como as minhas amigas saindo da fila para me fazer companhia. Pelo menos eu precisei.
Por fim, limites são dinâmicos. O que eu dou conta de fazer hoje não necessariamente vai ser o que dou conta de fazer amanhã. Em um dia posso escalar uma montanha, e no outro mal conseguir preparar o meu chá pela manhã. Um dia de cada vez.
Para os dias de luto e os dias de glória, o que nos norteia e nos mantém conectados às nossas necessidades é nada mais, nada menos, do que a presença. Estar presente vai ajudar você a entender, a cada minuto, o que você precisa e o que pode fazer, agora, para se cuidar com mais amorosidade e compaixão. Sempre.
Seguimos juntas.
Sobre as nossas colunas
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
https://cannalize.com.br/descobrindo-limites-na-fibromialgia/ Evitar a dor é evitar a vidaA importância de se permitir sentir
Eu costumava ser uma pessoa do tipo “não adianta chorar pelo leite derramado”. Se apareceu um problema, seja forte! Levante a cabeça, enfrente, resolva!
É de se imaginar que ali não havia muito espaço para sentir.
Sofri com a angústia e a ansiedade de tentar aniquilar sentimentos como tristeza e raiva por anos, até recentemente descobrir que chorar pelo leite derramado adianta, sim.
Com muito custo, entendi que está tudo bem e que é necessário sentir tristeza e raiva, assim como frustração, impotência, medo, culpa. É gostoso? Não. Mas faz parte.
Fibromialgia e comportamento de evitação
Bom, mas o que tudo isso tem a ver com a fibromialgia?
No contexto da dor crônica, é comum falarmos em “comportamento de evitação”. Ele diz respeito ao fato de as pessoas que sentem dor persistente passarem a evitar movimentos, atividades ou situações que acreditam que possam aumentar sua dor e, consequentemente, seu sofrimento.
Mas isso não acontece somente na dimensão física. É na dimensão psicológica, aliás, que começa a ficar mais perigoso.
A evitação psicológica envolve tentar suprimir ou ignorar emoções, pensamentos ou lembranças que são percebidos como difíceis de lidar. Na prática, a pessoa pode tentar “não sentir sentimentos negativos”; evitar falar, confrontar ou processar o sofrimento emocional associado à dor; ignorar ou minimizar a importância dessas emoções; ou tentar racionalizar a dor emocional a fim de não senti-la em sua totalidade.
Porém, emoções e sensações existem para serem sentidas e, fugindo delas, além de virarmos bombas-relógio, prestes a explodir, nos desconectamos de nós mesmos e passamos a evitar não só a dor, mas também a vida.
Aprendendo a dar lugar para a dor
Venho acompanhando a jornada da minha irmã com um quadro de dor crônica recente, que surgiu nos últimos 2 anos, e tenho aprendido muito.
Ela também é uma grande adepta da cannabis e, em uma de nossas últimas conversas, acompanhadas pelos efeitos relaxantes e reveladores do canabidiol e do THC, falamos sobre a importância de dar espaço para o sofrimento.
Assim como eu, ela também tem dificuldade para sentir. Na verdade, essa é uma questão bastante presente no nosso sistema familiar.
Conversamos sobre a beleza de chorar pelo leite derramado. Choramos juntas a morte de nossa avó. Ela me disse que, através desse luto, constatou a realidade de que chorar não resolve o problema, mas e daí? Não é para isso que choramos. Choramos, e ponto. Porque sentimos. Porque estamos vivos. Porque somos humanos.
Reprimir (ou tentar) a dor e as emoções é um trabalho mental exaustivo e infértil. Em vez de investir tempo com hábitos que nos nutrem, gastamos a pouca energia que nos resta tentando nos afastar de algo que não pode ser controlado.
Esse é um dos temas, inclusive, que trabalhei muito na Terapia de Aceitação e Compromisso, uma abordagem dentro da linha cognitivo-comportamental das mais recomendadas em situações de dor crônica.
O mais incrível de tudo isso é que, apesar de um pouco contra intuitivo, quando abrimos espaço para sentir a dor, ela perde um pouco da sua força.
Prevenir, pois remediar não é possível
Em Setembro Amarelo, damos visibilidade aos transtornos de saúde mental e conscientizamos sobre a prevenção do suicídio. Pessoas com fibromialgia podem ter risco até 10,5 vezes maior de morte por suicídio do que a população geral, e 3,3 vezes maior do que outros pacientes com dor crônica (ver referências).
Esse é meu tema de estudo no pós-doutorado e tenho me impressionado bastante com os dados que venho me deparando. A fibromialgia não é apenas uma síndrome complexa, é acima de tudo um quadro de saúde delicado que pode levar a consequências drásticas, quando não acolhida e encaminhada de forma correta.
Sentir é importante, mas precisamos de rede, de suporte. De alguém que possa olhar no fundo dos nossos olhos e dizer: eu acredito em você. Eu vejo você. Muitas vezes, precisamos também de apoio profissional para “aprender a sentir”.
Nesse mês, que possamos reconhecer e validar sofrimentos invisíveis e cuidar das fundações para que a vida continue a fluir – sem esquecer que saúde mental tem a ver com fisiologia, mas também com a cultura que estamos imersos, condição social e racial. Assim, que lutemos por acesso a cuidado e tratamento psicológico e psiquiátrico para todos.
Ofereça ajuda, quando puder. Procure ajuda, quando precisar. Setembro Amarelo é sobre todos nós.
Referências:
- Dreyer L et al. Mortality in a cohort of Danish patients with fibromyalgia: increased frequency of suicide. Arthritis & Rheumatology. 2010;62(10):3101–3108.
- Wolfe F et al. Mortality in fibromyalgia: a study of 8,186 patients over thirty-five years. Arthritis Care Res (Hoboken). 2011;63(1):94-101.
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https://cannalize.com.br/dor-sofrimento-sentimento-livia/ Os lutos da fibromialgiaSobre deixar o velho morrer e abrir espaço para o novo
“Tenho saudades de quem eu era antes da fibromialgia.”
Não saberia dizer quantas vezes ouvi essa frase, dita das mais variadas formas. O artigo de hoje é sobre um tipo diferente de morte: a morte de nós mesmos.
Recentemente tive uma perda muito significativa, que foi o falecimento da minha avó. Grande parte da minha infância – e da minha vida – se passou na casa da Dona Antônia. Entrar em contato com a dor e a profundidade desse luto me trouxe até o tema desta semana.
Do diagnóstico à primeira morte
Quando recebemos o diagnóstico de fibromialgia, muitas vezes não temos a dimensão do impacto desse acontecimento e o que ele, de fato, significa. Ainda não sabemos, mas uma jornada longa e árdua se inicia naquele momento.
Aquela personalidade que era mais viva em nós, o corpo com o qual estávamos acostumados, a percepção de nós mesmos, os limites, as prioridades, a disposição, os sonhos, o trabalho, as relações… tudo isso começa a mudar.
Uma parte de nós morre ali. Só que aceitar e deixar o velho ir é um processo lento e assustador.
Os 5 estágios do luto
Talvez você já tenha ouvido falar no modelo de Elisabeth Kübler-Ross sobre os 5 estágios do luto. São eles: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Apesar de serem descritos como estágios, o que eu acho mais curioso é que o processo do luto não é linear e migramos entre estes sentimentos de formas e intensidades variadas.
Tenho vivido esses estágios em relação à minha avó. E venho notando que, de certa forma, eles são muito parecidos com o que experienciamos diante de um diagnóstico marcante como a fibromialgia.
Percebo esses estágios claramente nas diversas pessoas que acompanhei ao longo dos últimos 7 anos de projeto De Bem Com a Fibro. Percebo também esses estágios em pessoas próximas a mim, que tiveram um diagnóstico recente de dor crônica.
Como não querer fugir diante da constatação de sentir dor para o resto da vida? Como não sentir raiva por uma situação tão difícil que foi imposta a você? Como não tentar negociar, reverter, fazer promessas para que aquele sofrimento vá embora? Como não se deprimir ao, finalmente, entender que aquela é sua nova realidade?
Porém, esses estágios doloridos e complexos não acontecem em vão. São eles os passos que nos levam para a paz que chega com a aceitação.
Morrer para renascer
Quando chegamos perto da aceitação, mais uma parte de nós precisa morrer. Quem morre agora é a pessoa que recebeu o diagnóstico. Ela não é mais você. Você já é outro, já é outra agora.
Claro, todos nós mudamos o tempo todo. Mas, para quem tem doença crônica, a mudança é compulsória e urgente – já que a resistência e o apego perpetuam nosso sofrimento.
É somente com a morte dessa pessoa inocente, que não sabia nada sobre sua condição, que se desesperou, se revoltou, que podemos seguir em frente. Entrar no estágio de aceitação é o momento mais libertador que você vai vivenciar na sua relação com a doença.
Nessa nova fase a doença existe, sim, mas ela já não define quem você é ou o que você faz. Ela faz parte, uma vez que é crônica, mas não é mais a protagonista.
Você reassume o controle. E desse lugar, apenas, é que podemos renascer. Talvez você se surpreenda com a pessoa que vai se tornar ou que, sem perceber, já se tornou. Flores bonitas podem surgir no meio da lama. É essa a parte que está nas suas mãos.
O novo só chega quando nos permitimos abrir mão do velho. Pense nisso.
Espero você para a próxima reflexão, no artigo seguinte. Um abraço e o meu desejo de que você encontre caminhos para fazer as pazes com sua condição, seja ela qual for.
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https://cannalize.com.br/os-lutos-da-fibromialgia/ Cannabis e opioides: qual opção é melhor? O ringue está posto: A cannabis medicinal versus opioides no tratamento da dor crônica não oncológica. Quem será que vence essa briga?Esse foi o tema de um estudo publicado na revista acadêmica BMJOpen, no início deste ano e tinha o objetivo de avaliar comparativamente os benefícios e os efeitos adversos dos opioides e cannabis medicinal no tratamento da dor crônica que não esteja relacionada ao câncer.
Para equilibrar a disputa, foi feita uma revisão sistemática e meta análise em rede, abrangendo 84 ensaios clínicos randomizados envolvendo 2.2028 pacientes, acompanhando durante 28 a 180 dias.
E a competição foi séria. Para fazer a comparação, foi utilizada a técnica Bayesian, meta análise no sentido de resumir as evidências científicas, além do Grading of Recommentations.
Hora da batalha
E assim, começa o primeiro round: As descobertas mostraram que os opioides e a cannabis medicinal oferecem melhorias modestas na intensidade da dor. No entanto, o principal diferencial foi nos efeitos adversos.
Os pacientes que utilizaram a cannabis medicinal tiveram significativamente menos probabilidade de abandonar o tratamento devido a efeitos adversos em comparação aos opioides.
No segundo round foi possível perceber que tanto os opioides como a cannabis medicinal podem ajudar na dor crônica, porém a cannabis não causa depressão respiratória, que pode resultar do uso de opioides e levar a uma overdose fatal.
Esta vantagem de segurança ressalta a importância da cannabis medicinal como opção no tratamento da dor crônica.
A conclusão do estudo veio como um nocaute: a cannabis medicinal é igualmente eficaz aos opioides e aos analgésicos tradicionais no tratamento da dor crônica não oncológica.
Contudo, foi menor o número de pacientes que descontinuaram o uso de cannabis medicinal por eventos adversos.
Estudo publicado na BMJOpen, em 3/01/2024
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