×

Notícias

São Paulo é o estado que mais importa produtos à base de cannabis no país



29/12/2022



São mais de 40 mil autorizações para a importação de algum tipo de produto feito com a cannabis

Foto: Freepik

Desde que as importações de produtos à base de cannabis passaram a ser legais no Brasil em 2015, o número de pacientes só cresce. 

De acordo com o último levantamento da empresa de dados Kaya Mind, foram mais de 90 mil pedidos de importações só em 2022. Mais que o dobro das solicitações do ano anterior. 

E parece que a maior parte destes pacientes estão em São Paulo. Segundo a pesquisa, a metrópole sozinha possui 40.403 pessoas com autorizações para importar cannabis. É uma pessoa a cada 1.155.

São pacientes ou responsáveis com indicação médica que utilizam o extrato da planta para o tratamento principal ou secundário de alguma condição de saúde. 

Processo de importação

Para importar é necessário ter uma receita médica e uma autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que precisa ser renovada a cada dois anos. 

Por causa da alta demanda, o órgão teve que revisar a resolução de importação três vezes. Hoje, a RDC 660 possui até uma lista de produtos pré-aprovados, que são liberados automaticamente. 

Ainda assim, o processo de importação chega a durar até 25 dias.

Acesso maior a médicos?

No Brasil, a cannabis é considerada um produto controlado, por isso, só pode ser importada com uma receita médica de um profissional habilitado, seja ele médico ou dentista. 

Isso vale também para produtos aprovados para a compra nas farmácias. 

Leia também: Cresce os produtos de CBD nas farmácias. Mas por qual motivo as pessoas ainda preferem os importados? 

Um dos motivos para o grande número de importações em São Paulo pode ser a alta concentração de médicos prescritores. Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro são os estados que mais há médicos que entendem de cannabis.

Sem contar com a alta taxa de empresas do ramo localizadas no estado paulistano. São Paulo também concentra 24 associações de pacientes, sendo 19 com CNPJ ativo. 

Mais de R$38 mi em judicialização

Por causa do alto preço, muitos pacientes recorrem aos tribunais para o custeamento do tratamento pelo convênio médico ou pelo SUS (Sistema Único de Saúde). 

De acordo com um requerimento de informação obtido pelo deputado estadual Sérgio Victor (NOVO-SP), os gastos com judicialização de produtos à base de cannabis em São Paulo ultrapassam R$38 milhões só nos últimos três anos. 

O aumento é expressivo. Para se ter uma ideia, só em 2021, foram quase R$20 milhões, um crescimento de 455% em comparação ao ano anterior. 

O número de processos é superior ao resto do país, em que São Paulo concentra 37% das ações de cannabis.

Você também pode querer ler: Fim do rol taxativo: entenda como isso influencia na judicialização de cannabis

De acordo com o documento, não há um orçamento específico para custear os produtos derivados da cannabis, pois as demandas judiciais “têm caráter de obrigação de atendimento pela Secretaria de Saúde”. 

Ou seja, o valor é suprido pelo orçamento anual da saúde do estado, que pode até mesmo ser readequado para atender as demandas judiciais. 

Projeto de lei 

Por isso, na última quarta-feira (21) os deputados da Assembleia Legislativa do estado aprovaram o projeto de lei 1.180/19, que visa a distribuição de produtos à base de cannabis em São Paulo. 

O projeto consiste em incluir no orçamento do estado a distribuição pelo SUS dos produtos já aprovados pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).

Agora, resta a sanção do governador do estado Rodrigo Garcia (PSDB). Caso ele não aprove até o fim do mandato, ou seja, até o final desta semana, o projeto vai para a mesa do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Conte com a gente 

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde achar um médico prescritor até o processo de importação do produto. Clique aqui.

Tags

Tainara Cavalcante

Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.