Cerca de 50 produtos importados à base de cannabis estão paralisados no Aeroporto de ViraCopos, na cidade de Campinas.
Segundo informações do portal A Ponte, o atraso afetou cerca de 80 pacientes que dependem do óleo para o controle de condições sérias, como epilepsia refratária, que é resistente a medicamentos.
Alguns pacientes, que fizeram a compra no dia 26 de fevereiro, estão preocupados com as consequências que a falta do óleo pode causar.
Questionada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse que os produtos ainda estão em análise e salientou que o procedimento está durando uma média de 10 dias úteis.
“A unidade da Agência que atua no Aeroporto de Campinas tem focado suas atividades na intensificação de medidas sanitárias de enfrentamento à Covid-19.” Respondeu por e-mail.
Contudo, os produtos chegaram na cidade paulista no dia 03 de março.
Importar produtos à base de cannabis não é fácil. Antes de tudo, é preciso ter uma autorização da Anvisa, em um processo que envolve prescrição médica, dados pessoais e laudo do paciente. Sem contar que as informações precisam ser atualizadas a cada dois anos.
Depois há também a burocracia da compra e a longa espera pelo óleo.
Contudo, embora não recorrente, óleos retidos pela agência ou pela polícia, infelizmente são uma situação comum.
Já contamos aqui dos problemas causados pelo atraso para duas mulheres que também dependiam do óleo.
Uma delas foi a Bruna Fernanda, que precisava do óleo para tratar o autismo dos seus filhos. O custo era alto, os gastos só com o mais velho chegavam a 115 mil reais ao ano.
Valor que subiu para 200 mil quando a carioca percebeu que os outros dois filhos precisavam da cannabis também.
Ela e o marido recorreram à justiça para custear o tratamento, mas os pagamentos vinham em atraso e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária também sempre segurava o medicamento.
No dia 18 de outubro do ano passado, a mãe que estava grávida de 8 meses do seu quarto filho, havia feito uma importação bastante cara do produto, mas ficou retida na Anvisa.
A mãe conta que foi até um dos postos e ficou das 14h às 18h30 tentando pegar o remédio. A preocupação no atraso do tratamento dos filhos acabou gerando um estresse, que resultou no nascimento prematuro do seu quarto filho, no dia 28.
O bebê morreu alguns dias depois e o medicamento só chegou em dezembro.
Constrangimento sofrido até por quem compra em solo nacional, através de associações. Como no caso de uma mãe, que não conseguiu receber o óleo da Associação de Apoio à Pesquisa e à Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi), porque foi retido na Polícia Federal.
Mesmo a encomenda contendo uma série de especificações estipuladas pela agência, o óleo de cannabis foi retido como “material suspeito”.
São por “dores de cabeça” assim, que muitas famílias ainda preferem comprar óleos artesanais ilegais, que são mais baratos e mais acessíveis.
No entanto, a opção pode ser perigosa, uma vez que a procedência do cultivo e da formulação são desconhecidos.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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