Mais conhecido como Rivotril, o clonazepam é um medicamento que pode ser utilizado para tratar várias condições, como transtornos psicológicos, espasmos e até crises epilépticas.
Isso porque ele tem uma ação de anticonvulsivante e relaxante muscular.
Propriedades que podem ser encontradas em fitofármacos à base de cannabis também. Então qual a diferença? Primeiro vamos entender os dois.
O Rivotril é usado para tratar ansiedade, transtornos de humor, síndrome do pânico, outras síndromes psicóticas, além de outras condições.
De uso contínuo, é um dos remédios mais consumidos no Brasil e já foi o segundo medicamento mais comprado por alguns anos consecutivos.
Uma curiosidade é que o Rivotril é o nome de uma marca, o seu nome fármaco é clonazepam.
Segundo o Sistema Nacional de Produtos controlados da Anvisa, em 2015 a marca chegou a um número de 37,9 milhões em vendas.
O mais assombroso é que o remédio só pode ser comercializado com receita médica, por isso, há uma parcela de responsabilidade por parte dos profissionais da saúde.
O Rivotril carrega uma série de efeitos colaterais, que podem ser até perigosos. Eles podem atingir até 5% dos pacientes. Tais como:
Apesar de ser usado em adultos e crianças, o Rivotril pode causar dependência física e até psicológica. E os sintomas de abstinência não são bons.
Fora as contra indicações. Pessoas com um histórico de alergias a remédios anticonvulsivantes, ansiolíticos ou qualquer remédio que cause inibição no sistema nervoso, devem passar longe.
Ele também deve ser evitado por pessoas com doenças graves de pulmão, fígado, que tenha intolerância a galactose ou deficiência de lactase e até por pacientes com glaucoma agudo.
O Rivotril também não pode ser usado por pessoas com sinais de depressão ou com pensamentos suicidas. O Álcool ou drogas também podem comprometer a eficácia do remédio.
Desde 2015, quando a cannabis terapêutica foi aprovada no país, muita gente começou a aderir ao tratamento alternativo, e o número só cresce.
Segundo a Coordenação de Controle e Comércio Internacional de Produtos Controlados (Cocic), foram mais de 5.100 solicitações de importação só até o mês de junho, 4.314 a mais que o ano todo de 2015, quando as importações começaram a acontecer.
Sobretudo para o tratamento da Epilepsia Refratária, conhecida por ser resistente a medicamentos.
Isso porque a cannabis tem o que chamamos de canabinoides. Estas pequenas substâncias também são produzidas pelo nosso organismo e são elas que ajudam a restaurar muitas funções do corpo.
Quando administramos a cannabis, os canabinoides da planta podem agir como os nossos. Por isso, eles podem ir para o Sistema Nervoso Central (SNC) modulando as funções neurológicas.
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Um canabinoide produzido pela cannabis sativa, chamado canabidiol (CBD), por exemplo, é capaz de controlar as descargas dos neurotransmissores, o que consequentemente pode reduzir tanto a intensidade das crises como a frequências delas.
Há casos de pacientes que relatam uma melhora já nas primeiras semanas, com uma redução cada vez menor de convulsões.
Outra vantagem é que os remédios à base de cannabis têm menos efeitos colaterais, há até quem não sinta nenhuma mudança.
Contudo, eles variam entre náuseas, diarreia, sonolência e até vômitos. Uma lista bem menor que o Rivotril, não?
Remédios à base de cannabis também não geram dependência. Eles são feitos com uma medida certa de canabinoides que não é a mesma da maconha.
Outra curiosidade é que estas substâncias são muito bem aceitas pelo organismo. Por isso, é praticamente impossível ter uma overdose.
Se a cannabis é um tratamento mais vantajoso, então será que ela pode substituir o clonazepam?
Conversamos com a neurologista Denise Lutf Pedra da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis (Sbec), que nos ajudou a entender um pouquinho mais sobre o assunto.
A primeira coisa que ela alerta é que a cannabis não é um tratamento sintomático como o Rivotril. Isso quer dizer que ele não tenta amenizar os sintomas.
“Quando usamos remédios, principalmente para dores crônicas, o que estamos fazendo é um controle de sintomas e não tratando especificamente a doença em si.”
Segundo a médica, o seu trabalho é reequilibrar o Sistema Endocanabinoide, que está prejudicando algumas funções do organismo.
Este sistema é encontrado em várias partes do corpo e ajuda a equilibrar a homeostase, ou seja, o equilíbrio das funções. É ele envia os canabinoides através do organismo, que ajudam a regular a fome, o humor, a sistema imunológico, e muito mais.
Os canabinoides da cannabis exercem uma função bem parecida com os nossos, funcionam como uma espécie de reforço que direto ao ponto, na raiz do problema.
Produtos de cannabis devem ser usados junto com o remédio. Portanto, pode-se tomar canabidiol junto com Rivotril.
A neurologista ainda acrescenta que não se trata de trocar um medicamento pelo outro, mas passar por um longo processo de adaptação.
O fitofármaco não tem uma dose específica. Por isso, provavelmente, o médico vai indicar uma dose bem baixa.
Caso não faça muita diferença, ele vai ir aumentando até alcançar uma resposta terapêutica aceitável.
Depois que a cannabis começar a trazer resultados, o Rivotril será retirado aos poucos.
“Quando falamos da Cannabis, estamos falando de uma substância que tem baixíssimo índice de efeito colateral, não são efeitos colaterais graves como estas outras drogas, principalmente as controladas. Uma substância, que independente de tratar um sintoma, está fazendo um reequilíbrio neste organismo, onde você vai tratar várias coisas, como transtornos de ansiedade, dor e etc.”
O uso de antidepressivos também pode ser feito junto à cannabis.
Agora, falando sobre o uso adulto, a mistura do Tetrahidrocanabinol (THC) junto ao remédio pode não ser bom. O componente é o responsável pelas reações psicotrópicas da cannabis.
Os canabinoides, (mesmo o canabidiol), inibem a atividade das enzimas CYP, que pode resultar na diminuição dos efeitos de alguns remédios. Entre eles, o Rivotril.
Isso pode resultar na não metabolização do Rivotril, o que pode causar o aumento da dosagem do medicamento. Segundo o médico-cirurgião Rafael Pessoa, as consequências podem ser refeitos colaterais do Rivotril ainda maiores e até a intoxicação.
Não vamos mentir, a maconha pode trazer problemas para a saúde das pessoas. No cérebro, a maconha afeta o equilíbrio, a coordenação motora, a postura e a noção do tempo, por um curto período em que o indivíduo está fumando, além da memória.
Porém, cabe ao paciente comparar o que é pior: os efeitos colaterais do Rivotril ou da maconha. (Mas como dito acima, usados separadamente, claro).
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além disso, pode te auxiliar na marcação de uma consulta, dar suporte na compra do produto até no acompanhamento do tratamento. Clique aqui.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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