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Histórias Reais

Professora relata o uso da cannabis na esclerose ‘me ajuda nas crises’



11/09/2024


Mesmo antes de descobrir a esclerose múltipla, Gabriella sempre usou a cannabis. O uso passou a ser mais significante quando ela passou a ver como um tratamento

Professora relata o uso da cannabis na esclerose ‘me ajuda nas crises’

Professora relata o uso da cannabis na esclerose ‘me ajuda nas crises’
Foto: Arquivo Pessoal

Hoje, Gabriella Zara, de 34 anos, está com parte do rosto paralizado, mas isso não a impede de falar. Inclusive, mal vê a hora da perícia do INSS para voltar a dar aulas em uma escola em São Paulo, cidade onde mora.

Há quatro anos a professora descobriu que tinha esclerose múltipla, condição autoimune que afeta o sistema nervoso. Mas parece que ela não se preocupa muito, pois tem uma arma-chave, que segundo Gabriella, faz toda a diferença: a cannabis. 

“Você não tem ideia de como ajuda, parece que segura as crises”, ressalta.

Descobrindo a esclerose múltipla

Mãe de dois filhos, Gabriella Zara conta que a doença se manifestou pela primeira vez em 2017. Começou com um formigamento no pé que subiu para a perna e de repente, se viu muito doente. 

Mas o diagnóstico não foi fácil. Os médicos diziam que era síndrome do pânico ou qualquer outro problema psicológico, mas não cogitavam uma doença autoimune. A professora precisou brigar até conseguir uma ressonância magnética para evidenciar o que ela já pensava.

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Isso porque a doença é considerada rara. Segundo o Ministério da Saúde, a condição afeta nove pessoas a cada 100 mil habitantes, por isso, os profissionais da saúde vão pensar em vários outros problemas até chegar na doença. 

Mas Gabriella era estudiosa, sabia dos seus sintomas.  Embora a condição seja mais conhecida por  causar espasmos, também causa uma série de outros sinais, como tremores, formigamento, perda do equilíbrio, paralisia, tontura e até problemas para controlar a bexiga. 

Uma doença sem cura

A doença afeta o sistema imunológico do corpo, atacando por engano os tecidos no sistema nervoso central, principalmente o cérebro e a medula espinhal. O próprio organismo ataca a mielina, uma substância gordurosa que forma uma capa protetora e isolante sobre as fibras nervosas.

Além disso, o dano pode se espalhar da mielina para as fibras nervosas. O prejuízo interrompe ou distorce o impulso dos nervos no sistema nervoso. Através disso, pode ocorrer uma variedade de sintomas, como os descritos acima.

Infelizmente a esclerose múltipla não tem cura e pode ser progressiva, fazendo com que o paciente vá perdendo o controle das próprias funções aos poucos. Na professora, está em um estágio remitente recorrente, ou seja, a doença vai e volta. Os sintomas aparecem, mas logo passam. 

Tratando a esclerose com cannabis

A professora faz uso da maconha desde os 14 anos, quando conheceu o seu primeiro namorado, pai do seu primeiro filho. Desde então, não parou de fumar. 

Contudo, segundo Gabriella, a primeira vez que ela ficou muito mal foi quando parou de usar a maconha. Durante os quatro meses que interrompeu o uso da planta, os sintomas afloraram de forma rápida. De repente, a professora já não conseguia segurar o xixi e o cocô. 

Por isso, resolveu importar o óleo feito de cannabis. “Quando eu pinguei o óleo na minha boca, eu senti um chã na cabeça. A minha recuperação  foi muito rápida”, acrescenta. “A planta me dá a sustentação de um corticoide, e o corticoide é uma bomba”.

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Neste último surto, em que o seu rosto ficou parcialmente paralisado, a professora conta que não sentiu praticamente nada. “Essa crise foi mais branda, eu não senti tontura, não senti formigar nada. Pegou o rosto, mas eu estava em um momento muito feliz,  eu estava nas alturas”, complementa.

Atualmente, Gabriella espera a chegada de mais um frasco de óleo feito da planta. Enquanto isso, vaporiza flores cultivadas por amigos. 

A cannabis realmente ajuda a tratar a doença?

A cannabis já é usada para tratar esclerose múltipla. Tanto que no Brasil, já há até um remédio nas farmácias feito com o THC (tetrahidrocanabinol). O composto é responsável pelo famoso “barato” da maconha. 

Isso porque a planta pode aliviar muito muitos sintomas relacionados à esclerose múltipla. Os efeitos antiinflamatórios dos chamados canabinoides, como o CBD (canabidiol) e do THC,  estão relacionados às suas habilidade de ser um supressor imunológico. 

Para entender melhor, é necessário saber que o corpo possui o Sistema Endocanabinoide. Presente em quase todo o organismo, ele é responsável pela homeostase, ou seja, o equilíbrio das funções do corpo.

Professora relata o uso da cannabis na esclerose ‘me ajuda nas crises’

Professora relata o uso da cannabis na esclerose ‘me ajuda nas crises’
Foto: Arquivo Pessoal

Através de canabinoides, produzidos pelo próprio corpo, eles sinalizam aos receptores que algo está errado e precisa ser corrigido. A grande vantagem da cannabis é que a planta também possui essas substâncias, que funcionam de forma semelhante. 

Essa característica se dá quando o receptor canabinoide é ativado, gerando um efeito estabilizador sobre os canais de voltagem que influenciam a resposta inflamatória. No caso de transtorno autoimune, isso pode ser benéfico na diminuição do avanço da doença.

 Consulte um médico

No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita. Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde a achar um prescritor até o processo de importação do produto através da nossa parceira Cannect. Clique aqui.

Tainara Cavalcante

Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.