Posso tomar CBD com outros medicamentos?

Posso tomar CBD com outros medicamentos?

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.

Ao contrário do que muitos pensam, a cannabis pode interagir com alguns medicamentos, resultando em efeitos colaterais .

A cannabis é conhecida por ser uma opção mais natural para o tratamento de diversas condições, além da quantidade mínima dos efeitos colaterais. 

Tanto que muitos pacientes usam a cannabis junto aos tratamentos convencionais, como uma espécie de complemento.

Mas será que a cannabis pode interferir em outras medicações? Conversamos com o médico-cirurgião Rafael Pessoa que nos ajudou a entender melhor.

Foto: Adobe Stock

Ação da cannabis no organismo

Antes de tudo, é importante entender que a cannabis funciona através do chamado Sistema Endocanabinoide, responsável pela regulação de várias funções do organismo a nível celular. 

Através de receptores, os canabinoides produzidos pelo próprio corpo ajudam a equilibrar sono, fome, sistema nervoso, sistema imunológico e entre outros. Se uma pessoa está com febre, por exemplo, são os canabinoides que sinalizam que a temperatura precisa abaixar.

A cannabis também possui canabinoides. que funcionam de maneira parecida aos nossos. É por esta razão que a planta é tão bem aceita pelo organismo.

Como acontece a interação 

O médico explica que a maioria dos remédios são metabolizados pelo fígado, assim como a cannabis. 

Contudo, com duas substâncias competindo pela metabolização, alguns medicamentos podem continuar na corrente sanguínea, o que consequentemente, afeta a decomposição dos compostos causando efeitos colaterais.

Essa é a razão para que produtos à base de cannabis possam interferir em antidepressivos e anticonvulsivantes, por exemplo. Quando o fígado não faz o trabalho direito, os remédios podem ir para a corrente sanguínea. 

Essa alteração pode aumentar o nível do remédio absorvido pelo organismo. Contudo, se os medicamentos são deixados no corpo por muito tempo, podem resultar em efeitos colaterais.

 Ação dos anticoagulantes

Algumas interações ainda são uma incógnita.

Segundo o médico-cirurgião Rafael Pessoa, ainda não há uma explicação sobre a interação da cannabis com anticoagulantes. Contudo, é certo que a cannabis pode interferir nos efeitos esperados do remédio.

Interação com a cannabis para o uso adulto

Apesar de efeitos diferentes, as substâncias presentes na cannabis medicinal são praticamente as mesmas da cannabis recreativa. 

Por isso, a interação da maconha com outros medicamentos também requer cuidados. 

 Os canabinoides da planta inibem a atividade das enzimas CYP, que pode resultar na diminuição dos efeitos de alguns remédios. 

Lista de medicamentos 

Em 2020, a Universidade de Medicina da Pensilvânia divulgou a lista de 57 medicamentos que podem interagir com a cannabis medicinal. As consequências podem variar de problemas no fígado à trombose.

Isso não quer dizer que a cannabis é perigosa, mas o excesso pode trazer alertas. Segundo os autores do estudo, o professor e diretor de farmacologia Kent Vrana e o farmacêutico Paul Kocis,  eles fazem parte da “margem terapêutica estreita”. 

Ou seja, qualquer alteração em seus efeitos pode ocasionar sangramentos ou trombose. 

Lista de medicamentos:

  • acenocumarol (VKA)
  • alfentanil
  • aminofilina
  • amiodarona
  • amitriptilina
  • anfotericina B
  • argatroban
  • busulfan
  • carbamazepina
  • clindamicina
  • clomipramina
  • clonidina
  • clorindiona (VKA)
  • ciclobenzaprina
  • ciclosporina
  • etexilato de dabigatrana
  • desipramina
  • dicumarol (VKA)
  • digitoxina
  • dihidroergotamina
  • difenadiona (VKA)
  • dofetilide
  • dosulepina
  • doxepina
  • ergotamina
  • esketamina
  • etinilestradiol (contraceptivos orais)
  • etossuximida
  • biscoumacetato de etila (VKA)
  • everolimus
  • fentanil
  • fluindiona (VKA)
  • fosfenitoína
  • imipramina
  • levotiroxina
  • lofepramina
  • melitraceno
  • meperidina
  • mefenitoína
  • ácido micofenólico
  • nortriptilina
  • paclitaxel
  • fenobarbital
  • fenprocumon (VKA)
  • fenitoína
  • pimozida
  • propofol
  • quinidina
  • sirolimus
  • tacrolimus
  • temsirolimus
  • teofilina
  • tiopental
  • tianeptina
  • trimipramina
  • ácido valpróico
  • varfarina (VKA)

 

Além desses, há também outros 139 remédios que podem ocasionar interações. 

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