Hoje eu vim celebrar a linha de frente da luta da Cannabis Medicinal no Brasil: as mãeconherias. Isso. Mulheres que passaram por um processo imenso de desconstrução em relação à maconha para garantir a sobrevivência e a qualidade de vida de suas crianças.
Tive a chance de contar muitas histórias de mães que viveram esse processo com seus filhos. É forte na minha memória a voz embargada de muitas delas ao relembrar as dezenas e até centenas de crises que seus filhos e filhas tinham durante apenas um dia.
Imagina viver com a morte rondando o ser que você mais ama nesta vida? Essa situação é inimaginável para mim como mãe.
Porém, essa voz embargada mudava de nuance quando começavam a falar sobre os benefícios da Cannabis na vida da criança e também de toda a família. Aquele contato visual que elas foram desencorajadas a sonhar perante os diagnósticos e prognósticos dados pelos médicos, aquelas palavrinhas tão esperadas vindo depois de anos de silêncio, aquela interação na escola que não acontecia e deixava um vazio no peito de cada mãezinha que só queria uma vida digna para aquele ser tão indefeso, a amorosidade que surgia depois de cenas de violência e autoflagelação…são tantos os relatos emocionantes que ouvi.
Meu primeiro contato com essas mulheres foi na cobertura de uma Marcha da Maconha, que fui cobrir na minha época de repórter. Lembro de chegar e ver uma linha de frente diferente dos anos anteriores.
Eram famílias inteiras com crianças em cadeiras de rodas, que dividiam espaço com a fumaça dos baseados acesos em meio a avenida Paulista, na frente da polícia, num lindo e ato de desobediência civil.
Elas estavam ali lutando pelo acesso à única chance que realmente seus filhos tiveram de ter qualidade de vida. Afinal, não é hortelã, camomila ou outra planta que ajuda a tratar doenças, é a maconha. Portanto, não é uma escolha carregada de rebeldia barata contra o sistema. É, muitas vezes, a ÚNICA opção.
Hoje, essas mães seguem à frente da luta pelo amplo acesso à Cannabis medicinal de forma cada dia mais organizada. Elas encabeçam ONGs, startups, discussões, grupos, associações e tantos outros movimentos da sociedade civil.
A maconha é uma planta feminina. Não tinha como ser diferente. É a força bruta da mulher.
Parabéns a todas às mães, sejam biológicas ou não. Não importa. Nunca importou. A Cannabis é manifestação do amor, do cuidado e do acolhimento e um símbolo da força maternal na luta pela descriminalização no Brasil e no mundo.
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Carol Apple
Caroline Apple é jornalista especializada na cobertura de Cannabis. Trabalhou em veículos como Folha de S.Paulo, Agora SP, R7 e UOL. Foi repórter do Sechat, onde adentrou para o universo da cannabis, atuando posteriormente na comunicação de diversas empresas do ramo. É uma entusiasta da planta e de todo o seu potencial terapêutico, além de acreditar no cânhamo como o futuro da indústria como uma forma de colaborar com a regeneração da Terra.
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