Óleo de Canabidiol no tratamento de autismo

Óleo de Canabidiol no tratamento de autismo

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Você já deve ter ouvido falar do Transtorno de Espectro do Autismo (TEA), mais conhecido como autismo. Segundo o CDC (Center of Deseases Control and Prevention) uma em cada 110 pessoas são autistas no mundo. Com isso, podemos presumir que no Brasil exista cerca de dois milhões.

Apesar das estimativas, o Brasil não possui um número exato, nem dados oficiais. Mas a quantidade é considerável só no estado de São Paulo são 300 mil ocorrências. Apesar de existir a muito tempo, ela só passou a ser considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como uma síndrome em 1993. E só em 2013 o termo “Espectro Autista” foi incorporado, visto que há uma variedade de autismos.

Mas o que é autismo?

De maneira simples, o autismo é um transtorno neurológico que causa déficit na comunicação social, que pode envolver dificuldades com a socialização, conversa e comunicação não verbal. E ou também um déficit no comportamento, como movimentos repetitivos e interesses restritivos. Na maioria das vezes, autistas que têm certa deficiência intelectual podem não ter comportamentos repetitivos e vice versa.

A doença pode ser causada por uma série de fatores internos ou externos, como exposição a metais pesados ou tóxicos antes ou durante a gravidez, sistema deficiente de neurônios, que prejudicam algumas capacidades comandadas pelo cérebro e até fatores genéticos, um estudo realizado ano passado, mostrou que a genética é uma das causas decisivas, entre 97% a 99%, sendo 89% hereditários e ligados aos genes.

É sempre importante lembrar que a síndrome não é causada por “rejeição inconsciente” dos pais, maus cuidados e muito menos por vacinas. Este boato surgiu a partir de um estudo de baixa qualidade que já foi desmentido.

Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor é o tratamento. Hoje, é possível identificar se uma pessoa é autista ainda criança. Geralmente, os primeiros sintomas aparecem a partir dos dois anos de idade, na maioria dos casos, eles aparecem como:

  •         Dificuldade em se comunicar com as pessoas;
  •         Forte interesse em atividades específicas;
  •         Movimentos repetitivos e fixos;
  •         Dificuldade em se comunicar;
  •         Dificuldade de entender alguns aspectos da comunicação não verbal, como entonação da voz, gestos e expressões faciais;
  •         Não responde ao ser chamada;
  •         Isolamento.

Há diversos graus de autismo, leve, médio e grave.

Infográfico sobre os níveis de autismo

O autismo não tem cura, a melhor forma de tratamento é a intervenção comportamental precoce e intensiva, que pode ser feita multidisciplinarmente por psicólogos, neuropediatras e fonoaudiólogos, que trabalham nas áreas específicas para cada dificuldade. Outra alternativa que pode ajudar também são grupos de habilidades socais, para desenvolver a interações e melhorar o comportamento social.

O uso da cannabis para o tratamento

Não há remédios especificamente para autismo, o que existe são medicamentos para os problemas causados pela síndrome, como remédios para ansiedade, hiperatividade, ataque de raiva, impulsividade e mudanças de humor.

O uso da cannabis no autismo começou depois que perceberam a eficácia da planta no tratamento de epilepsia refratária. Embora distintas, as doenças estão relacionadas, estima-se que 30% dos autistas também sofrem de epilepsia.

Diversas pessoas relataram uma melhora considerável após o uso do óleo de canabidiol, que se mostrou mais eficaz que muitos tratamentos convencionais. As mães perceberam a diminuição da ansiedade, irritabilidade, insônia e agressividade. O que despertou a curiosidade de pesquisadores para entender a fundo.

Em 2018, a Elsevier realizou um estudo sobre o uso do canabidiol no tratamento de autismo, com pesquisas pré-clínicas e clínicas. O objetivo era entender o envolvimento do sistema endocanabinoide e o neurodesenvolvimento nas desordens físicas e mentais, além de saber se o CBD era seguro e eficaz para o tratamento.

O óleo não se mostrou um santo milagroso, mas sim um suporte para diminuir alguns sintomas. A pesquisa relatou que o canabidiol pode ter algumas propriedades pró sociais em estudos pré-clínicos, mas os estudos não são suficientes.

O óleo de cannabis pode servir como como Monoterapia (terapia com um medicamento de cada vez) para algumas reações do autismo, como distúrbio do sono, TDAH, ansiedade e convulsões. Mas os efeitos para o comportamento aditivo, distúrbios cognitivos ou humor e agressividade foram muito baixos.

No entanto, o artigo deixou claro que os benefícios do canabidiol para o autismo ainda não são comprovados, pois as evidências são indiretas.

Ação no cérebro

Em um outro artigo publicado na revista científica Nature, 188 pacientes de TEA foram tratados com a cannabis medicinal por dois anos (2015-2017). A maioria dos pacientes recebeu uma dosagem com 30% de CBD e 1,5% de THC. A coleta dos dados foi feita antes de começar o tratamento, um mês após o início e seis meses depois.

O estudo foi estruturado através de relatos de observação dos pais e cuidadores, além de avaliações subjetivas sem um grupo de controle. Por isso é importante lembrar que o uso da cannabis para o tratamento de autismo não é efetivamente comprovado.

Infográfico pesquisa sobre cannabis no tratamento de autismo

Em 2019 foram desenvolvidos diversos estudos ao longo do ano sobre o uso da cannabis no tratamento de autismo. Em janeiro e maio, os pesquisadores buscaram entender os efeitos do canabidiol a longo prazo.  Para isso, os pacientes do estudo passaram por uma espectroscopia de ressonância magnética, que mostrou que o sistema de inibição e excitação dos autistas responde de forma particular, o que resultou em mais estudos.

Infográfico sobre uma pesquisa de cannabis no tratamento de autismo

Outras duas pesquisas realizadas em setembro e outubro relataram os mesmos resultados de melhorias, principalmente no sono, nos déficits  de comunicação e convulsões. Mas o que mais chamou atenção foi as melhoras cerebrais que antes não haviam sido exploradas. Mais um exame de ressonância magnética nos pacientes mostrou que o óleo de CBD melhorou significativamente algumas atividades cerebrais em locais específicos. 

O exame magnético foi feito também em pessoas sem TEA e não mostrou alterações com o uso do canabidiol. Isso prova de certa forma que o produto tem o poder de alterar atividades cerebrais em áreas afetadas do autismo.

A neurologista pediátrica israelense Orit Stolar ressalta que ainda é preciso mais estudos, pois as reações podem ser diferentes nos organismos de cada um. “Não é 100% exitoso. Tenho pacientes que usaram e foi um sucesso. Com outros, foi um desastre. Depende dos pacientes e do que se está dando. Há um tempo de ajuste até chegar ao princípio ativo ideal, se é CBD, ou THC, e em que dosagens? Também há diferenças entre fornecedores. Não é simples.” Relatou em uma entrevista ao O Globo.

O CBD

O óleo de canabidiol é usado no tratamento de diversas doenças  e também serve como analgésico para dores crônicas, inflamações, câimbras, dores musculares, asma e muito mais. Ele ficou popular por ter mais resultados que muitos tratamentos, principalmente de epilepsia e Alzheimer.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o óleo de canabidiol é seguro. O CBD extraído da planta, não é psicoativo, ele age no sistema endocanabinóide, melhorando a homeostase (capacidade do organismo de se manter constante). As pessoas que consomem relatam o alívio dos sintomas e uma leve sonolência.

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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