Lubrificantes de cannabis já são conhecidos lá fora, sobretudo em países onde o uso da cannabis é mais amplo, como Estados Unidos e Canadá. Contudo, a fama destes produtos têm crescido aqui no Brasil também.
Como no caso da advogada recém-formada Litza Aoni, do Espírito Santo. Ela vivia apenas do auxílio emergencial e encontrou por acaso uma forma de ganhar dinheiro com a cannabis.
Já contamos a história dela aqui. Litza já utilizava um lubrificante feito de canabidiol (CBD), parte da cannabis que não produz efeitos alucinógenos. Produto que comprava pela internet, mas o frete era bem caro.
Por isso, ela resolveu encomendar junto com algumas amigas, para economizar. Quando percebeu, já estava revendendo o produto e ganhando uma renda extra.
O uso dos lubrificantes virou assunto até da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em setembro do ano passado, mais um produto à base de cannabis foi aprovado no Brasil. Contrariando as expectativas, ao invés de um óleo para o tratamento de alguma doença, o produto aprovado foi uma espécie de lubrificante para mulheres que sofrem com dores durante o sexo.
O gel de cannabis da empresa GreenCare não pode ser comprado nas farmácias, mas disponibilizado através de importação.
Ele foi desenvolvido para a parte periférica por conta da sua ação analgésica e anti-inflamatória.
A empresa garantiu que o produto não é um lubrificante, mas um remédio específico que precisa ser comprado com prescrição médica.
Primeiro é importante entender que eles não têm o poder de “dar barato”, essa ação só pode acontecer ao ingerir a cannabis por fumo ou na comida. Além disso, as substâncias contidas nos lubrificantes são em quantidades muito pequenas para causar qualquer tipo de reação.
Eles aparecem como tópico e spray e são uma boa opção para mulheres que preferem produtos veganos. Há relatos que é até comestível.
Os lubrificantes são resumidamente uma mistura de óleo de coco com e a cannabis descarboxilada, um processo que ativa os canabinoides da planta. Pequenas moléculas responsáveis pelos efeitos da cannabis no organismo, como o CBD, por exemplo.
Presente em várias partes do corpo, a parte íntima feminina também possui receptores canabinoides, que podem interagir com os ativos da planta.
Quando uma mulher experimenta excitação sexual, o sangue corre para o clitóris e vagina, dando abertura, alongamento e lubrificação.
Da mesma forma, os lubrificantes de cannabis também aumentam o fluxo sanguíneo. Esse efeito de vasodilatação é também a mesma razão pela qual os olhos das pessoas que fumam maconha podem ficar avermelhados.
Diferente do que se pensa, a sua ação não é invasiva e nem desconfortante. Esse aumento da circulação auxilia o relaxamento muscular, funcionando como um lubrificante natural.
Pessoas que já experimentaram esse tipo de produto com o tetraidrocanabinol (THC) alegam que ele ajuda a aumentar o apetite sexual, normalmente sem provocar efeitos psicoativos perceptíveis.
No segmento há até produtos feitos especialmente para essa finalidade, prometendo prazeres intensos.Contudo, parece que eles não têm o potencial para ser estimulantes.
Segundo um estudo publicado no Sexual Medicine Reviews em 2015, por exemplo, mostrou que um lubrificante conhecido nos Estados Unidos, o Foria, vendido com este objetivo, não tem qualquer comprovação científica que cause efeitos a mais que a lubrificação.
Contudo não é uma hipótese a ser descartada. Pesquisas que estudam a relação da cannabis e o sexo são bastante escassas. O que temos são pequenos fragmentos para nos apoiar.
Como por exemplo, um estudo feito na Faculdade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que mulheres que fumam maconha com mais frequência podem ter orgasmos mais fortes.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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