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Histórias Reais

Mesmo amputado, paratleta participa de competições até com pessoas sem deficiência



12/01/2023


Embora tenha conhecido os benefícios medicinais da cannabis bem depois, o paraesportista nunca deixou de utilizar a planta

Foto: Arquivo Pessoal

Esportista desde moleque, Rodolfo Tavares surpreendeu muita gente quando perdeu uma das pernas há quase cinco anos. Um mês após a amputação, Tavares voltou a nadar e passou a buscar novas formas de praticar esportes.

Atualmente, o esportista participou da final de um mundial paradesportista praticando jiu-jitsu.

Sempre que participa de eventos como esse, ganha na maioria das vezes. 

A cannabis já fazia parte da sua vida através da maconha pelo uso adulto. O uso medicinal surgiu depois, como uma espécie de complemento para ajudar na recuperação física. 

Hoje, tanto o óleo quanto a pomada à base de cannabis fazem toda a diferença na vida do paratleta de São José dos Campos (Interior de SP).

Pulando a fase de aceitação

Em janeiro de 2018, Tavares levou um tiro na perna durante uma ação policial. O paradesportista ficou internado por 15 dias tentando recuperar o membro, chegou a fazer duas cirurgias, mas, infelizmente, não foi possível salvar a perna. Mas o impacto da notícia rapidamente se transformou em garra para seguir em frente.

“Quando o médico me falou que tinha que amputar, eu disse ‘sem problema, vou virar atleta paralímpico’”, conta.

Tavares não esperou nem a recuperação para voltar às atividades. Com um mês após a perda do membro, ele já estava nadando na represa com colete salva-vidas e, depois de 45 dias, já tinha se matriculado na natação. 

“Eu acho que não passei por aquela fase de aceitação, me acostumei logo. A cannabis me deu forças para enfrentar tudo da melhor maneira”, acrescenta. “O esporte era o meu calmante, meu médico, psiquiatra, me salvou.”

Sem judô?

Porém, uma das coisas que o deixou meio abalado, foi o fato de não existir uma categoria no parajudô para amputados. 

De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, só há competições de judô para deficientes visuais, que é dividido entre peso e cegos totais ou parciais. 

Tavares até tentou outros esportes como o vôlei sentado, mas ainda queria voltar para o judô. Foi então que ele partiu para o jiu-jitsu, que se assemelha um pouco à modalidade. 

Mas, ainda assim, não abandonou o seu primeiro amor esportivo.

Rodolfo continua praticando judô com pessoas sem deficiência na mesma academia que praticava antes e sua deficiência não abalou sua performance.

Sem limitações

O paratleta não pensava nas limitações que enfrentaria sem uma parte da perna. Só percebia as dificuldades depois, quando já estava fazendo. Segundo Tavares, isso deu forças para não se limitar e viver uma vida comum. 

“Quando eu começava uma coisa, eu nunca pensava no que eu não podia fazer, tudo que eu pegava eu fazia. Se a gente tiver o pensamento de que não vai conseguir, a gente não consegue”, acrescenta. 

Questionado sobre uma dificuldade maior que poderia ter com atletas sem deficiência, Tavares diz que acha as competições até mais “justas”. 

Isso porque a escassez de paratletas acaba afetando o nível das competições, em que esportistas com categorias e pesos diferentes precisam competir entre si. 

Foto: Arquivo Pessoal

Uso da cannabis como tratamento

Rodolfo Tavares nunca pensou em utilizar o óleo e nem sabia que existiam pomadas e outros produtos feitos com a planta até ver uma empresa de cannabis patrocinando um brasileirão de jiu-jitsu no Rio de Janeiro para paratletas.

“Eu pensei que tinha que me aproximar deles, ter mais informações sobre a cannabis, saber como conseguir uma receita”, diz.  

A empresa que ele fala é a USA Hemp, uma produtora de cannabis que fica nos Estados Unidos, mas tem fundadores brasileiros.

No Brasil, a marca costuma patrocinar atletas e eventos através de uma seleção por peneiras, a fim de difundir o conhecimento sobre a planta no país.

Tavares passou em uma dessas peneiras e conseguiu ser patrocinado pela empresa.

Benefícios

A cannabis passou a ser legal em 2015, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a importação de produtos à base da planta.

Desde então, os órgãos responsáveis vem aprovando algumas resoluções para administrar a crescente demanda de pacientes que optam pelo tratamento canábico. 

Atualmente, já é possível comprar não só o óleo, mas também cremes, tinturas, gummies, adesivos e até flores.

Os tópicos, por exemplo, têm sido uma grande aposta para esportistas, pois age diretamente na área machucada. Já o óleo também ajuda a melhorar o sono e a recuperar  musculatura.

“Eu não sabia que tinha outros produtos, como a pomada que serve para lesões, ainda mais que eu faço tanta força andando de cadeira de rodas, que acabo extrapolando. Passo a pomada e tomo o óleo para e durmir tranquilo e acordar renovado”, acrescenta.

Foto: Arquivo Pessoal

Consulte um médico 

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar na marcação de uma consulta com um médico prescritor, passando pelo processo de importação do produto até o acompanhamento do tratamento. Clique aqui.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.