É possível falar sobre interação medicamentosa com cannabis?
Foto: Envato
Sabe-se que o tratamento com cannabis é complexo e individualizado. Cada componente da planta (fitocanabinoide) tem propriedades medicinais diferentes, porque interagem com diversos receptores canabinoides do organismo.
Segundo o diretor médico da Cannect, Dr Rafael Pessoa, inúmeros fatores podem interferir na escolha dos produtos, e dois desses fatores são: sintomas e medicamentos já utilizados para outros tratamentos. Dessa forma, é importante considerar produtos à base de cannabis que não atrapalhem outros tratamentos que já estejam sendo feitos.
Outros exemplos de fatores que podem influenciar na eficácia da terapêutica são: predisposição genética, metabolismo e capacidades do sistema endocanabinoide de absorver os fitocanabinoides.
Os dois componentes da planta mais conhecidos são o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), estes estão presentes em grande parte dos produtos de cannabis medicinal. O CBD possui efeitos ansiolíticos e antipsicóticos, enquanto o THC pode ajudar na diminuição das dores e controle de náuseas, por exemplo.
Se combinada com outras terapêuticas, a cannabis pode ser uma solução adjuvante para o tratamento do câncer, em especial para as dores causadas pela doença. Além disso, sabe-se que o uso excessivo de opioides traz muitos efeitos colaterais e os fitocanabinoides podem entrar como opções mais seguras.
Leia mais: Cannabis medicinal pode substituir um tratamento com opioides?
Cabe ressaltar que embora os estudos sobre a planta estejam crescendo mundialmente, existem alguns efeitos colaterais que podem mudar de pessoa para pessoa. Portanto, é importante que o tratamento comece com um profissional de saúde que poderá prescrever a dosagem correta e o tipo de produto.
Um estudo in vitro aponta que a cannabis pode ser benéfica para o tratamento do câncer de próstata. O canabidiol pode ajudar na eliminação das células cancerígenas, assim como inibir a proliferação dessas células e a angiogênese, que é o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam os tumores.
Canabidiol para cuidados paliativos? Descubra mais no e-book da Cannalize!
Saúde mental
A cannabis também pode ser benéfica para quem utiliza medicamentos para distúrbios mentais. Os antidepressivos modulam alguns neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, enquanto os fitocanabinoides podem aumentar a produção de anandamida.
O uso do CBD estimula também os neurotransmissores clássicos e produzir a sensação de euforia e felicidade. Com isso, pode ser uma alternativa para o tratamento de depressão e ansiedade, e reduzir os danos.
Pensando nas interações medicamentosas, um estudo publicado no jornal “Medical Cannabis and Cannabinoids” mapeou uma lista com 57 substâncias que poderiam ser combinadas com a planta. Foram avaliados quatro produtos à base de cannabis e com base nos dados dois fármacos foram considerados impróprios:
Valproato
Outro medicamento prescrito para epilepsia é o valproato. Utilizar o canabidiol com o remédio pode aumentar os níveis enzimáticos no fígado e causar danos no órgão.
São produtos exclusivos para uso medicinal que podem ser derivados de diversas substâncias. Eles são divididos em subclasses farmacológicas: espectro completo, que contém todos os fitocanabinoides, terpenos e flavonoides; espectro amplo, que possui todos menos o THC; e os isolados, que apresentam apenas um componente no produto.
Andrei Semensato
Jornalista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Produz conteúdos sobre Política, Saúde e Ciência. Também possui textos publicados nos blogs da Cannect e Dr. Cannabis.
Inscreva-se grátis na nossa Newsletter!
Copyright 2019/2023 Cannalize – Todos os direitos reservados
Solicitação de remoção de imagem
Termos e Condições de Uso